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Ucrânia usa lançadores de foguetes da era soviética contra a Rússia

As armas foram criadas há 60 anos e utilizadas contra nazistas na 2ª Guerra Mundial.

Durante todo o dia, soldados ucranianos acampados em esconderijos sob as árvores aguardam ordens para disparar seu lançador de foguetes BM-21 Grad a uma curta distância das linhas russas. A arma de fabricação soviética é a versão da década de 1960 dos famosos “órgãos de Stalin” (ou Katiusha), arma da 2ª Guerra que aterrorizou soldados nazistas.

O poder de fogo dos quarenta tubos que lançam foguetes de 122 mm pode atingir alvos a até 20 km de distância. Muito atrás, as armas ucranianas atacam as posições russas. Estes respondem com um duelo de artilharia incessante, como ocorre em quase toda a linha de frente. Usando um boné invertido, Maksim, um homem barbudo de trinta e poucos anos, disse à AFP que o dia foi agitado.

“Esta manhã eles (os russos) atiraram contra nós de perto. Fomos forçados a descer para os abrigos. Está mais calmo agora”, diz ele, enquanto as trocas de tiros continuam.

O café acabava de ser servido em copos plásticos quando chega a ordem de comando. Os homens pegam suas armas, seus capacetes, seus coletes à prova de balas e correm em direção ao caminhão. O veículo liga seu poderoso motor com um rugido, e atravessa o campo aberto.

De repente, o caminhão para. Os tubos sobem, giram. Os ajustes finais são feitos. Três minutos após parar, cinco foguetes saem dos tubos um após o outro, gerando um barulho ensurdecedor. Cada foguete Grad, palavra que significa “granizo”, libera uma faísca de fogo em meio a uma espessa nuvem de fumaça.

É hora de partir: não se deixe ser percebido por radares inimigos, que podem desencadear uma resposta rápida e destrutiva. Rapidamente o caminhão retorna à sua “base” para se esconder.

Não se saberá muito sobre o alvo, pois ele deve permanecer em sigilo, nem sobre as técnicas que permitiram atingi-lo.

“A ordem do alvo a ser atacado foi recebida. Nós saímos, atingimos o alvo e voltamos”, diz um jovem oficial de 23 anos, cujo nome de guerra é Buk, que significa “faia”, como a árvore. Ironicamente também é o nome do sistema de mísseis russo que derrubou um avião comercial sobre esta região em 2014, causando 298 mortes.

Questionado sobre a eficácia do Grad nesta guerra - uma arma concebida há 60 anos - Buk considera que “a eficácia da arma depende de quem a usa”. “É eficaz porque tem um longo alcance e pode atingir muitos alvos”, acrescenta.

Quantas vezes por dia eles fazem essa manobra? “Isso depende do nível de nervosismo dos russos. Se eles não deixarem nossa infantaria em paz, sairemos muito mais”, diz.À decisão do presidente russo, Vladimir Putin, anunciada na quarta-feira, 21, de decretar uma mobilização “parcial” de 300.000 homens, Buk respondeu imediatamente: “Teremos muito para fertilizar a terra”.

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