Em meio à corrida eleitoral de 2026, o senador Ciro Nogueira (Progressistas) tem ampliado suas articulações e não tem se limitado apenas a aliados tradicionais. Mesmo sendo o principal nome da oposição ao governador Rafael Fonteles (PT), o senador tem atraído prefeitos de diferentes legendas, inclusive do Partido dos Trabalhadores (PT), seu principal adversário político no estado.
A estratégia de Ciro não encontra resistência entre todos da base governista. O deputado federal Júlio César (PSD), por exemplo, adota um discurso mais pragmático e defende a autonomia dos gestores municipais.

"A escolha é do prefeito. Nós respeitamos. Temos uma identidade muito forte com os gestores, como já falei, e até lá muita coisa pode mudar. Até porque, na avaliação popular, o nosso maior comandante, o Rafael, que vai liderar o pleito, está com mais de 80% de aprovação." afirmou.
No entanto, outros parlamentares da base avaliam o movimento de forma crítica. O deputado estadual João de Deus (PT) mandou um recado direto aos correligionários que têm se aproximado de Ciro Nogueira. Segundo ele, a prioridade do PT é eleger dois senadores alinhados ao presidente Lula (PT) e não há espaço para infidelidade dentro da base.
"O Piauí não pode abrir mão de eleger dois senadores da base do Governo Lula. Não dá para ter prefeito do nosso partido reforçando o time adversário, declarou João de Deus.
Ciro amplia base e aposta na transversalidade política
Apesar de ser oposição declarada ao Palácio de Karnak, o senador Ciro Nogueira segue firme na articulação para garantir sua reeleição ao Senado. Com um discurso voltado para o municipalismo, tem reunido prefeitos de diversas legendas e liberado recursos para cidades geridas até mesmo por petistas.
Somente no dia 27 de junho, destinou mais de R$ 26 milhões (exatos R$ 26.208.876,40) a 50 municípios piauienses, entre eles duas cidades administradas por prefeitos do PT. Ciro afirma que sua atuação independe de vínculos partidários e que sua prioridade é garantir obras e investimentos.
Atualmente, o senador já conta com o apoio de 214 prefeitos no estado, número expressivo que o coloca em posição confortável na disputa. Em seu gabinete, o fluxo de visitas de gestores aliados ao governador Rafael Fonteles tem aumentado, reforçando o incômodo interno na base petista.
Racha interno no PT expõe fragilidade estratégica
A crescente aproximação entre Ciro Nogueira e lideranças municipais da base do governo tem gerado desconforto. A chamada “votação descolada”, tem se fortalecido em cidades como Parnaíba, Floriano e Campo Maior.
A possibilidade de alianças informais entre Ciro e lideranças petistas reforça o alerta de que, apesar da alta aprovação de Rafael Fonteles, o controle sobre a fidelidade eleitoral dos prefeitos está longe de ser garantido. A posição de Júlio César, embora alinhada ao governo, demonstra que parte da base tem preferido manter pontes com o senador oposicionista, de olho em recursos e apoios futuros.
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