Durante o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil tem ampliado suas relações comerciais com países governados por regimes autoritários. Essa aproximação faz parte da estratégia de política externa adotada pelo governo, com foco em parcerias que priorizam ganhos econômicos e geopolíticos, independentemente do regime político dos parceiros.
Boa parte dessa intensificação ocorre no âmbito do Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Segundo o Índice de Democracia da Economist Intelligence Unit (EIU), sete dos onze países do bloco são classificados como não democráticos, o que levanta debates sobre os rumos da diplomacia brasileira.

A relação com a China é um exemplo expressivo dessa política. Em 2024, o país asiático continuou sendo o principal destino das exportações brasileiras, mesmo com uma queda de 9,5% em relação ao ano anterior, totalizando US$ 94,4 bilhões. Os principais produtos vendidos foram soja, petróleo e minério de ferro. Já as importações da China bateram recorde em 2023, somando US$ 63,6 bilhões, com destaque para produtos eletrônicos e automotivos.
Além do comércio, a parceria sino-brasileira também avança em outros campos. Durante visita à China, em 2023, Lula firmou acordos bilaterais, incluindo um que permite transações comerciais em moedas locais, como real e yuan, reduzindo a dependência do dólar. “Ninguém pode impedir o Brasil de aprofundar sua relação com a China”, afirmou o presidente na ocasião.
O cenário reflete uma tendência global de fortalecimento de laços com regimes autoritários, movida por interesses estratégicos. O governo brasileiro tem apostado em uma diplomacia pragmática, voltada para oportunidades de investimento, comércio e influência internacional, mesmo que isso signifique estreitar laços com nações que enfrentam críticas em relação aos seus sistemas políticos.
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