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Teresina - Piauí

Salve Rainha afirma que não vai deixar o movimento se abater

Através de uma nota de esclarecimento, o movimento Salve Rainha disse que a existência de um protesto de artistas e do público no Parque da Cidadania faz parte da conjuntura nacional.

Nesta segunda-feira (21), o movimento Salve Rainha, que tem como objetivo a valorização do cenário cultural em Teresina, lançou uma nota de esclarecimento em relação ao fato que ocorreu na apresentação de uma banda, no último domingo (18), no qual alguns músicos estavam despidos de vestimentas, o que ocasionou repúdio em visitantes do espaço, que justificaram que o local é um espaço de lazer aberto a qualquer público da cidade e que poderia causar constrangimento em quem estivesse visitando o lugar.

O coordenador da Superintendência de Desenvolvimento Urbano (SDU) Norte de Teresina, João de Pádua, informou que os responsáveis pelo o movimento serão chamados e será feita uma reunião, junto com a SEMEST (Secretaria Municipal de Economia Solidária) com a finalidade de ressaltar a proibição desses atos em locais públicos.

  • Foto: DivulgaçãoAto de nudez no Parque da Cidadania em TeresinaAto de nudez no Parque da Cidadania em Teresina

Em resposta, os responsáveis pelo o movimento Salve Rainha lançaram uma nota de esclarecimento no Facebook, informando que a organização do movimento não interfere nas apresentações, exposições, intervenções ou performances. "No caso de um show, por exemplo, isto seria até mesmo impraticável, por ser algo que acontece de imediato no palco e não tem como intervir previamente... O que presenciamos foi a livre manifestação política dos artistas, em um momento em que o país vive uma conjuntura especial. Existe uma onda de protestos por todo o Brasil, não apenas em Teresina", informou em nota.

Confira a nota na íntegra

O Salve Rainha é uma tecnologia social de valorização do Patrimônio Cultural de Teresina. Assim sendo, sempre se propôs a ocupar áreas públicas e abraçar situações de vulnerabilidade, mobilizando centenas de artistas e possibilitando ao público acesso livre e gratuito às mais diversas formas de expressão e o contato com os seus criadores.

Recebemos manifestações artísticas variadas, da galeria ao palco, em dois anos de (r)evolução e força. E cada talento recebido se mostra e se revela de acordo com a sua verdade, da maneira que achar mais conveniente e apropriada para expressar a sua arte. Nós não interferimos nas apresentações, exposições, intervenções ou performances. Não fazemos ingerência sobre o que é exposto, apenas uma curadoria ao que é produzido anteriormente, sem nenhuma forma de censura. No caso de um show, por exemplo, isto seria até mesmo impraticável, por ser algo que acontece de imediato no palco e não temos como intervir previamente.

Nossos métodos não poderiam ser diferentes, afinal, qualquer forma de censura à expressão artística iria contra a natureza do nosso coletivo. Proporcionamos ao público um diálogo pacífico e respeitoso sobre os temas que são trazidos ao nosso espaço. Nós acreditamos na liberdade de expressão consagrada pela Constituição Federal, inclusive a liberdade aos artistas, como consta no Art. 5o, inciso IX: é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença.

No domingo do dia 18 de setembro recebemos com muita alegria na primeira Bienal do Salve Rainha a nossa, também primeira, atração nacional, em um local específico para manifestações artísticas. Uma mulher feminista, que estava protestando por igualdade de direitos, utilizando o corpo dela, após as 22h. Um homem gay vestido de drag queen, levantando a bandeira da desconstrução.

O que presenciamos foi a livre manifestação política dos artistas, em um momento em que o país vive uma conjuntura especial. Existe uma onda de protestos por todo o Brasil, não apenas em Teresina. Ações vem acontecendo em qualquer tipo de evento, bem como nas Casas Parlamentares e em frente ao Supremo Tribunal Federal. Haver um protesto de artistas e do público no Parque da Cidadania faz parte desta conjuntura nacional.

O coletivo Salve Rainha não tem o poder de barrar esses movimentos, que também receberam o apoio das pessoas presentes, entre homens, mulheres, cis, gays, trans e todas as chamadas minorias. Por isso, não vamos nos abater ou recuar diante dos que tentam deslegitimar uma ação que se desenvolveu na mais completa paz. Estamos conscientes dos nossos direitos e não vamos permitir desrespeito com o nosso público.

Estamos juntos, seguimos em paz e com muito amor nos nossos corações. Mantemos sempre o nosso lema: resistir, insistir e existir.

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