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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda de Moraes
A educação do país sempre foi o seu principal nó górdio. Por encontrar dificuldades em equacionar os seus problemas de ensino, o Brasil vive uma crise na educação que tem se refletido na produtividade dos nossos trabalhadores que, por sua vez, leva a indústria para a recessão, que alguns denominam de desindustrialização. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 49,3% da população brasileira de 25 anos ou mais não concluíram o ensino fundamental ou não tem qualquer instrução educacional (Correio Braziliense de 20 de dezembro de 2012).

É sabido que ensino precário atrapalha a produção. E essa multidão de brasileiros que mal sabe ler e escrever, conforme apurou o IBGE, tem de operar computadores, máquinas e outros equipamentos sofisticados. Além de, mesmo com estudo pouco, ocupar cargo de chefia. Segundo Victor Martins, do Correio Braziliense, esses números explicam por que são necessários cinco brasileiros para produzir o que apenas um norte-americano faz no chão da fábrica.

Os dados apresentados pelo IBGE fazem parte do Censo 2010. A pesquisa mostra ainda que o baixo nível de educação está enraizado em quase todos os ramos de atividade. Entre os diretores e gerentes que estão à frente das empresas, 15,03% não terminaram o ensino fundamental. Entre os trabalhadores do agronegócio classificados como qualificados, esse percentual é de 77,2%. Nos serviços domésticos, esse número ficou em 60,80%. O segmento que apresenta o melhor resultado é o das forças armadas, policiais e bombeiros militares: 5,21%.

Mas se o quadro é dramático no país, no Estado do Piauí a crise na educação está à beira do abismo. Pois se na maioria das unidades da Federação mais da metade da população não completou o ensino fundamental ou não recebeu qualquer instrução, o Piauí tirou o primeiro lugar na falta de estudo da população de 25 anos ou mais, pois o seu contingente populacional é de 64,08%. Daí o nosso setor produtivo ser incipiente e também provocar abissal desigualdade de renda. No Brasil, o Índice de Gini, que mede a desigualdade, está em 0,575 – quanto mais próximo de 1, pior -, apesar dos avanços, como estabilidade da economia e o Programa Bolsa Família, ainda assim mantém fosso enorme separando ricos de pobres e é uma das piores distribuição de renda do mundo.

O Piauí precisa fazer uma verdadeira cruzada para melhorar a sua administração pública como forma de incrementar o seu Produto Interno Bruto (PIB), promovendo diretrizes educacionais para romper a pole position no grid de largada deficitária do país com 64,08% da sua população de 25 anos ou mais que praticamente não estudaram; aplicar melhor as verbas públicas por ter tirado nota 3,96 e que ficou em vigésimo quarto lugar no Índice de Transparência da ONG Contas Abertas; fazer gestão pública competente por ter ocupado a vigésima sexta posição, com nota 2,26, obtendo classificação ruim no ranking de Avaliação de Gestão dos Estados Brasileiros; e promover ações sociais e desenvolvimentistas por ter amargado a vigésima quinta posição, com nota 3,74, no Índice Social de Desenvolvimento dos Municípios da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Diante dessas evidências, não adianta espernear. Não adianta querer tapar o sol com a peneira. Nem ficar chateado com os que exercem a cidadania de mostrar a calamidade pública do Estado. O que tem de ser feito, devemos fazer, e pronto. E o que devemos fazer é tornar o setor público eficiente, ágil, dinâmico. Afinal, prometem isso nas campanhas eleitorais. Mas temos de correr atrás do prejuízo, e recuperarmos o tempo perdido. Alguns políticos têm ainda de aprender que o exercício do governo, da administração, é para governar, administrar, e não para se fortalecerem politicamente pelos atalhos, sem realizações para granjearem aceitação. Portanto, sem trampolinagem para alçarem voos mais altos sem merecimento. Eles sabem do que estamos falando. E a única saída é educar, o resto é conversa fiada, e que já estamos cheios até a tampa.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-graduado em Direito

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