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Rússia tira usina nuclear ucraniana da rede e sistema reserva resfria reatores

Se fluxo de energia for interrompido em Zaporizhzia, aumenta o risco de vazamento de material radioativo.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) anunciou nesse sábado, 3, que a usina nuclear ucraniana de Zaporizhzia, ocupada pela Rússia, voltou a perder conexão com a rede elétrica e permanece funcionando graças a uma linha de transmissão reserva. Em 25 de agosto, as instalações também haviam sido desconectadas do grid ucraniano em razão de bombardeios na área.

Na ocasião, autoridades ucranianas chegaram a distribuir comprimidos de iodo para moradores nos arredores da usina nuclear, como precaução em caso de vazamento de radiação. Os incidentes constantes em Zaporizhzia aumentaram o temor de um desastre nuclear em um país ainda assombrado pela explosão do reator da usina de Chernobyl, em 1986.

Zaporizhzia foi ocupada por forças russas logo no início da guerra, mas continua a ser administrada por funcionários ucranianos. Os dois lados se acusam mutuamente de bombardear o local.

A Ucrânia alegou que a Rússia está usando a usina nuclear como escudo, armazenando armas e equipamentos nas instalações, de onde lança ataques contra suas posições. Moscou diz que forças ucranianas dispararam imprudentemente contra alvos em Zaporizhzia.

Os cientistas da AIEA, no entanto, não se preocupam tanto com o fogo cruzado. Eles afirmam que os reatores de Zaporizhzia são protegidos por grossas cúpulas de contenção de concreto armado que podem resistir a um projétil de artilharia errante.

Os maiores temores se concentram justamente em uma possível falha no sistema de resfriamento dos reatores e das barras de combustível, que depende de um fluxo constante de energia. Se todas as conexões elétricas forem desligadas, o sistema passa a depender de um backup composto por geradores a diesel, que são menos confiáveis. Se eles falharem, os engenheiros têm apenas 90 minutos para evitar um desastre.

Após visitar a usina, na sexta-feira, Rafael Mariano Grossi, diretor da AIEA, disse que sua maior preocupação era que a segurança física da instalação estava relacionada a uma conexão confiável com o sistema de energia. Ele não citou russos e ucranianos diretamente, mas disse que as linhas de transmissão parecem ser o alvo preferencial dos ataques.

“Está claro que aqueles que têm esse objetivo militar sabem muito bem que a maneira de paralisar ou causar mais danos não é acertar os reatores, que são extremamente robustos”, disse Grossi. “Em vez disso, estão atingindo onde o estrago é maior, nas linhas de transmissão de energia, que são essenciais para o funcionamento da usina.”

Emergência

Neste sábado, Grossi disse que a presença dos inspetores da AIEA, que passaram a noite na usina nuclear de Zaporizhzia e puderam confirmar os danos na linha de energia externa, já estava se mostrando valiosa. “Nossa equipe em terra recebeu informações diretas, rápidas e confiáveis sobre o status operacional dos reatores”, disse.

Um dos seis reatores da usina nuclear, segundo os inspetores da AIEA, permanece em operação e está produzindo eletricidade para refrigeração dos reatores, além de energia para residências e fábricas ucranianas e outras funções essenciais de segurança.

Najmedin Meshkati, professor de engenharia civil e ambiental da Universidade do Sul da Califórnia, disse que a presença de monitores da AIEA na usina nuclear de Zaporizhzia era um fator positivo, mas alertou que só o tempo dirá se isso muda o comportamento das forças russas que controla m as instalações.

“Mesmo que a usina seja operada com segurança, ela pode ser usada como arma por Moscou. Zaporizhzia é uma peça vital de infraestrutura que pode abastecer 4 milhões de casas ucranianas”, disse. “As forças russas podem esperar que o foco internacional mude e então, quando os ucranianos mais precisarem mais de energia, durante o inverno (Hemisfério Norte), puxarem a tomada e desligar a usina.

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