O professor Charles Silveira, que pediu exoneração do comando da Fundação Municipal de Saúde (FMS) de Teresina nessa quarta-feira (2), revelou que deixou a presidência da pasta por divergências administrativas. Ele, que já havia deixado a FMS nessa gestão e retornou, ressaltou que discorda da forma como o prefeito Sílvio Mendes (União Brasil) tem conduzido a administração e relatou dificuldades em honrar compromissos financeiros, de modo a garantir o pleno funcionamento das unidades de saúde.
O agora ex-presidente da FMS afirmou, em entrevista à TV Cidade Verde, que a pasta tinha R$ 100 milhões em conta, mas não conseguiu pagar fornecedores e garantir o abastecimento de insumos e medicamentos, por conta de medidas burocráticas impostas pela gestão.

“Em função da grande burocracia que se instalou dentro da prefeitura, a gente não conseguia dar vazão à necessidade da população, para atendimento de todas as Unidades Básicas de Saúde e dos hospitais. Hoje, na Fundação, temos mais de cem milhões de reais em conta, e não conseguimos pagar os nossos fornecedores, não conseguimos fazer deslanchar, pela desmedida que foi adotada, em pareceres referenciais da própria Procuradoria do Município, para que se pudesse fazer pagamentos”, declarou o professor.
Situação extrema
Charles Silveira comparou a gestão de Dr. Pessoa com a administração de Sílvio Mendes, e avaliou que ambas as formas de gerir o município dificultam o atendimento às necessidades da população.

“Saímos de um estado que eu diria de anarquia, para uma situação extrema do outro lado, que dificulta o dia a dia e a efetivação dos serviços. Mesmo assim, a Fundação montou uma grande equipe. Temos profissionais lá do mais alto gabarito”, frisou o ex-gestor.
Sem viés político
O ex-presidente falou do respeito que nutre por Sílvio Mendes, mas enfatizou que discorda totalmente do modo que o prefeito tem conduzido a administração. “Tenho pelo doutor Sílvio Mendes o maior respeito, considero ele um cidadão de conduta ilibada, mas, como gestor, tenho essa discordância. Respeito o posicionamento dele, mas discordo. Um secretário municipal que não se dá o respeito, não merece continuar secretário. E se eu não tenho a capacidade de fazer o gerenciamento da gestão da saúde da forma mínima, de recursos humanos e dificuldades de insumos e remédios para que os hospitais funcionem, não devo ficar. Eu seria irresponsável se continuasse a frente da pasta da Fundação Municipal de Saúde”, completou o professor.
Ainda segundo Charles, seu rompimento com a gestão municipal não tem viés político. “Não tem viés político na minha saída, é a forma de enxergar, é a forma de conduzir. Eu entendo que se tiver um presidente lá, ele não pode ser um bedel de luxo. O presidente tem que efetivamente exercer as funções de presidente, se isso não acontecer, a Fundação vai sempre ficar patinando”, finalizou.
Outro lado
Procurado pelo GP1, nesta quinta-feira (03), o prefeito Sílvio Mendes disse que não iria “polemizar” sobre as declarações de Charles Silveira. “Prefiro não polemizar. A FMS é um órgão da prefeitura e não o contrário. As regras são as mesmas”, afirmou.
Ver todos os comentários | 0 |