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Política

Deputado Ronaldo Caiado diz que aliança do PSB com o DEM está desfeita

Deputado diz que partidos tinham acordo tácito para se aliarem em Goiás e que Campos é "a metamorfose em pessoa"

O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) reagiu às declarações da ex-senadora Marina Silva, que, em entrevista ao GLOBO, classificou-o como "inimigo histórico dos trabalhadores rurais, e disse que o natural seria desfazer a aliança entre PSB e DEM em Goiás, depois da aliança com a Rede. Para Caiado, o pior foi Campos confirmar a tese de Marina, ao negar ter qualquer aliança com Caiado em Goiás. Caiado não escondeu sua irritação e decepção com Eduardo Campos. Disse que os dois vêm conversando desde maio e que havia um acordo tácito entre eles em Goiás, uma aliança entre o DEM e o PSB.

Como o senhor vê a declaração do Eduardo Campos sobre a não existência de aliança em Goiás ?


É a metamorfose em pessoa. Explicar isso, não sei. Fui acordado pelo telefonema de um amigo contando sobre as entrevistas da Marina. Pedro Valadares me ligou e disse: "Caiado, não sei, vou ligar para o governador e te ligo". Eu imaginava que era tese da Marina, de forma virulenta, agressiva, chamando de inimigo histórico. Mas me informaram que na CBN o Eduardo avalizava a tese da Marina. Foi uma frustração sim, estive com ele desde maio, trabalhei quando ninguém acreditava na sua eleição. Achei que ele buscaria todas as tendência e definiria o rumo. Foi uma decepção enorme, uma atitude tíbia dele. Faltou a ele, nessa hora, coragem de assumir o que havia ocorrido. Eu jamais teria continuado as conversas, jamais teria articulado a ida do Vanderlan Cardozo para o PSB, eu jamais teria me empolgado com a campanha dele, buscado apoio dentro do DEM, jamais teria caminhado neste sentido se ele mostrasse, a qualquer momento, ser restritivo a ter qualquer representação emblemática do setor produtivo primário, que é minha vida, minha história de 30 anos de luta. Como profissão sou médico, mas sou produtor rural e sempre tive um orgulho enorme de defender minha classe. É uma dose alta de decepção no momento que escuta algo como isso. Nunca neguei que estive na casa dele. E quando ele esteve no meu estado de Goiás.

E em relação às declarações da Marina Silva?

Não entendo como alguém quer chegar à presidência da República excluindo ou fechando as portas para o setor rural. Nesta política de duelo - que para dar certo para um lado tem que execrar o outro - não é minha disposição e nunca foi. Sou coerente, mas nunca fui intolerante. Tenho uma história nessa Casa. Debato, vou para tribuna, mas terminado esse momento, eu volto a ter diálogo com as pessoas, são adversários daquelas teses, mas jamais os rotulei de inimigos recentes ou históricos. É uma contradição enorme de quem quer governar o país, dizer que eu redigi o Código Florestal. Sou 1/513 avos. É muito desconhecimento. Ninguém está aqui para dizer que será assim, essa é minha vontade. É o jogo de plenário, quantas vezes fizemos acordo, refluímos. São embates no campo das ideias com argumentos inteligentes. E não chegar e dizer: você foi excluído, foi vetado, é inimigo histórico. É tão preconceituoso, grosseiro, agressivo. Você não constrói essa tese de paz de cemitério: "olha, eu vou governar em regime de paz de cemitério, ninguém contraria ninguém, só eu que falo". É preciso ter habilidade para conviver com os diferentes, os que têm posições diferentes ou diversas das suas. Ou é como ela, "se não saiu redigido, é inimigo histórico". Qual o conceito de democracia? O que a pessoa quer? Se o texto não é 100% compatível com o que ela quer, é inimigo?

A atitude de Marina e de Campos sepulta a possibilidade de o DEM apoiar a candidatura deles à presidência em 2014?

Não posso falar pelo DEM, falo como Caiado. A matéria só seria discutida em junho, estávamos buscando simpatizantes e até então cada estado poderia compor e fazer sua aliança. Essa perspectiva, esse prognóstico, da minha parte é matéria vencida. Em Goiás tinha um acordo, eu e Vanderlan (ex-prefeito de Senador Canedo que se filou ao PSB), o melhor colocado em pesquisa em maio, seria o candidato ao governador do estado. Isso acabou, c"est fini.

E nos outros estados?

Não posso falar pelos meus pares, cada um tem o direito de construir suas alianças. Estou falando no caso específico meu, onde foi feito um veto por se representante do setor rural. Ora, não vou conspirar contra o meu estado. 67% do PIB de Goiás é da agropecuária, mais de 40% da mão de obra é do setor. Eu que alavanquei isso há 30 anos, comecei a luta quando ninguém tinha coragem de defender produtor rural.

O Eduardo Campos ligou para o senhor hoje?

Não ligou, se você me perguntar qual é a dose da decepção, são essas coisas!

E o ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues?

Não. Hoje só falei pela manhã com o Heráclito Fortes.

Marina só criticou o senhor? E outros que estão no PSB e já foram do DEM, como o Paulo Bornhausen, o Heráclito Fortes?

Pois é, descobre isso para mim...descobre isso para mim...

E agora, em Goiás, o senhor vai apoiar o tucano Aécio Neves ?

Deixa eu quieto, está cedo. Cada coisa a seu tempo, cada dia a sua agonia. Agora vou tomar minhas decisões do ponto de vista meu, ouvir minha base eleitoral e só depois vejo como vou decidir.

Em Goiás, com o PSB acabou qualquer chance de coligação? O Eduardo Campos não terá seu apoio?

Não é isso de não ter apoio. Foram eles mesmos que disseram que o setor produtivo primário está fora, foi excluído do relacionamento. Isso aí é uma coisa que vocês estão vendo, assistindo. A tese é essa, o veto é ao setor produtivo primário, a figura do Ronaldo Caiado simbolizando este setor. Já enfrentei muitas lutas, mas jamais trai as minhas convicções. Não vou deixar jamais de lutar pelo o que acredito, que é o meu setor rural.
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