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Estiagem no Cerrado piauiense já provoca perdas de até 35%

Enquanto as chuvas causam preocupação aos agricultores, o atual cenário econômico do Brasil traz incertezas a estes trabalhadores.

 A falta de chuva no Cerrado vem causando prejuízos aos agricultores do Piauí. Pelo terceiro ano consecutivo, a seca vem castigando as lavouras e preocupando o homem do campo. A previsão da Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semar), é que a pouca chuva que vem caindo em alguns pontos do Estado, diminua ainda mais nos próximos dias, e uma das consequências dessa insegurança hídrica, são as perdas nas plantações de soja, que estão concentradas no Cerrado.

A estimativa do fiscal do Ministério da Agricultura, Alonso Lamas não é favorável aos produtores da soja, a previsão é que ocorra a perda de 30% a 35% na safra do produto neste ano. “O El Niño trouxe ao Piauí as chuvas no tempo errado, e agora que os agricultores estão precisando dela, a chuva está parando. As incertezas climatológicas já vêm afetando os produtores há três anos consecutivos, esse ano as perdas podem chegar até a 35%”, explicou ao GP1.
Imagem: Divulgação/Governo do Estado Cerrado piauiense(Imagem:Divulgação/Governo do Estado )Cerrado piauiense
Já para o presidente da Federação dos Agricultores, Paulo Emílio, o Caú, a situação não é tão assustadora. Para ele, as perdas não chegarão nem a 20%. “As perdas são em decorrência da falta de chuva, mas são bem menores comparados ao ano passado. Ela não chega nem a 20%”, comentou.

Mas toda essa certeza, não tranquiliza os mais afetados com a situação, os agricultores. De acordo com o senhor Roberto, produtor de soja da cidade de Uruçuí, as perdas nas lavouras podem ser superiores até mesmo ao número estimado pelo Ministério da Agricultura. “A perda já está em 25%, mas se as chuvas não voltarem esse número pode ser bem maior”, afirmou.

A produtora Telma Magnelli, da cidade de Bom Jesus foi mais cautelosa ao afirmar que ainda não é possível falar em perdas. “Ainda tá muito cedo pra falar sobre isso. Ainda tá chovendo, pouco, mas ainda está. Eu prefiro aguardar mais um tempo pra falar sobre perdas”, comentou.

Alonso Lamas ressalta que a ajuda do Governo, através do programa Garantia Safra, não consegue absorver todos esses prejuízos nas lavouras. “O programa não atende todo o Estado, tem muita área de aptidão, só algumas áreas recebem o incentivo. Contribui e ameniza a situação, mas está longe de ser uma solução”, garantiu.
Imagem: Divulgação/Embrapa Plantação de soja no sul do Piauí (Imagem:Divulgação/Embrapa )Plantação de soja no sul do Piauí 
Enquanto as chuvas causam preocupação aos agricultores, o atual cenário econômico do Brasil traz incertezas a estes trabalhadores. A soja que é vendida em dólar também vem causando prejuízos a estes produtores. Com a sua valorização, o trabalhador ganha de um lado e perde do outro, pois ele vende com o preço valorizado, mas em compensação compra os insumos que também são vendidos em dólar, com o valor bem mais alto.

Outro problema gerado com a crise são as demissões do homem do campo. Alonso Lamas afirma que o pequeno agricultor será o mais atingido com as consequências da crise. “Este ano, os agricultores ainda não estão sentindo tanto o peso da crise, mas no próximo ela deverá afetar o campo. A crise no Governo, o dólar do jeito que está, tudo isso trazem muitas incertezas a estes trabalhadores. Isso tudo influencia no PIB do Estado, no crescimento do País. As taxas de desemprego aumentam até mesmo no campo, e os mais afetados em tudo isso, serão os pequenos agricultores”, afirmou.

Mais uma vez, o presidente da Federação dos Agricultores, se mostra otimista e garante que crise não chegará ao campo. “A solução da crise está no campo. Aqui não se tem crise”, finalizou.

Já para o agricultor, é possível perceber os primeiros sinais da crise, é o que afirma o senhor João Bosco, produtor da cidade de Bom Jesus. “Tivemos muitas percas e ainda teremos mais. Além da falta de chuva ainda tem essa economia que tá do jeito que tá. Esse ano já começamos a sentir o peso dela, imagine nos próximos anos. Estamos temerosos com essa recessão econômica”, declarou o agricultor.

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