O investigado pela Polícia Federal (PF) e apontado como operador da Confederação Nacional de Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais (Conafer) no esquema de fraudes do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), Cícero Marcelino, é sócio-administrador do banco digital Terra Bank.
O Terra Bank é voltado para produtores e empreendedores rurais. As atividades da instituição tiveram início durante a 87ª edição da ExpoZebu, em Uberaba (MG), em maio de 2022.

Em seu site oficial, o banco afirma ter sido criado para atender aos produtores agrícolas brasileiros e oferecer um “serviço transparente, simples e sem cobrança de tarifas na maior parte dos serviços”.
“O Terra Bank é uma instituição financeira voltada para o agronegócio, que oferece serviços de pagamentos e recebimentos por meio de conta de pagamento digital, projetada para proporcionar um serviço eficiente, simples e sem tarifas abusivas”, segundo comunicado divulgado na página da empresa.
Nos registros do Terra Bank, o empresário aparece como administrador na sociedade que inclui a T.B Holding, a qual tem como sócios Cícero Marcelino e a Farmlands Holding LLC.
Durante o lançamento do Terra Bank, foi anunciada a primeira parceria entre a instituição financeira e a Conafer, entidade que está sendo investigada por envolvimento em descontos irregulares aplicados a aposentados e pensionistas. O objetivo da parceria era permitir que o banco facilitasse o acesso dos associados a recursos, crédito e empréstimos, enquanto a entidade auxiliava na captação desses clientes. O acordo previa o financiamento de R$ 5 bilhões em novos projetos de “melhoramento genético” e a ampliação do acesso de produtores rurais a genética bovina de ponta.
De acordo com documentos da Operação Sem Desconto, Cícero Marcelino é assessor do presidente da Conafer, Carlos Ferreira Lopes, e foi apontado pela PF como um dos operadores do esquema dentro da entidade.
Em março, a Conafer divulgou em seu site que firmou uma parceria bilionária com o Terra Bank.
A operação da PF, deflagrada no dia 23 de abril, culminou nas demissões do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, e do ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Apontado como operador do esquema
Ainda segundo a investigação da PF, Cícero Marcelino aparece em diversas transações suspeitas de lavagem de dinheiro. Uma delas envolve José Laudenor, sócio do ex-ministro da Previdência do governo Jair Bolsonaro (PL), José Carlos Oliveira. Marcelino também é citado em movimentações financeiras com a cunhada de um servidor do INSS, identificado como Jobson de Paiva Sales.
“A ligação entre Cícero Marcelino e a rede de associações sugere que esse indivíduo e suas empresas possam ser mais uma peça no esquema de desvios de recursos do INSS. Além disso, a movimentação de recursos de volta ao remetente sugere um possível ciclo de lavagem de dinheiro, no qual os valores recebidos podem estar sendo redirecionados para camuflar a verdadeira origem dos recursos”, afirma um trecho da representação da PF.
Ver todos os comentários | 0 |