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Política

Júnior do MP3 diz que lamenta silêncio de Wellington Dias

"Uma coisa eu estou lamentando: o silêncio do Governador é ensurdecedor. Porque ele é do PT e estou pré-candidato do partido, mas ele não me chamou para conversar", reclamou.

O pré-candidato a prefeito de Teresina pelo PT, Júnior do MP3, visitou a sede do GP1 e falou das expectativas a respeito da disputa e fez uma análise do cenário político atual. Sem papas na língua, ele criticou a administração do prefeito de Capital, Firmino Filho (PSDB) e afirmou que as necessidades básicas da cidade estão longe de serem atendidas.

Sobre o apoio do Partido dos Trabalhadores a sua pré-candidatura, Júnior do MP3 não escondeu a insatisfação com a falta de posicionamento do governador Wellington Dias, quanto a um possível apoio ao seu nome na disputa: “O silêncio do governador é ensurdecedor”.
Imagem: Lucas Dias/GP1Júnior do MP3(Imagem:Lucas Dias/GP1)Júnior do MP3

GP1: Porque decidiu se candidatar à Prefeitura de Teresina?

Júnior do MP3: Eu sou filiado ao PT há 25 anos e acredito no partido que sempre ocupou espaços para colocar as propostas para que o povo o conhecesse. Sou do tempo que a gente era detestado, mas agora temos os governos estadual e federal, graças as pessoas que sempre se comportaram na defesa daquilo que a gente acreditava. De lá pra cá, eu vi que a gente não cresceu muito em Teresina porque o PT como um todo não priorizou muito a militância daqui. Então ela vai envelhecendo. Não chegam nomes novos porque não tem nada que chame a atenção. Temos um governo que vai para o terceiro mandato e temos que fortalecer os sindicatos, os militantes aguerridos. Eu era pré-candidato a vereador e quando chamaram o companheiro Merlong para ser candidato eu achei importante, pois no momento de crise, de complicação, a gente ia ter candidato. Mas, ele declinou, depois foram postas duas pré- candidaturas: da Rosário Bezerra e do Daniel Oliveira. Foi massa porque podíamos decidir por duas candidaturas, mas que se retiraram também.

Eu fiquei pensando, 25 anos filiado ao partido que nunca deixou de ter candidatura própria. Eu tenho uma pré-candidatura a vereador muito bem colocada, mas vou abrir mão disso e colocar meu nome à disposição. Pra minha surpresa, quando coloquei meu nome já tive o apoio de 30% do diretório e, além disso, não apareceram outros nomes. Portanto, acabou ficando meu nome como pré-candidato. Não é sacrifício ajudar meu partido é como se eu tivesse dizendo estou do seu lado, estamos juntos para o que der e vier. E mostrar o que foi feito nos âmbitos nacional e local.

GP1: Quem vai compor como vice em sua chapa?

Júnior do MP3: Quem tem credibilidade e autoridade para fazer essa escolha é o diretório municipal. Eu só estou participando das discussões, mas a autoridade máxima é do diretório que vem fazendo as conversas internas e depois externas. Sou agregado dessa discussão, pois a executiva vai analisar os partidos que não lançarão pré-candidatos a prefeito.

GP1: Mesmo o PT tendo pré-candidato, o jornalista Amadeu Campos afirmou que vai buscar o apoio do Partido dos Trabalhadores. Como você analisa?

Júnior do MP3: Acho que o PT sempre teve candidatura própria e acredito que agora não vai abrir mão disso para ser vice em alguma chapa. É difícil o PT voltar atrás. Outra coisa, no momento de crise não vamos nos esconder, vamos às ruas mostrar a cara, dizer se erramos e pedir perdão ao povo, porque ninguém pede desculpa tem é que pedir perdão mesmo. Dizer as coisas que fizeram de errado e mostrar que não concordamos com os erros que cometeram e reafirmar que estes têm que ser punidos na forma da lei.

