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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
Na política piauiense acontece de tudo. E a administração pública, corolário dessa política, não poderia ser diferente, acorrem também algumas esquisitices. Mas isso custa preço alto, determinados órgãos e gestores fazem de conta que faz gestão pública. Tudo isso seria aceitável se não fosse fato gerador de entraves ao bem-estar dos piauienses. Daí derivar a estagnação, e enquanto outros estados nordestinos passam por franco desenvolvimento econômico-social, o Piauí, contrariamente, está emperrado em parte dos setores que necessita do desempenho eficiente da máquina estatal.

Por ser verdade cristalina, ou adotamos a meritocracia ou seremos devorados pelas deficiências públicas provocadas pelo desperdício, falta de foco administrativo, perda de tempo e malversação dos recursos públicos. Atualmente, e não existe outra saída, os governantes comprometidos com as boas ações ao assumirem seus governos adotam medidas eficazes na área de recursos humanos. Primeiro, escolhem equipes credenciadas para serem acreditadas no progresso de alguma coisa, ou seja, em que a população possa se assegurar que delas sairão algo producente. Depois, adotam sistemas de reciclagem e capacitação dos servidores para alavancarem as políticas públicas emanadas dos programas de governo.

Mas não é o que vemos aqui. Os nossos governantes não cansam de fazer, e aí esmorece muita gente antes mesmo de começar a administração propriamente dita, a prática da pescaria, para não chamarmos de cooptação, de quem está disposto a aderir no período eleitoral - e sempre existem aqueles disponíveis a virar a casaca - e depois o eleito resgata o débito aproveitando-o na administração, demonstrando, em plena luz solar, que sempre falará mais alto o interesse pessoal em detrimento do interesse coletivo, assumindo de vez que o que interessa mesmo é o poder pelo poder.

É sabido que parte dos políticos profissionais não gosta quando evidenciamos tais fatos à população, por denunciar que o interesse público é diletantismo para esses indivíduos em prejuízo da sociedade em geral e que utiliza a fazenda pública quase como propriedade hereditária, como no sistema oligárquico, coronelista, paternalista, clientelista e assistencialista que historicamente grassam na política brasileira. Fruto disso foi que o Piauí ficou em vigésimo quarto lugar (com nota 3,96) na aplicação das suas verbas pelo Índice de Transparência da ONG Contas Abertas e em vigésima sexta posição (com nota 2,26), obtendo a classificação RUIM, no ranking de avaliação de Gestão dos Estados Brasileiros divulgados no mês passado.
As composições eleitorais e o exercício do poder público no Piauí causam estranhezas ao que ocorrem em outros lugares. Para exemplificar, em meados de novembro passado, o jornalista Arimatéia Azevedo divulgou na sua Coluna que o candidato a prefeito no primeiro turno da eleição de Teresina pelo PSB, Beto Rêgo, em razão de ter apoiado o candidato tucano no segundo turno seria agraciado com a Superintendência de Desenvolvimento Rural (SDR). Mas que a sua esposa gostaria de ocupar o cargo. Como o prefeito eleito não topou, disse na matéria que o indicado seria o primo dela, o dentista Francisco Alberto de Almeida.

Claro que não acreditamos nisso. Tanto que o prefeito tucano não twittou o nome dele em momento algum para os teresinenses. Mas no dia 12 de dezembro, na FIEPI, onde o prefeito e seus auxiliares estão confortavelmente abrigados, foi apresentado o primeiro escalão tucano e na relação, sem qualquer alarde, ou melhor, esquecendo de dizer que também Teresina ganharia, consta o nome do odontólogo que promoverá as políticas rurais do município de Teresina (Arimatéia Azevedo voltou a tratar do assunto em 15/12/2012).

Nada pessoal contra o escolhido nem o prefeito, a questão são os desafios que serão enfrentados no setor, como, por exemplo, ampliar a produção de produtos agropecuários no entorno da cidade de Teresina (136 mil hectares de área territorial rural apta à produção agrícola, sendo a maior das capitais brasileiras) para diminuir a importação de outros estados de mais de 90% desses produtos consumidos pela população de Teresina. E para enfrentar tamanha expansão, o lógico seria que o chefe da equipe fosse técnico talhado para aproveitar a grande disponibilidade de água subterrânea e do manancial dos dois rios que entrecruzam o município teresinense para impulsionar as cadeias produtivas de maior potencial, como leite, aves (sobretudo galinha caipira e capote), produtos hortícolas e olerícolas, produção de caju (destaque para a cajuína) etc.

A SDR também tem a difícil atribuição de resolver o saneamento básico que envolve o abastecimento de água e o esgotamento sanitário na zona rural de Teresina. Segundo estudo, 50% das moradias rurais da Capital não possuem nenhuma forma de esgotamento sanitário, por isso vivem no tempo da sacolinha, isso mesmo, atendem as suas necessidades fisiológicas em sacolinhas, dado revelador da miséria que precisa urgentemente ser reduzida e para tanto a SDR tem de instalar cinco mil unidades sanitárias. O gestor da pasta tem também de elaborar projetos e captar recursos nas mais variadas fontes, assim, diante da complexidade para solucionar esses problemas, nada mais racional que essa tarefa fosse confiada a um profissional qualificado com perfil no campo das ciências agrárias, engenharia ou economia com experiência em planejamento sustentável e visão de desenvolvimento social para combater a pobreza da maioria dos residentes no espaço rural de Teresina.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

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