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Uruçuí - Piauí

Veja como funcionava esquema criminoso que desviou R$ 14 milhões da Prefeitura de Uruçuí

Investigações culminaram no afastamento do prefeito Francisco Wagner Pires Coelho, o Dr. Wagner.

Dando continuidade à série de reportagens com detalhes do caso envolvendo o afastamento do prefeito de Uruçuí, Dr. Wagner (Progressistas), o GP1 divulga com exclusividade, nesta quinta-feira (30), informações que revelam como funcionou o esquema criminoso envolvendo a empresa Ambientar Construções, servidores municipais e parentes do prefeito, que desviou cerca de R$ 14 milhões dos cofres públicos.

O afastamento do prefeito ocorreu a pedido do Ministério Público do Estado do Piauí, que, por meio do Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado - GAECO, formulou uma representação criminal denunciando o esquema criminoso que desviou milhões das contas da Prefeitura de Uruçuí.

Foto: Alef Leão/GP1Dr. Francisco Wagner Pires Coelho, prefeito de Uruçuí
Dr. Wagner

Conforme o Ministério Público, os desvios ocorreram por meio de fraudes em licitações e contratos durante a gestão de Dr. Wagner. Segundo o GAECO, após investigações, foi identificada a existência de movimentações financeiras suspeitas entre a empresa Ambientar Construções e Serviços Eireli, seus sócios e parentes, e o prefeito Dr. Wagner, seu filho Elano Martins Coelho, demais parentes, além de servidores do Município de Uruçuí.

O GAECO denunciou e pediu o afastamento e a prisão preventiva de Dr. Wagner, bem como a prisão de outras pessoas envolvidas no esquema, cujas identidades serão reveladas mais adiante.

Como funcionava o esquema

Por meio da quebra de sigilo bancário dos envolvidos, o GAECO verificou que a empresa Ambientar Construções recebeu da Prefeitura de Uruçuí o valor aproximado de R$ 14,5 milhões e sacou em espécie R$ 4 milhões. Tal conduta, segundo o GAECO, está associada à prática de lavagem de dinheiro oriundo de corrupção, uma vez que dificulta o rastreamento dos valores.

Durante as investigações, foram identificadas as seguintes pessoas envolvidas no esquema:

Denilson Magno Martins Rezende – primo de Elano Martins Coelho, filho de Dr. Wagner. Conforme o Ministério Público, ele recebeu da empresa Ambientar Construções o valor total de R$ 589.802,00 (quinhentos e oitenta e nove mil, oitocentos e dois reais), fracionado em diversas movimentações financeiras realizadas entre os anos de 2017 e 2020.

Gabriel Mendes Borges – diretor de Transporte do Gabinete do prefeito de Uruçuí. Consta na denúncia do GAECO que ele depositou na conta de Dr. Wagner a importância de R$ 131.250,00 (cento e trinta e um mil e duzentos e cinquenta reais), entre os dias 14/09/2017 e 11/03/2020. No dia 5 de agosto de 2019, ele fez um depósito de R$ 9.650,00 (nove mil seiscentos e cinquenta reais) na conta de Elano Martins Coelho, filho do prefeito. Já em 27 de janeiro de 2021, ele recebeu em sua conta bancária o valor de R$ 4 mil da empresa Ambientar Construções, bem como o valor de R$ 8.706,00 (oito mil setecentos e seis reais) do prefeito Dr. Wagner, entre os dias 28/07/2020 e 23/02/2021.

Demerval Pereira da Silva Júnior – filho de Demerval Pereira da Silva (sócio da Ambientar Construções), ele recebeu, no período de 28/12/2017 a 11/11/2020, o montante de R$ 249 mil da referida empresa.

Odília Pereira Neta da Silva – casada com Demerval Pereira da Silva (sócio da Ambientar Construções), recebeu da empresa, entre 2017 e 2021, o valor total de R$ 66.355,00 (sessenta e seis mil, trezentos e cinquenta e cinco reais).

Indústria Construções Comércio e Imobiliária – a empresa, que tem como sócia Odília Pereira Neta da Silva e como procurador Demerval Pereira da Silva, recebeu diversas transferências da empresa Ambientar Construções.

Ao analisar a representação do Ministério Público, o desembargador Erivan Lopes verificou a existência de um "vínculo estreito" entre os investigados, de modo que as inúmeras movimentações financeiras envolvendo empresas, servidores públicos, parentes e o próprio prefeito Dr. Wagner indicam a utilização de "laranjas" com o fim de viabilizar o desvio do dinheiro público.

"Verifica-se que as pessoas acima arroladas possuem vínculo estreito com os investigados Francisco Wagner Pires Coelho, Elano Martins Coelho e Ambientar Construções, seja por parentesco ou ocuparem cargos de confiança na Administração Municipal. As movimentações financeiras especificadas sugerem a utilização de pessoas interpostas, conhecidas como 'laranjas' ou 'testas de ferro', com o fim de viabilizar o desvio de dinheiro público e dificultar seu rastreamento", ressaltou o desembargador.

Afastamento do prefeito

Dr. Wagner foi afastado da Prefeitura de Uruçuí por ordem do desembargador Erivan Lopes em decisão proferida no dia 1º de fevereiro. Contudo, a sentença só foi publicada após o decurso do prazo para cumprimento dos mandados de busca e apreensão em desfavor dos investigados no processo.

Em despacho expedido no dia 24 de março, o desembargador Erivan Lopes determinou a imediata publicação da decisão de afastamento e determinou que a Câmara Municipal de Uruçuí fosse notificada para adotar as providências necessárias no sentido de dar posse ao substituto de Dr. Wagner durante seus 180 dias de afastamento.

Quanto ao pedido de prisão preventiva dos investigados, o desembargador Erivan Lopes negou o pleito, argumentando que a imposição da prisão não se fazia necessária, ao menos naquele momento, para assegurar a ordem pública.

No dia 28 de março, o então vice-prefeito Stanley Carvalho assumiu o cargo de prefeito, função que vai exercer enquanto durar o afastamento de Dr. Wagner.

Outro lado

Dr. Wagner não foi localizado para comentar o caso.

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