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Alguém já se esqueceu da tragédia envolvendo caminhões, ônibus, equipes de resgate e viaturas da polícia deixou um saldo de 27 mortos e 90 feridos ? Vou lembrá-los.No início da noite de um lindo 9 de outubro, um caminhão bitrem Volvo (com dois semi-reboques) de Frederico Wesphalen (RS), conduzido por Marco Aurélio Mathes, 39 anos, bateu na traseira de um caminhão de Porto Xavier (RS). Em seguida, na contramão, bateu frontalmente com um ônibus que retornava do show do cantor Daniel em Chapecó para São José do Cedro, com agricultores e funcionários de uma cooperativa. No total, 11 pessoas morreram imediatamente. Quando os feridos do primeiro acidente já haviam sido encaminhados para os hospitais de São Miguel do Oeste e Maravilha, um caminhão de Cascavel carregado com 30 toneladas de açúcar, com problema nos freios, desce pela contramão. Ele atinge atropela bombeiros, policiais rodoviários e militares, jornalistas, motoristas e curiosos. O caminhão, que pesava 61 toneladas com a carga, atingiu 10 veículos, matou 16 pessoas e feriu outras 55. O motorista do caminhão, Rosinei Ferrari, 28 anos, que ocasionou o segundo acidente foi indiciado por homicídio doloso (no caso, dolo eventual, quando se assume o risco de matar).

Este intróito triste serve para lembrar que não é apenas o tempo e o aumento do tráfego que explicam a progressiva deterioração das rodovias brasileiras. Conta também, e muito, o excesso de peso a que suas pistas estão quase sempre submetidas. Caminhões com peso além do permitido representam a regra, nunca a exceção, submetendo as rodovias a um esforço para o qual não foram projetadas e construídas. Considerando ainda o elevado nível de deterioração dos pavimentos da malha viária do nosso país; a escassez de recursos para fazer frente às necessidades de investimento para ampliação, recuperação e manutenção das estradas; as diferenças de normas de projetos geométricos, de um estado para outro, que as pontes foram construídas em diversas épocas com normas técnicas diferentes, justifica-se a necessidade, que se faz prioritária, da melhoria das condições oferecidas pelas rodovias com base na tecnologia, estudando as condições ambientais, o pavimento, uma eficiente sinalização com o devido policiamento para se obter a maior segurança.

Vale ressaltar que devemos, precípuamente, considerar o homem, como elemento básico do sistema, prevendo-se a sua educação, a sua formação e assim capacitando-o a bem dirigir o veículo,Todavia, o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) prorrogou até 30 de junho a tolerância máxima de 7,5% sobre os limites de peso bruto transmitidos por eixo de veículos à superfície das vias públicas, segundo a Resolução nº 301,Contran, já publicada.A tolerância seria reduzida para 5% no início de janeiro. O adiamento oferece maior tempo para que as empresas de transportes se prepararem, uma vez que as Resoluções 102/99 e 104/00, que vigoraram por sete anos, dispensavam a multa por eixo.A Câmara Temática de Assuntos Veiculares aprovou a manutenção dos 7,5% para ônibus, porque não têm condição de cumprir os 5% sem reduzir o número de passageiros. Quero lembrar que pesquisas desenvolvidas comprovam que basta 10% de excesso de peso nos veículos de carga ou de passageiros para reduzir a vida útil de uma estrada pavimentada em até 40% , e o mais importante:Pode chegar até 2% do PIB de um país o valor a ser dispendido por ano para reparar os danos do excesso de peso nas rodovias,ou seja;o excesso de peso dos veículos em nossas vias pode custar mais de US$ 15 bilhões por ano.Um controle sobre o excesso de peso garante mais empregos(pois são necessárias mais viagens) trajetos mais tranqüilos, estradas e rodovias com um menor número de veículos em pane, a durabilidade das mesmas e principalmente um menor custo em atendimento a acidentes; e por conseguinte mais famílias felizes.
 

*articulista, Professor Rosildo Barcellos

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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