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Julgamento de acusados do 11 de Setembro é retomado após um ano e meio

Processo foi interrompido por questões ligadas à covid-19.

Um tribunal militar da base americana de Guantánamo retomou nesta terça-feira (07) o julgamento de cinco pessoas acusadas de participação nos ataques de 11 de setembro de 2001, orquestrados pela rede terrorista Al-Qaeda.

A reportagem do Estadão passou quatro dias na base naval da baía de Guantánamo em julho, e acompanhou as sessões da comissão militar que analisa o caso de um dos acusados, Majid Khan.

Ali, é raro achar presos que foram acusados formalmente por um crime. Mais difícil ainda que um julgamento chegue ao fim. Cerca de 780 passaram pelo presídio. A maioria foi transferida para outros países ainda nos governos Bush e Obama. Trump autorizou a saída de apenas um detento.

Entre os acusados está Khalid Sheikh Mohammed, apontado como o autor intelectual dos atentados que deixaram 2.977 mortos em Nova York, Washington e Shanksville, na Pensilvânia.

O processo havia sido paralisado por 18 meses por causa das restrições ligadas à covid-19, mas a sessão durou apenas duas horas e meia, sendo suspensa por questões processuais ligadas à indicação do novo juiz do caso, o coronel da Força Aérea Matthew McCall.

A expectativa é de que os trabalhos sejam retomados já nesta quarta-feira, mas não há previsão para um veredito.

Além de Khalid, compareceram ao tribunal Amar al-Baluchi, apontado como responsável por operações financeiras antes dos ataques, Walid bin Atash, que ajudou Khalid no planejamento, Ramzi bin al-Shibh, que atuava na chamada “célula de Hamburgo” da Al-Qaeda, e Mustafa al-Hawsawi, também responsável pela movimentação de dinheiro.

Todos podem ser condenados à morte caso sejam considerados culpados. O processo começou há nove anos, mas sofreu diversos atrasos por questionamentos relacionados à obtenção de provas enquanto eles estavam sob poder das autoridades americanas, alegadamente sob violência.

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Criada pouco depois do início da chamada Guerra ao Terror, a prisão de Guantánamo foi usada para abrigar acusados de terrorismo e de associação ao terrorismo, e serviu de cenário para graves violações dos direitos humanos, em especial tortura durante os interrogatórios, autorizada pelo então governo de George W. Bush (2001-2009).

O presidente Barack Obama (2009-2017) chegou a prometer fechar a instalação, mas seu sucessor, Donald Trump (2017-2021) decidiu mantê-la aberta. Em fevereiro, Joe Biden anunciou estudos para fechar a prisão até o final de seu mandato.

Ao longo das últimas duas décadas, cerca de 800 pessoas passaram por Guantánamo, mas o local abriga hoje 39 pessoas, incluindo os cinco réus hoje em julgamento.

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