A gente não passa a mão na cabeça de ninguém, principalmente se for do PT, porque passamos a vida toda dizendo: não erre, não roube, não cometa crime, e de repente alguns poucos companheiros maculam a imagem do partido. Têm que ser punidos e execrados na forma da lei. A gente é bom de retórica e de apontar o dedo na cara dos outros dizendo que eram ruins. Vamos mostrar que a gente não aceita desvio de conduta dos nossos militantes. Mas, por outro lado, não venham dizer que o PT só tem coisa ruim que não é verdade. Temos o PROUNI, o ENEM, Minha Casa Minha Vida, conseguimos democratizar os espaços das pessoas, tem muitas coisas boas.

GP1: Correu no meio político que a droga encontrada em uma radiola do Projeto MP3 havia sido plantada para prejudicar sua pré-candidatura. O senhor acredita nisso?

Júnior do MP3: Eu não alimento isso, não foi. Acho que em Teresina as pessoas não fazem isso. O que aconteceu foi que o galpão estava cheio de lixo antigo e fomos abrindo só os novos. Essa radiola era muito obsoleta e já estava há muito tempo lá dentro. Quando abrimos para separar somente a parte plástica para vender, foi que achamos a droga. Não fizemos espetáculo para poder aparecer. Além disso, o Projeto é muito mais importante do que a nossa pré-candidatura.
Imagem: Lucas Dias/GP1Júnior do MP3(Imagem:Lucas Dias/GP1)Júnior do MP3

GP1: Como analisa a administração do prefeito de Teresina Firmino Filho?

Júnior do MP3: Ele administra a cidade para um grupo seleto, para as pessoas que têm um poder aquisitivo alto. Uma parte da sociedade é prestigiada há muito tempo e uma outra não tem transporte público de qualidade. Enquanto o prefeito estiver sendo assessorado pelo ex-reitor da Universidade Federal, Charles da Silveira e pelo grande chefe que ajuda os empresários, que é o Edson Melo, continuaremos sem ter transporte de qualidade. Temos só 18% de saneamento básico e o prefeito já esta aí há 30 anos e não conseguiu ampliar nem para 50%. Enquanto isso, estamos poluindo os nossos rios. A coleta de lixo é arcaica, não tem coleta seletiva. Não temos escolas e nem creches em tempo integral. O Firmino não criou as praças para o jovem. Isso porque a secretaria da Juventude só serve para acomodar os apaniguados. Nós não estamos no presente e sim no passado. A cidade tem ruas sem calçamento.

Tudo que a gente consome vem de fora e as hortas comunitárias da Prefeitura são só para enganar o povo. As pessoas fazem a parte delas, mas o executivo não compra. Teresina está cheia de terrenos em desuso, por isso vamos incentivar a ocupação. As nossas crianças são mal tratadas quando precisam de atendimentos e os médicos fazem despacho e não atendimentos, pois muitas vezes nem olham para as crianças.

GP1: Analise o apoio do PT a sua pré-candidatura

Júnior do MP3: Uma coisa eu estou lamentando: o silêncio do governador Wellington Dias é ensurdecedor. Porque ele é do PT e estou pré-candidato do partido, mas ele não me chamou para conversar, não disse nada. Não é que ele seja mais importante do que todos nós, ao contrário, o Wellington Dias é mais um filiado. Mas, é governador, uma liderança do partido. Ele vai para o encontro dos outros partidos e até hoje não foi ao diretório municipal conversar com a gente. Por isso, digo que esse silêncio é ensurdecedor.

GP1: Então acredita que o governador Wellington Dias não é favorável a sua pré-candidatura?

