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Teresina - Piauí

“Intenção era me matar e se matar”, diz jovem esfaqueada pelo ex no Promorar

Sara Laís de Sousa Matos, 22 anos, foi esfaqueada no pescoço na frente da filha de apenas 2 anos.

Sara Laís de Sousa Matos, 22 anos, que foi esfaqueada no pescoço na frente da filha de apenas dois anos de idade pelo ex-companheiro, José Albuquerque, na última quarta-feira (13), dentro de sua residência no bairro Promorar, zona sul de Teresina, prestou depoimento na manhã desta segunda-feira (18), à delegada Nathália Figueiredo, no Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).

Em entrevista à imprensa, Sara Laís relatou que quando a filha viu que ela havia sido esfaqueada, não esboçou reação, ficou apenas observando, sem entender o que estava acontecendo e que só depois de cometer o crime, José Albuquerque se deu conta do que havia feito. Segundo ela, ele queria matá-la e depois cometer suicídio.

“Ela estava presente, viu tudo, viu sangue, ficou observando. Ela não chorou, mas viu que tinha algo estranho. Inocente, não entendeu. Tiveram momentos em que ele caiu em si e perguntou: ‘minha filha o que que vai acontecer com a minha filha? Quem é que vai cuidar da minha filha?’ Porque a intenção era me matar e se matar”, relatou Sara Laís.

Acusado tinha uma chave reserva

Segundo Sara Laís não houve nenhuma discussão entre os dois que pudesse culminar com o crime. Ela disse que José Albuquerque tinha uma chave reserva da casa que ela não tinha conhecimento que ele havia feito e que já chegou com uma faca.

“[Ele entrou] com uma terceira chave. Eu não tinha conhecimento dessa terceira chave, só tenho conhecimento de duas chaves, que estão comigo. Não houve nenhuma discussão, nem mesmo antes [do crime]. Em nenhum momento a gente brigou de levantar a voz e não iria ser nesse momento que a gente ia brigar de se bater, de se arranhar, de empurrar, de chutar e de pegar a faca e golpear no outro. Essa faca pertencia a ele”, declarou Sara.

Sem histórico de agressão

A jovem relatou ainda que não havia histórico de agressão entre os dois e que após o término eles conviviam normalmente, até mesmo como amigos.

“Nenhuma agressão, nem levantar a voz. Ele me dava tudo que eu queria. Ele era muito amoroso e paciente com tudo. [Após o término], tínhamos relação de amizade, de ir para o shopping com a nossa filha, de compartilhar momentos, dele levar almoço pra mim, de eu ajudar ele. Inclusive mais saudável do que qualquer outro relacionamento que acaba e tem uma filha”, explanou Sara Laís.

Acusado levou a vítima para o hospital

Sara Laís afirmou que depois de muito conversar com o agressor, o convenceu a levá-la para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do bairro Promorar. De acordo com a vítima, o atendimento rápido foi primordial para ela conseguir sobreviver.

“Foi ele que me levou para a UPA. A gente passou mais de 1h negociação. Eu falei para ele que se ele me levasse para a UPA ainda de madrugada nós iriamos passar menos despercebidos porque no final das contas eu queria o bem dele. Ele queria me levar para UPA só de manhã, mas eu falei que se ele me levasse só de manhã eu não estaria viva e ele seria percebido. Como eu já estava agonizando, derramando muito sangue, fiquei com medo de ter um desmaio e morrer engasgada com o próprio sangue. Foi o único jeito que eu o convenci de me levar naquele momento foi que de manhã a nossa filha iria ficar mais desamparada ainda do que a noite ele levando-a para a casa da avó dela”, destacou a vítima.

Vítima perdoou o agressor

Apesar da agressão, Sara Laís garantiu que já perdoou seu agressor e que não deseja o pior para ele. Ela disse que vai seguir em frente e quer que aprenda a tirar uma lição do crime que cometeu.

“Eu já segui em frente e quero que ele siga também. Já perdoei. Inclusive quando ele me deixou na UPA eu disse para ele que já perdoei. Eu sobrevivi perdoando. Eu sei que vai ter condenação, eu não sei se ele está em um momento de pegar tudo que ele quer e ressignificar de maneira positiva ou se ele vai se aprofundar na negatividade e vai se destruir de vez. Tudo que ele o tinha destruiu. Ele tinha emprego, amigos, família, ia para igreja, tinha uma vida perfeita. Não sei se ele vai querer seguir, mas espero que ele siga, que ele aprenda, espero que ele tenha um acompanhamento psicológico porque foi a principal coisa que levou ele a fazer o que ele fez. Em nenhum momento eu desejo o mal, que ele fique preso para sempre, que ele pague, que ele sofra na cadeia, inclusive me preocupo muito”, desabafou Sara.

Nova oportunidade

Conforme Sara Laís, apenas dois centímetros livraram ela da morte. Ela garantiu que está bem e que agora vai aproveitar a oportunidade de sobreviver.

"Eu estou sendo bem cuidada, estou tendo todo o apoio, graças a Deus. Tem pessoas que me amam do meu lado. Eu estou muito bem de saúde. Eu estou toda positiva, eu só quero aproveitar a oportunidade de sobreviver porque como a médica disse foi dois centímetros que eu não morri. Se a faca estivesse passado mais dois centímetros, eu não sobreviveria", concluiu Sara Laís.

Entenda o caso

Uma jovem identificada como Sara Laís de Sousa Matos, de 22 anos, foi esfaqueada pelo ex-companheiro, identificado como José Albuquerque, na madrugada da última quarta-feira (13), por volta de 4h, dentro de casa no Conjunto Promorar, zona sul de Teresina. O crime foi presenciado pela filha da vítima, que tem apenas 2 anos.

O GP1 apurou que a vítima estava separada do acusado há três meses, no entanto, ele não aceitava o término do relacionamento. Por conta disso, invadiu a residência dela nesta madrugada e durante uma discussão a esfaqueou no pescoço.

De acordo com o sargento Nascimento, do 22º Batalhão da Polícia Militar, o próprio suspeito se apresentou à polícia e confessou que tinha cometido o crime. “Segundo a informação prestada por ele, ele encontrou ela na casa e foram as vias de fato [luta corporal], então ele pegou uma faca e a esfaqueou no pescoço, 4h da madrugada. Depois do crime ele foi ao Quartel da PM do Promorar e depois se apresentou ao 4º DP”, detalhou o sargento.

No 4º Distrito Policial, ele foi preso em flagrante e conduzido pelos policiais civis à Central de Flagrantes de Teresina para os procedimentos cabíveis ao caso. Ainda não se sabe o estado de saúde da vitima.

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