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Saiba quem é o piauiense preso pela PF acusado de liderar esquema de tráfico internacional de drogas

As informações sobre o alvo da Operação Transloading foram obtidas com exclusividade pelo GP1.

O líder de uma quadrilha especializada em tráfico internacional de drogas e armas, alvo da Operação Transloading, deflagrada pela Polícia Federal no último dia 5 de dezembro em vários estados brasileiros, é natural do Piauí. Trata-se de Antônio Carlos de Sousa Coelho, mais conhecido como “Carlinhos Piauí”, teresinense que estava residindo no Rio de Janeiro, onde foi preso. As informações constam em relatório obtido com exclusividade pelo GP1.

O documento em questão é uma representação ajuizada no dia 17 de novembro, na qual o delegado Mateus Arcas Lopes pede a prisão preventiva de 37 pessoas envolvida no grande esquema criminoso, que é dividido em cinco núcleos operacionais.

Foto: Divulgação/PF-PIPF durante operação de combate ao tráfico internacional de drogas
PF durante operação de combate ao tráfico internacional de drogas

A operação deflagrada pela PF resultou de uma intensa investigação realizada pela Delegacia de Repressão a Drogas (DRE), que identificou a atuação de um grande esquema criminoso que constituía uma complexa rede, desde a produção das drogas (maconha e cocaína) nos países vizinhos (Peru, Bolívia e Paraguai), iniciando com a importação e transporte terrestre pelo interior do Brasil, armazenamento em pontos estratégicos (imóveis rurais ou galpões), culminando com a chegada e distribuição da droga ao consumidor final nos grandes centros urbanos ou até mesmo a exportação a países europeus.

Logo no início das diligências, a Polícia Federal identificou o núcleo liderado por Carlinhos Piauí, “responsável por conectar os fornecedores, transportadores e distribuidores da droga nos estados do Piauí, Maranhão e Ceará”. Em seguida, a PF mapeou o grupo dos transportadores, que seria chefiado por Ronicleiton Vieira Damas e caminhoneiros cooptados.

“Posteriormente, ocorreu a descoberta da organização capitaneada por Cláudio Aldo, vulgo ‘Véio Doido’, sediada em São Paulo e responsável por trazer o entorpecente da fronteira (Mato Grosso do Sul e Paraná) até municípios paulistas, para ser levada ao Meio Norte. Por fim, conseguimos traçar o fluxo financeiro do esquema criminoso, especificamente as transações bancárias relativas ao pagamento da substância ilícita comercializada e operadas pelas outras células citadas anteriormente”, consta no documento.

Atuação de Carlinhos Piauí

De acordo com a Polícia Federal, Carlinhos Piauí, embora residindo em Nova Iguaçu, no Rio de Janeiro, “seria o responsável por adquirir droga no Peru, que desce por rio até o Amazonas, onde é embarcada em aeronave de pequeno porte e é retirada em Imperatriz/MA e de lá segue via terrestre ao Piauí para ser acondicionada em um Sítio na Zona Rural, entre as cidades de Teresina/PI e União/PI”.

Foto: Rodrigo Mendes/GP1Equipes da Polícia Federal na sede da superintendência em Teresina
Equipes da Polícia Federal na sede da superintendência em Teresina

Ainda conforme a PF, Carlinhos Piauí levou a mãe e os irmãos para morar no Rio de Janeiro, parentes que sabiam da existência do esquema criminoso. “Em solo carioca, o investigado é acompanhado por sua esposa Claudyely Andrade de Sousa e seu filho recém-nascido Heitor, onde se estabeleceram definitivamente adquirindo uma propriedade e construindo uma casa. Identificamos ainda que outros parentes de ‘Carlinhos’ também foram para o Rio de Janeiro, como o caso da sua mãe Eliza da Silva Coelho e seus irmãos Ana Carla da Silva Coelho e Francisco da Silva Coelho. Dito isso, corroborado com o farto material colhido ao longo das investigações, percebe-se que o núcleo familiar de Antônio Carlos conhece as atividades ilícitas do indivíduo, bem como o auxilia nos atos de traficância, como será detalhado adiante”, narra o relatório.

A PF revela que o braço direito e gerente de Carlinhos no Piauí é um homem conhecido por “Alysson Gordinho”, apontado como responsável pela logística de recebimento da droga no Maranhão e transporte até um sítio na zona rural de Teresina, que servia como local de armazenamento e ponto de venda para compradores intermediários da região.

Esposa de Carlinhos Piauí

Ainda conforme a polícia, Carlinhos Piauí envolveu a esposa, Claudyely Andrade de Sousa, no esquema, utilizando suas contas bancárias no fluxo financeiro do grupo criminoso.

Além de sua esposa, o chefe da quadrilha utilizaria também a conta bancária de Ana Marylu de Sousa, esposa do seu braço direito, Alysson Gordinho.

Núcleos

A Polícia Federal identificou a divisão do esquema em cinco núcleos operacionais:

Núcleo Carlinhos Piauí – segundo a PF, o núcleo comandado pelo piauiense era responsável por articular contatos com um grupo de fornecedores que obtém a droga de países vizinhos da América do Sul (Peru, Paraguai e Bolívia), por meio de um interlocutor paulista, Cláudio Aldo Ferreira, vulgo Véio Doido.

