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Teresina - Piauí

Hospital São Marcos pode fechar por falta de recursos, afirma direção

Segundo a direção, o recurso repassado pelo poder público ao hospital está defasado há 17 anos.

A direção do Hospital São Marcos, que é considerado o maior hospital filantrópico do Piauí voltado para o tratamento oncológico, informou na tarde desta quinta-feira (18), que a casa de saúde pode fechar as portas devido a dificuldades financeiras.

Em entrevista ao GP1, o advogado Joaquim Almeida, membro da direção do hospital, informou que a unidade de saúde trata mais de 95% dos casos de câncer dos estados do Piauí, Maranhão e Pará gratuitamente através do Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o recurso repassado pelo poder público ao Hospital São Marcos está defasado há 17 anos.

Foto: Lucas Dias/GP1Hospital São Marcos
Hospital São Marcos

“Nós trabalhamos com o SUS, 70% de todas as nossas atividades é do SUS, nós somos o maior centro oncológico dessa região, somos um hospital de alta complexidade na área oncológica, 98% dos pacientes do SUS com câncer são tratados lá, 100% de todas as crianças com câncer no estado do Piauí e de outros estados, Maranhão e Pará, são tratados lá, então é uma lástima, porque é uma coisa que a gente tem que encarar, conversar com o poder público, porque o poder público é responsável por isso. Ele é responsável por dar esse serviço e quem for dar precisa continuar e precisamos encontrar uma solução. Nós temos a tabela do SUS que está há 17 anos defasada, que causa um déficit as entidades filantrópicas, o que mantém o SUS aberto são essas entidades, elas mantêm o SUS aberto, as verbas do SUS já não pagam o valor das despesas”, desabafou o diretor.

Ainda de acordo com Joaquim Almeida, os enfermeiros, auxiliares de enfermagem, técnicos de enfermagem e porteiros são merecedores do novo piso salarial sancionado pelo Governo Federal, mas, segundo o diretor, o valor da despesa com o pagamento do novo salário desses profissionais vai ser milionário e o hospital não tem dinheiro para paga-los.

“A questão do piso salarial, quem que não é a favor que nossa enfermagem seja bem paga, receba o que merece? Eu sou a favor, mas não há recursos para se pagar, porque os recursos que vêm não são suficientes. Você acaba de fazer um contrato e no meio vem uma situação completamente nova, situação que você não sabe da onde você vai tirar o recurso para pagar”, declarou o advogado.

O diretor classificou o fechamento do São Marcos como um grande prejuízo para a população piauiense. “É um grande prejuízo, porque o Hospital São Marcos é uma referência nacional, ele não atende somente ao Piauí, na área de oncologia, pelo seu corpo técnico, pela sua estrutura, pelo seu grau de conhecimento, por toda essa equipe, é uma das maiores empresas do Piauí, foi pioneira na cardiologia, na neurologia, em vários setores e tem oncologia de ponta, que presta serviços a pessoas que não tem condições nenhuma, que não tem plano de saúde, que não tem nada, a quantidade de cirurgias e consultas que são feitas por ano são impressionantes, que não podem de repente serem jogadas no lixo. É um grande atendimento”, finalizou Joaquim Almeida.

Associação Piauiense de Combate ao Câncer Alcenor Almeida divulga nota

A Associação Piauiense de Combate ao Câncer Alcenor Almeida (APCCAA), também divulgou nota prestando esclarecimento sobre a dificuldade financeira enfrentada pelo Hospital São Marcos diante do reajuste salarial dos profissionais da enfermagem.

Confira a nota na íntegra:

A Associação Piauiense de Combate ao Câncer Alcenor Almeida (APCCAA) vem a público esclarecer sobre a situação financeira gerada pela promulgação da Lei nº 14.434/2022, que fixa o piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiros, bem como suas consequências para a continuidade de suas atividades no hospital São Marcos.

O Hospital São Marcos é entidade filantrópica em atividade há quase 70 anos, prestadora de serviços de saúde e único Centro de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) do Estado do Piauí. Presta serviços ao Sistema Único de Saúde (SUS), trata mais de 95% do total de casos de câncer dos piauienses, além de que todos os casos de câncer em crianças e adolescentes que não tem planos de saúde privados no Estado são tratados pelo hospital.

A recente promulgação da lei que fixa o piso salarial para os profissionais de Enfermagem, a partir do momento que não estabelece a fonte dos recursos, demanda grandes despesas imediatas para o hospital, pondo em risco o pleno exercício de suas atividades. Como já noticiado pela mídia nacional e manifestado pela Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas - CMB, a maioria das instituições filantrópicas do país não tem recursos financeiros suficientes para arcar com estes efeitos; com o hospital São Marcos a situação não é diferente.

Desta feita, haverá um acréscimo de despesas mensais milionário ao hospital, que não conseguirá arcar com seus compromissos e será obrigado a restringir a prestação de serviços de saúde.

Importante registrar o respeito, admiração e gratidão aos profissionais de Enfermagem, o reconhecimento da importância de seu papel e a concordância com a necessidade de constante valorização da categoria. Todavia, a lei sancionada, como foi, trará consequências drásticas à população piauiense e à própria categoria profissional, com risco de diminuição das oportunidades de trabalho

Vale destacar que a direção está empregando todos os esforços junto ao Poder Público, já tendo notificado os entes federados bem como as autoridades públicas competentes, com o objetivo de obter fontes de financiamento para cumprir a lei de forma sustentável

Contudo, caso não haja uma solução para o problema, diante de todo o cenário apresentado, terá de encerrar as atividades do hospital.

Teresina, 18 de agosto de 2022

GUSTAVO ANTONIO BARBOSA DE ALMEIDA - PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO PIAUIENSE DE COMBATE AO CÂNCER ALCENOR ALMEIDA

DIRETOR GERAL DO HOSPITAL SÃO MARCOS

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