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*Deusval Lacerda de Moraes
Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Divulgação)Deusval Lacerda de Moraes
A Feira dos Municípios de 2011 foi mais um encontro entre pessoas oriundas dos diversos municípios piauienses do que propriamente Feira dos Municípios. Primeiro, a representação dos municípios não atingiu mais de 15% dos estandes e talvez não tenha chegado a 250 estandes de vendedores, empresários e instituições privadas e governamentais. Segundo, com a pouca participação dos municípios, ela não apresentou novidades nos produtos, artesanatos e animações artísticas, pois ficou no de sempre. Depois, houve escassez até das visitas dos políticos de representação estadual, que os municipalistas tanto gostam. Em suma, o evento reproduziu o estado de espírito dos piauienses neste momento, que é de desconfiança na coisa pública, descrédito mesmo, reflexo também da crise mundial que perdura desde 2008.

Como em 2005 vivia-se grande expectativa para o Piauí, o então presidente da Associação Piauiense de Municípios (APPM), Luís Coelho, ainda prefeito de Paulistana, reeditou, depois de algum tempo, a Feira dos Municípios do Piauí, que fez estrepitoso sucesso. Para se ter uma idéia, mais de 500.000 pessoas visitaram os seus 412 estandes, sendo 105 estandes dos municípios e o restante de representantes comerciais e de entidades públicos, numa área coberta de 13.000 m2. A organização imbuída do compromisso com a responsabilidade social garantiu a participação do Lar de Maria, Fome Zero, Projeto Cravo etc. O volume de negócios superou os 3 milhões de reais, gerando emprego temporário para quase 2.000 pessoas. Nos quatro palcos montados no local foram exibidas mais de 100 apresentações artísticas e culturais. No auditório da Associação Industrial da Piauí (AIP), espaço contíguo ao da Feria, promoveu-se o Encontro das Primeiras-Damas e providencial debate sobre a Agenda 21.
O entusiasmo foi tamanho que, na abertura no Centro de Convenções, o presidente Luís Coelho proferiu o seguinte discurso:

“O Piauí não é mais aquele Estado da Federação cujo atraso era estereotipado pelo couro de bode.
O Piauí de hoje é um Estado que atravessa um ciclo progressivo de crescimento produtivo e desenvolvimento econômico.
No setor primário, temos uma fronteira agrícola do País, o Cerrado Piauiense, onde a agroindústria prospera com a produção em escala de grãos, como a soja, o arroz e o milho. E também o algodão.
O agronegócio é uma área em expansão no Piauí, sobressaindo-se a fruticultura irrigada, além da exploração de outras áreas que formam a cadeia produtiva deste importante nicho econômico.
Destaca-se também a produção da mamona para alimentar a indústria do biodiesel, fonte alternativa de energia que indubitavelmente será fator de riqueza para o Piauí.
Na mineração, a Companhia Vale do Rio Doce está construindo a planta industrial para a extração do níquel no município de Capitão Gervásio Oliveira.
No setor secundário, ocorre elevado incremento na indústria piauiense, destacando-se a indústria de manufatura.
No setor de serviços, o Piauí não fica atrás dos demais Estados nordestinos, com a oferta de serviços de qualidade e de profissionais qualificados nas suas mais diversas áreas de atividade.
No turismo, destacam-se a Serra das Confusões, a Serra da Capivara e o Delta do Parnaíba, onde os turistas desfrutam do entretenimento e do conhecimento das origens históricas, arqueológicas, da diversidade do meio ambiente e das infindáveis riquezas naturais do Piauí.
Por isso, tivemos a idéia de realizar um evento que refletisse essa grandiosidade, a Feira dos Municípios do Piauí, que é um dos maiores acontecimentos do Nordeste em 2005, para representar o surto de progresso econômico, político e social que vem acontecendo no Estado, consolidando, desta forma, o Piauí do futuro, aquele que apresenta as condições de se inserir numa sociedade moderna, progressista e de franco desenvolvimento econômico-industrial.
Este é o nosso ideário”.

Realmente naquele período se descortinava enorme perspectiva para o Piauí, em que se acreditava que as nossas potencialidades seriam transformadas em riquezas e que o setor público, corolário dessas mudanças, incrementaria substancialmente o bem comum. Nesse clima, a Feira dos Municípios realizada em 2007 obteve resultado ainda mais estrondoso. Mas de lá para cá, as coisas foram se arrefecendo e, hoje, resumiu-se na Feira dos Municípios de 2011, que não chamou muita atenção. Mas não poderia ser diferente, o rescaldo político do atual conjuntura municipal piauiense apresenta mais de 50 prefeitos cassados, mais de 30 prefeitos ainda estão no cadafalso da Justiça Eleitoral e mais de 100 prefeitos processados nas outras jurisdições e instâncias judiciárias. Assim, fica difícil realizar-se uma Feira dos Municípios com pleno êxito no Piauí. Para isso, é fundamental que se reverta esse estado calamitoso que atualmente se encontram mergulhados alguns municípios.

*Deusval Lacerda de Moraes

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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