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Entidades defendem que Dia da Consciência Negra no Piauí seja feriado

Deputado Henrique Pires propôs o dia 3 de novembro, contudo os movimentos querem o dia 6 de setembro.

O membro do Movimento Negro, Júnior do MP3, criticou o projeto de lei apresentado pelo deputado Henrique Pires (MDB), que visa instituir o dia 3 de novembro como feriado estadual da Consciência Negra. A proposta foi apresentada na Assembleia Legislativa do Piauí no dia 19 de setembro.

Em entrevista ao GP1, nessa terça-feira (26), Júnior do MP3 disse que o dia sugerido pelo deputado, 3 de novembro, não possui nenhum significado para a classe. “O deputado está propondo que o dia da Consciência Negra seja dia 3 de novembro, próximo ao dia 2, dia de Finados. Só que o deputado, como parlamentar estadual, sabe que tem uma lei que já criou o Dia da Consciência Negra, que é o dia 6 de setembro, em homenagem à Esperança Garcia, só não é feriado. Nós, do Movimento Negro, queremos que esse dia seja um feriado estadual”, afirmou Júnior.

Foto: Wanessa Gommes/GP1Júnior do MP3
Júnior do MP3

“O deputado está negando a nossa luta, a luta das organizações negras. Ele não teve nenhuma conversa com o Conselho de Promoção da Igualdade Racial, não conversou com o Fórum de Entidades Negras, não conversou com a Superintendência da Igualdade Racial do Governo do Estado”, pontuou.

Segundo Júnior do MP3, a lei que criou o Dia da Consciência Negra no Piauí foi sancionada há 24 anos. "Essa lei foi uma proposição do Olavo Rebelo auxiliado pelo escritor e poeta Paulo Machado. Essa lei já existe desde 1999, com o nosso dia 6 de setembro. Então, equivocadamente, o deputado sai com essa sem consultar os donos da luta. O deputado está criando uma lei, desconhecendo uma lei que já existe e desrespeitando as instituições do movimento negro, a gente vai recusar isso. Ele é o legislador, mas o dono da luta e o dono da dor é o Movimento Negro", enfatizou.

"A gente reivindica que o feriado seja no dia 6 de setembro, que é o dia da Consciência Negra. Agora ele querer transferir o dia 6 para o dia 3 de novembro e isso é uma forma de negar a nossa luta e a nossa realidade, justamente, porque a gente está fazendo uma homenagem à Esperança Garcia, que é a nossa mulher preta e primeira advogada preta do Brasil", lembrou Júnior do MP3.

Ainda de acordo com o militante, as entidades procurarão os deputados em busca de apoio para a mudança do dia proposto por Henrique Pires e, caso não haja essa postura, elas pedirão que a lei seja vetada pelo governador Rafael Fonteles. "Vamos primeiro procurar os deputados e propor que seja o dia 6 de setembro. Se esse projeto passar, o que eu acho que não vai acontecer, a gente vai pedir um veto ao governador. A elite do Piauí desrespeita os movimentos sociais, principalmente, o movimento negro", declarou.

"A gente lamenta isso. Para nossa luta não tem significado [essa data]. Se ainda fosse o dia 20de novembro poderíamos conversar, agora propor uma data sem conversar, ele não conversou com ninguém, ele nega nossa luta, deixa nossa luta invisível, nós que fazemos essa luta no dia a dia contra a discriminação e o preconceito, somos nós que fortalecemos a população negra, somos nós que representamos a comunidade negra", concluiu Júnior do MP3.

Outro lado

Procurado, o deputado Henrique Pires disse que tem legitimidade para legislar concedida pelo povo do Piauí e que nada será feito contra a vontade dos movimentos. Por fim, afirmou que o diálogo está aberto.

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