Na representação, a polícia revela que, além de inserir a esposa no esquema, Carlinhos Piauí também cooptou a mãe e dois irmãos para atuarem no grupo criminoso.

“Esse núcleo também articula os contatos com um grupo de transportadores que irão distribuir a droga (e até armas) no Brasil, a fim de abastecer os mercados consumidores do Piauí, Maranhão e Ceará. Para tanto, Antônio Carlos contaria com o auxílio da sua esposa Claudyely Andrade de Sousa, da sua mãe Eliza da Silva Coelho e de seus dois irmãos, Ana Carla da Silva Coelho e Francisco da Silva Coelho”, consta no documento.

Núcleo logístico de transporte – liderado, em tese, por Ronicleiton Viera Damas e sua esposa Divina Glória de Sousa, residentes em Goiânia (GO), seria responsável por arregimentar motoristas de caminhão para transportar o entorpecente no território nacional até os mercados consumidores localizados no Piauí, Maranhão e Ceará.

Um dos caminhoneiros recrutados é Sebastião Lemes Roriz Silva, preso no dia 8 de maio em Teresina, com 108kg de cocaína.

Núcleo dos fornecedores – o terceiro núcleo é constituído pelos fornecedores que adquirem a droga nos países produtores e importa para o Brasil. A partir das interceptações, sobretudo dos prints de conversas no aplicativo WhatsApp, foi possível identificar a relação do suposto chefe desse núcleo, Cláudio Aldo Ferreira (vulgo Véio Doido) com Carlinhos Piauí.

Núcleo de compradores e distribuidores – segundo as investigações, o quarto núcleo é formado por compradores e distribuidores, sendo Alysson Gordinho, o braço direito de Carlinhos Piauí. Alysson Gordinho é apontado como o encarregado de armazenar e distribuir a droga em Teresina, juntamente com os comparsas Francisco Soares Abreu, Marcos Vinícius Ferreira Piaba e Mycon Lennon Barbosa de Oliveira, vulgo Jubileu.

Núcleo financeiro – o quinto grupo orquestrava o esquema financeiro, desde a aquisição do entorpecente dos fornecedores até a sua distribuição, organizando os pagamentos e os fluxos de valores entre os envolvidos no tráfico internacional de drogas e até de armas.

A partir da análise dos relatórios de inteligência financeira encaminhados pelo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF), junto com os dados obtidos de interceptações telefônicas, foi possível identificar os possíveis responsáveis pelas movimentações financeiras atípicas.

Conforme a PF, entre as pessoas apontadas como responsáveis pelo núcleo financeiro estão Claudyely Andrade (esposa de Carlinhos Piauí), Alysson Gordinho e a esposa, Ana Marylu de Sousa, entre outros.

Relação com facções

Na representação, a Polícia Federal revela ainda que o esquema criminoso possui relação com facções criminosas, como o Comando Vermelho e Primeiro Comando da Capital (PCC).

“Não se tem dúvidas quanto à associação criminosa de todos os envolvidos visando a prática de crimes diversos, mediante a clara especialização de atividades de transporte, armazenamento, distribuição e comercialização do material ilícito, inclusive com o abastecimento de facções criminosas atuantes no Piauí, como o Comando Vermelho e PCC”, diz outro trecho do documento.

Prisão preventiva

Diante dos fatos levantados, o juiz piauiense Agliberto Gomes Machado, 3ª Vara Federal Criminal da Seção Judiciária do Piauí, acatou pedido da PF e decretou a prisão preventiva de 37 investigados, incluindo Carlinhos Piauí, sua esposa, Claudyely Andrade, e Alysson Menezes Silva, o Alysson Gordinho, considerado o braço direito do chefe do grupo.

Tiveram a prisão decretada os seguintes investigados: Abílio Charles Bonfim Lima, Adacildo Pereira Lima Filho, Alam Aparecido Pereira França, Alisson Luiz Pires Martins, Álvaro Jose De Sousa, Alysson Menezes Silva, Ana Marylu De Sousa, Antônio Carlos De Sousa Coelho, Antônio Marcelo Pereira Uchoa, Bento Furtado De Lira Filho, Cláudio Aldo Ferreira, Claudyely Andrade De Sousa, Daniel Alves Da Silva, Danilo Da Silva Lima, Diego Emiliano Dias Chaparro, Divina Gloria De Sousa, Emanuel Alexandre Moraes Ferreira, Francisco Da Silva Araújo Filho, Francisco Soares Abreu, Frank Franca Chura Cruz, Giuliano Andrade Gomes Barroso, Grigório Pessoa Da Silva, Jessyca Karine Da Silva Carvalho, Jorge Valdivino Bezerra, Leidinaldo Lopes Gonçalves, Marcos Vinicius Ferreira Piaba, Maria Isabel Soares Freitas, Mycon Lennon Barbosa De Oliveira, Nilton Aparecido Reis Rabelo, Paulo Roberto Rodrigues De Sousa, Paulo Tiago Dos Santos, Rafael Lima Dos Santos, Renato Basílio De Jesus, Ronicleiton Vieira Damas, Santiago Holanda Nunes, Sebastião Lemes Roriz Silva E Silvanio Soares Nunes.

Bloqueio de R$ 200 milhões

No âmbito da Operação Transloading, a Justiça deferiu o bloqueio e sequestro de valores no montante de R$ 200 milhões das contas bancárias dos investigados, além da apreensão de veículos que estavam na posse do grupo.

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