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Economia e Negócios

Dólar vai a R$ 5,63 e Bolsa tem alta de 0,6%

Mercado segue tenso, à espera das decisões dos bancos centrais americano e brasileiro.

Em dia volátil, o dólar avançou 1,44%, a R$ 5,6395, em dia marcado por cautela no mercado internacional, por conta da agenda carregada na semana, com várias reuniões de bancos centrais, pressionada ainda mais pela nova troca no Ministério da Saúde, com a saída de Eduardo Pazuello. Já a Bolsa brasileira (B3) fechou com alta de 0,60%, aos 114.850,74 pontos nesta segunda-feira, 15, enquanto o mercado de Nova York também registrou ganhos.

O Banco Central fez pela manhã um leilão de US$ 500 milhões de swap, equivalente à venda de dólares no mercado futuro, anunciado na sexta-feira. O efeito no câmbio foi praticamente nulo, porque a moeda americana subia no exterior. O real, porém, passou a se descolar de seus pares ao longo dos negócios, em meio a relatos de saída de recursos de estrangeiros do Brasil. Por isso, no início da tarde, o BC vendeu US$ 1,065 bilhão em moeda à vista, para dar liquidez à saída destes investidores. No fechamento, o dólar para abril teve alta de 1,12%, a R$ 5,6200.

O economista da Capital Economics, Shilan Shah, observa que com a alta das taxas de retorno (yields) dos juros longos americanos, os emergentes em geral passaram a registrar fuga de capital externo. Mas países como Brasil têm se destacado e perdido recursos também por conta de problemas internos, que no caso brasileiro é o aumento da incerteza política. "Indicadores de alta frequência sugerem que o apetite de estrangeiros por ativos de emergentes diminuiu nas últimas semanas, com as saídas no ritmo mais alto desde a pandemia", observa.

Hoje, o banco americano JP Morgan rebaixou a recomendação para a Bolsa brasileira e também fez um alerta para o câmbio, afirmando esperar volatilidade nos próximos meses. O banco americano mantém a visão de que o real tem espaço para se apreciar pela frente, especialmente com o esperado início esta semana do ciclo de elevação de juros pelo Banco Central, que ocorre em meio a aumentos dos preços das commodities.

Mas o câmbio tem estreita correlação com o risco-país, que não deve cair, caso o ambiente político não melhore, alerta o banco. A entrada em cena de Luiz Inácio Lula da Silva antecipa o debate político da eleição de 2022 e pode gerar mais incerteza política, contribuindo também para aumentar o risco e a volatilidade. Nesse ambiente, o JP está cético quanto ao avanço de grandes reformas no Congresso, como a administrativa e a tributária.

Nesse cenário, os presidentes do Senado e da Câmara fizeram questão de mostrar o comprometimento com a agenda liberal do governo. Rodrigo Pacheco (DEM-MG), que havia tirado a privatização da Eletrobrás da lista de prioridades para sua gestão, hoje classificou como tolerável o modelo proposto pelo governo para a privatização da companhia. Já o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse hoje que o Congresso fará a reforma tributária "possível", não a "ótima". Segundo ele, o assunto mexe com interesses "gigantescos", exigindo união entre todos.

A reunião do Copom começa nesta terça-feira e os estrategistas do Bank of America acreditam que a volta da alta de juros pode ajudar a colocar o real, que vem operando descolado de outras moedas emergentes, em trajetória de mais normalidade. A reunião do BC termina no mesmo dia que a do Federal Reserve (Fed, o banco central americano). "A semana terá agenda pesada, com dados importantes da atividade nos Estados Unidos e decisões de bancos centrais. Deve ser semana de volatilidade, o que gera cautela", comenta o economista-chefe do banco BV, Roberto Padovani.

Bolsa

Em dia de vencimento de opções sobre ações, o Ibovespa teve uma abertura de semana moderadamente positiva, com giro financeiro a R$ 54,0 bilhões. Em março, o índice avança 4,38%, limitando as perdas do ano a 3,50%. Mesmo com atuação do BC no câmbio, o forte avanço do dólar contribuiu para limitar o escopo da recuperação do Ibovespa na sessão, com resistência na faixa de 115 a 116 mil pontos.

"Um grande desafio em março é o rompimento da faixa de 116 mil pontos para, enfim, reverter o viés de baixa do curtíssimo prazo e abrir caminho para o topo intermediário nos 120 mil pontos", aponta Rafael Ribeiro, analista da Clear Corretora. Entre as ações, os destaques foram os setores de shopping e construção. Iguatemi fechou em alta de 2,50%, Multiplan, de 1,77%, e MRV, de 1,38%.

Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq subiram 0,53%, 0,65% e 1,05%, revertendo as perdas do começo do dia, após o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, ressaltar que o pacote fiscal trilionário, já aprovado, tem como foco reconstruir a espinha dorsal do país e que, em 10 dias, serão enviados 100 milhões de cheques para a população americana.

Destaque ainda para Gol e Azul, em altas de 5,66% e 4,16% segunda e terceira maiores altas do índice. Entre as ações de maior peso, destaque para os ganhos de 2,07% e 2,47% de Petrobrás PN e ON. Vale cedeu 0,6% e CSN, 4,76%. "Até a 'super-quarta', quando se terá a decisão do Fed e também a do Copom, o mercado tende a ficar de lado. Com a promulgação da PEC Emergencial, o mercado passa a olhar para a reforma tributária. E eventual substituição do ministro da Saúde por um nome apoiado pelo Centrão pode dar mais ritmo à tramitação da reforma", diz Jefferson Laatus, estrategista do Grupo Laatus.

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