Júnior do MP3: Eu acredito que ele deva participar mais, conversar mais, uma liderança só é importante quando fortalece o partido. Quando ela se omite, não é mais uma liderança. O governador tem que reparar isso. Em um partido, todos têm que ter espaço. Um dia o governador teve na mesma situação que eu. Quem o levou a esse patamar foi o PT, a militância. O Wellington não era nada dentro do partido. Nós que nos sacrificamos para eleger ele vereador, deputado estadual, federal, governador e senador. Na última eleição, mesmo com o alto índice de ganhar no primeiro turno, ele ficou só com alguns partidos nanicos e a militância do PT. Os aliados que agora estão ao lado dele, não estavam. Quem estava ao lado dele éramos nós. Por isso, acho que está na hora do governador fortalecer o partido em Teresina, talvez nos ajudando nesse sentido, a gente consiga animar a militância do partido. Isso fortalece a candidatura do partido. Fico com pena de algumas lideranças que não querem se manifestar porque o governador não se manifestou ainda.

Outra coisa que devemos parar de fazer no PT é o culto a personalidade. E nesse momento estamos fazendo isso. O partido não pode botar outro nome porque se não for o Lula não será mais ninguém. Não pode isso, o partido tem que forjar o aparecimento de novas lideranças. Não estamos conseguindo fazer isso porque não tem abertura dos nossos companheiros que estão ocupando espaços. Quem está na linha de frente não é do exército de ocupação. O governador Wellington Dias sabe como é ruim ficar sozinho, não ter parceiros, ficar abandonado. Está na hora dele dizer que o partido vai ter candidatura. Quero ver meu partido crescer.

GP1: O Brasil passa por um momento conturbado com pedidos de impeachment da presidente Dilma e com acusações contra o ex-presidente Lula. Como você vê essa situação?

Júnior do MP3: Com relação à Dilma, não foi provado nada contra ela e se não foi ela não cometeu nenhum crime. As pedaladas foram explicadas, pois foram para fazer investimentos e nisso não tem crime. Não tem nada no nome dela, nem aqui e nem na Suíça, portanto, ela não é culpada, é uma questão política. Desde que o PSDB perdeu eles estão querendo tirar o governo para assumir. Eles não têm votos e querem assumir e ainda tem um machismo por ser uma mulher. Qualquer coisa que acontecer com relação a isso é golpe. Sou contra o impeachment, pois nada foi provado se tivesse prova, eu seria o primeiro está na linha de frente a pedir a punição da presidente Dilma.

A respeito do Lula, primeiro que os grampos foram ilegais. Não vou comentar porque não foi autorizado que aquelas conversas particulares do presidente pudessem ser divulgadas. O Sérgio Moro fez uma divulgação criminosa. Aquelas falas, a gente diz no particular. O que eu acho ruim no PT é que o Lula não poderia ser o nosso único expoente. O PT tem que parar com essa história de fazer culto a personalidade. Tem que ter outras lideranças, outras pessoas. Cometeram crime merecem ser expulsos. O partido tem é que dizer que não concorda e punir como os que já estão presos.
Imagem: Lucas Dias/GP1Júnior do MP3(Imagem:Lucas Dias/GP1)Júnior do MP3

GP1: Como analisa o aparecimento de piauienses na lista de políticos que teriam recebido dinheiro da empresa Odebrecht?

Júnior do MP3: No caso do Firmino, ele deu entrevista dizendo que não recebeu. Por isso, eu quero acreditar que nenhum deles recebeu. Todos têm direito ao contraditório. Não é só porque sou pré-candidato e o fato dele não está fazendo uma boa administração, que vou culpá-los. Depois, tem a justiça para fazer isso. Tem que primeiro acreditar na palavra das pessoas. Não é uma eleição que vai nos transformar em um bárbaro. Até que se prove ao contrário todos são inocentes.

GP1: Que mensagem deseja deixar aos teresinenses?

Júnior do MP3: Sou filho de Teresina e queria que me dessem uma chance, pois sei de verdade das adores da nossa cidade. Eu trabalho na periferia e sinto o sofrimento das mães, o desespero dos pais e das comunidades que não tem saneamento de qualidade, coleta de lixo, não tem saúde, não tem educação. Quero ter esse direito de administrar minha cidade, pois, independente de política eu já faço a minha parte. Já fui educador de rua, Conselheiro Tutelar, diretor do CEM e conheço Teresina.
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