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Quem tem medo das ameaças do professor Cinéas Santos? Com certeza, talvez, aqueles artistas que ainda ficam ás portas das fundações, esperando uma pequena chance de ganharem algum cachêzinho para fazerem uma ponta em algum evento, desses que nunca vão ganhar o papel principal. Aqueles que só aparecem raramente em alguma apresentação patrocinada pela PMT – Prefeitura Municipal de Teresina.

O que escrevi na semana passada sobre a ausência do professor Cinéas, que é o presidente da FMC – Fundação Monsenhor Chaves, nas festas momescas e, mais enfaticamente, sobre as criticas que este fez ao carnaval das escolas de samba, é um direito que me assiste como cidadão. É bom saber que o critério epistemológico, axiológico, lógico e antropológico da democracia é a cidadania. E, neste sentido, quem fala mais alto, é a informação. A cidadania, na sua forma plena, só é possível, assim como a democracia, com o surgimento do jornalismo, o que só aconteceu em meados do século XVIII, como afirma o conhecido autor José Marques de Melo.

Cinéas foi para emissoras de tv, depois ocupou portais de noticias, para fazer ameaça, de que iria processar o autor das supostas acusações grosseiras contra ele. Ora, em nenhum momento fui grosseiro com o professor, a quem julgo honesto e trabalhador na sua simpática atuação como empresário, professor e fazedor de poesia. Não disse nenhuma palavra que não tivesse dentro de uma civilidade. Apenas adjetivos muito comuns na esfera da política.

O fato em epígrafe é que a questão que estou criticando não foi rebatida com argumentos. Mas, sim, com uma lamúria ainda autoritária e pretenciosa. É como se os artistas tivessem medo da polícia, ou da justiça. Mas, esqueceram que existe uma questão em aberto que precisa ser discutida. Na situação em que estou agora, professor, só tenho medo mesmo é de perder ou ganhar um grande amor.

O professor Cinéas Santos não é digno de ficar representando a cultura de Teresina, na medida em que este, faz deboche das escolas de samba. Cinéas não tem respeito pelos cerca de 8 mil integrantes das escolas de samba de Teresina. É um fraco e oportunista, que bem poderia está inscrito na mesma cota de afros-descendentes que a Sonia Terra, o que lhe garante assento no primeiro escalão do Governo Municipal.

Com responsabilidade e destreza publiquei uma noticia para mais de mil emails dos meios de comunicação de Teresina para defender uma comunidade, ainda amorfa, das intempéries de um “rei” ainda malvado e truculento, como mencionava o samba da Brasa Samba de 1998, na época em que o carnaval voltou depois de oito anos. É, assim mesmo. A comunidade artístico-cultural do Piauí é órfão de uma organização social capaz de dar ao movimento uma vertente política de defesa dos interesses da classe artística.

Apesar do esforço dos dirigentes da OMB – Ordem dos Músicos do Brasil – Sessão Piauí, a entidade não tem estratégia para mobilizar e propor debates importantes, visando melhorar a forma de fazer arte e cultura no nosso Estado. A entidade ainda é submissa e incapaz, mesmo buscando forjar a possibilidade de um falso profissionalismo que só se realiza, de forma superficial e ilusória, através da expedição de uma simples Carteira Profissional de Músico.

Enquanto isso, o Frank Aguiar e o Francis Lopes fizeram-se a si mesmos, sem o apoio de qualquer instituição publica. Os caras romperam barreiras sozinhos em São Paulo. Mas, quando estavam aqui, apanharam feito cachorros-doidos. Quem não lembra do Frank e do Francis na P.II tentando agarrar algum contratinho de ultima hora?

Hoje, quando eles vêm a Teresina, centenas de colunistas sociais vão atrás deles. Uma ironia do destino. Não que os colunistas não estejam no seu papel. Muito pelo contrario, o nosso colunismo, a quem homenageie no samba da Brasa Samba deste ano, faz um trabalho sério, responsável e elegante, no âmbito do jornalismo social. Mas, vale lembrar, que artista não precisa ser feito por ninguém. Nasce pronto ou aprende com as porradas da vida.

O que o Estado tem que fazer é dar as condições possíveis para promoção das produções culturais, de tal forma que possa colocar os nossos produtos, efetivamente, no mercado. Vale ressaltar, que a indústria cultural é a segunda fatia do mercado mundial, só perdendo para a indústria bélica. Isso, por si só, pede que a nossa cultura e arte se imponham como produto artístico/cultural, não simplesmente como cultura. Assim como uma lata de doce vai para prateleira com um rótulo, a arte também tem que ser colocada com um rótulo. Não podemos apresentar os artistas de qualquer jeito. Tem que ser como um produto cultural. Hoje neguin faz um show de um forma, amanhã falta dinheiro para pagar o baixista ou o guitarrista. As vezes, também o som não é mais o mesmo. E por ai vai.

A Lei A Tito Filho, na sua versão simplificada, tem garantido a produção de cerca de 100 produtos artístico-culturais por ano. O problema é que eles jogam os artistas no fogo do mercado sem nenhum amparo das estratégias mercadológicas. Não sabem que um CD do Roraima, por exemplo, vai estar competido na mesma prateleira do Michael Jackson. Então, por que a Lei A Tito Filho não pode contemplar um projeto de marketing e propaganda, alem de outras formas de promoções para as produções locais? Até os projetos para os agricultores familiares, na perspectiva do empreendedorismo, já estão saindo das instituições mais antenadas com um projeto de marketing, visando garantir a comercialização dos produtos. É isso ai!

Além disto, em outras formas de promoção da arte local, os gestores deveriam deixar de serem mofinos. Nunca conseguem fazer gestões junto aos seus manda-chuvas para conseguir recursos. O que eles têm, mal dá para manter a pesada maquina administrativa que carregam. Foi o caso do carnaval deste ano, quando os recursos só foram liberados dois meses antes do desfile, no caso da PMT.

Todos sabem que a Constituição Federal estabelece que um percentual de 20% das programações das concessões públicas de radio e TV deve ser direcionado para a divulgação da cultura local. Isso não acontece! No entanto, nunca vi nenhum gestor discutindo a questão. Exemplo disso aconteceu durante a festa Bode na Brasa, que aconteceu antes do carnaval, em Teresina, quando um dos gerentes de TV (das duas que se recusaram a exibir a mídia) disse que não divulgaria a da festa da escola porque a grade de mídia estava lotada. Ora mais, ninguém estava pedindo nada. Era só garantir um direito. Tão simples como a vaga dos cadeirantes no estacionamento.

Para finalizar, como diria o velho senador Mão Santa, um gestor público não tem que ter grandes idéias. Tem apenas que representar as demandas do povo. Só assim ele pode ter sucesso. É o que o sábio Wellington Dias está fazendo com os seus pretensos candidatos, na corrida por Karnak. Foi o que o discreto Silvio Mendes fez durante o carnaval. É o que o renomado professor Cinéas Santos deveria fazer.

*José Marques de Souza Filho é formado em Licenciatura Plena em Filosofia, Comunicação Social com Habilitação em Jornalismo.

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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