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Manifestantes ateiam fogo em delegacia com policiais dentro na Colômbia

Pelo menos 15 delegacias sofreram ataques de manifestantes em Bogotá, capital do país.

Uma multidão incendiou uma delegacia de polícia em Bogotá, na sétima noite de protestos contra o presidente da Colômbia, Iván Duque. Entre 10 e 15 agentes estavam dentro da delegacia quando os manifestantes atearam fogo na instalação. Todos os policiais conseguiram escapar das chamas, mas informações iniciais apontam que cinco deles ficaram feridos.

Segundo as autoridades, o episódio ocorreu no Centro de Atendimento Imediato (CAI) da polícia, localizado no bairro La Aurora, na zona sul da cidade. A prefeita de Bogotá, Claudia López, lamentou o ocorrido, que classificou como inadimissível, e pediu pelo fim da violência nas manifestações pelo país.

"As cenas de dor, raiva e violência que vimos ontem à noite são inadmissíveis.Primeiro os encurralam, depois os trancam, depois ateiam fogo, contemplam seres humanos em chamas e, quando eles conseguem sair, também correm atrás deles para atacá-los? O que é isso? Toda violência deve parar agora".

Os confrontos entre os manifestantes e a polícia começaram cedo em Bogotá, em vários setores da zona sul, e se replicaram em outras áreas onde organizações sociais denunciaram excessos por parte do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad).

Uma das situações mais graves foi registrada no bairro Portal das Américas, na zona oeste da cidade, onde os confrontos duram horas, com saldo de pelo menos três feridos e um ônibus incendiado, segundo as autoridades. Também ocorreram motins no bairro de Castela, onde os manifestantes foram reprimidos pela Esmad e um CAI também foi atacado.

Em outras cidades, como Cali, onde um número indeterminado de pessoas morreram durante os protestos, os confrontos também continuaram.

"Desejo rápida recuperação para nossos policiais. Obrigado à comunidade que se interpôs para que não fossem incinerados por desajustados sociais dentro das instalações do CAI Aurora", disse o comandante da Polícia de Bogotá, o general Óscar Antonio Gómez.

O Secretário de Governo de Bogotá, Luis Ernesto Gómez, afirmou que pelo menos 15 delegacias foram "vandalizadas" na capital, incluindo a de La Aurora. "Há uma escalada da violência. Um ônibus do transporte público acaba de ser incendiado próximo à Biblioteca Tintal, e o mesmo está ocorrendo em outras partes da cidade", acrescentou o secretário.

Diversas imagens do ataque à delegacia de La Aurora foram compartilhadas durante a madrugada por perfis colombianos nas redes sociais. Algumas delas mostram o exato momento em que o grupo de vândalos ateia fogo e arremessa o que parecem ser paus e pedras contra a base policial.

Diante da situação, a prefeita da capital colombiana solicitou auxílio do Ministério da Defesa para garantir a segurança de 2.825 pessoas privadas de liberdade em centros de detenção. Apesar do pedido, López garantiu que não vai militarizar a cidade, mantendo a segurança pública por meio dos agentes destinados a cumprir a função.

"Apenas gestores de convivência, mediadores de diálogo, comissões de direitos humanos e polícia metropolitana continuarão a se responsabilizar pela segurança e convivência nas ruas e bairros da cidade", escreveu a prefeita.

Embora a violência tenha sido a constante das manifestações, o som de panelaços também ecoou em Bogotá. Manifestantes pacíficos também acenderam velas dezenas de lugares, em atos para rejeitar a repressão policial e a violência dos últimos dias. Alguns dos protestos foram acompanhados por frades dominicanos, que marcharam pelas ruas da cidade.

As manifestações na Colômbia começaram na semana passada, após a apresentação de um projeto de reforma tributária ao Congresso pelo governo de Iván Duque. Os protestos foram duramente reprimidos, e algumas cidades do país, como Cali, converteram-se em verdadeiras zonas de conflito. Após dias de turbulência social, Duque retirou a proposta de reforma do sistema tributário, mas os atos continuaram.

Nesta terça-feira, Duque propôs diálogo com os manifestantes e convocou diferentes movimentos políticos, judiciais, empresariais e sociais do país para resolver problemas nacionais e dar fim à violência que, em sete dias deixou, oficialmente, pelo menos 19 mortos e centenas de feridos.

"Vamos instalar um espaço para ouvir os cidadãos e construir soluções em que as diferenças ideológicas não devem mediar, mas sim o nosso patriotismo mais profundo", declarou o chefe de Estado em pronunciamento na Casa de Nariño, sede do governo.

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