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Saúde

Risco de câncer antes dos 50 anos cresce, aponta estudo

Cientistas analisaram dados da incidência de 14 tipos de câncer em 10 países.

A incidência de câncer antes dos 50 anos de idade tem crescido a cada geração e aponta para o surgimento de uma “epidemia global” da doença entre adultos jovens nas próximas décadas, segundo artigo de pesquisadores da Universidade Harvard (EUA) publicado pela revista Nature Reviews Clinical Oncology. Mudanças de hábitos, como sedentarismo, sono ruim e uso de antibióticos são algumas das prováveis explicações para esse fenômeno.

O estudo analisou dados epidemiológicos de 14 tipos diferentes de câncer em 10 países de todos os continentes no período entre 2002 e 2012, além de revisar as evidências sobre a incidência global da doença em décadas passadas e suas possíveis causas. Conforme a pesquisa, intitulada “O câncer de início precoce é uma epidemia global emergente? Evidências atuais e implicações futuras”, o aumento progressivo na incidência teve um pico a partir dos anos 1990.

“As razões para esse fenômeno não são claras, mas estão provavelmente ligadas a mudanças na exposição a fatores de risco nos primeiros anos de vida ou no início da idade adulta a partir da metade do século 20″, escreveram os autores, liderados pelo pesquisador Tomotaka Ugai, da Faculdade de Medicina de Harvard.

Na avaliação dos cientistas, avanços no rastreio do câncer têm influência limitada nesses números, e fatores ambientais podem estar por trás do crescimento. Isso inclui tendências de hábitos de vida modernos, como a intensificação do consumo de álcool e de alimentos ultraprocessados, obesidade, sedentarismo, mau sono e uso de antibióticos, indicam os pesquisadores de Harvard.

“Muita gente achava que o aumento de casos de câncer era pelo envelhecimento e métodos diagnósticos mais precisos, mas fatores ambientais, principalmente alimentares, estão influenciando bastante na incidência em idades mais precoces”, diz o médico oncologista Bruno Filardi, oncogeneticista do Serviço de Genética Médica do Hospital de Clínicas da Universidade de São Paulo (USP). Para ele, o estudo de Harvard expõe de modo mais claro um fenômeno global já conhecido na área.

O médico ressalta que ainda não há clareza sobre os mecanismos que associam hábitos de vida à doença. Mas, acrescenta ele, a epigenética, área que investiga como estímulos ambientais podem ativar ou suprimir genes, tenta entender como esses fatores interagem com susceptibilidades genéticas associadas ao câncer. “

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