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Saúde

São Paulo tem 190 mil atrasados para 2ª dose da vacina contra a covid-19

Estimativa é da coordenação do Plano Estadual de Imunização.

Cerca de 190 mil pessoas estão com a segunda dose da vacina atrasada no Estado de São Paulo por não terem comparecido de volta às unidades de saúde, segundo estimativa feita pela coordenadora do Plano Estadual de Imunização contra a Covid-19 (PEI), Regiane de Paula. O Ministério da Saúde informou nesta terça-feira, 13, que o número no Brasil chega a 1,5 milhão de pessoas.

Segundo Regiane, os dados da população paulista vacinada estão na plataforma VaciVida, que permite o controle da aplicação da segunda dose. Quando faltam dois dias para a data indicada, é feito o envio de uma mensagem de SMS ao cidadão, com a orientação de que procure o posto de vacinação em breve.

No Estado, a aplicação da segunda dose da vacina da AstraZeneca começará no dia 20 e, portanto, o número de faltosos até o momento é exclusivo de pessoas que receberam a Coronavac. “O município é responsável pela busca dos seus faltosos”, destacou Regiane. “Temos trabalhado de forma sistemática para que o Estado de São Paulo não tenha esse gap, de faltosos para a segunda dose.”

Na cidade de São Paulo, a prefeitura estima que 57 mil pessoas ainda não tomaram a segunda dose. Segundo o secretário municipal da Saúde, Edson Aparecido, as equipes das Unidades Básicas de Saúde (UBSs) estão fazendo busca ativa nos registros e contatando por telefone os moradores aptos a tomar o imunizante novamente.

“A maior parte são idosos que adoeceram, moram sozinhos, que não têm informações, que esqueceram”, comenta. O secretário destaca que, caso a pessoa esteja com dificuldade de locomoção, a unidade agenda uma visita para fazer a aplicação na residência.

Como ele explica, como a vacinação ganhou mais fôlego a partir de fevereiro, esse número de pessoas que não tomaram a segunda dose ficou evidente mais recentemente. Na capital paulista, os lotes da segunda dose estão separados e não há risco de faltar.

Um dos diretores da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o infectologista Renato Kfouri destaca que a população precisa tomar a segunda dose do imunizante. “O esquema que a gente conhece de proteção das vacinas é com as duas doses.”

Como ele destaca, a pessoa que passou do prazo indicado para tomar a segunda dose deve se encaminhar a um ponto de vacinação o quanto antes. “Quem atrasou deve fazer imediatamente para poder completar. Não se recomeça. Quem perdeu prazo vai tomar a dose que faltava.”

Em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista, a gestão municipal estima que cerca de 2% da população apta não tomou a segunda dose. O secretário de Saúde do município, Geraldo Reple Sobrinho, aponta algumas possíveis explicações, como a duplicidade de registros, o adoecimento e óbito de moradores (ainda mais por grande parte dos vacinados ser de faixas etárias mais idosas), pessoas que tomaram as doses em cidades distintas (como profissionais de saúde que trabalham em mais de um local, por exemplo) e cidadãos que tiveram receio de tomar o imunizante novamente após ter alguma reação da primeira vez.

“Sempre que damos a primeira dose, explicamos que tem segunda dose. Sempre se entrega a carteira de vacinação falando para voltar daqui 3 a 4 semanas”, ressalta. No município, os agentes comunitários estão realizando busca ativa e ligando para a população. Não há, contudo, reserva de estoque para a segunda dose.

Outra hipótese levantada por Reple Sobrinho, também presidente do Conselho de Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems/SP), é que a aplicação da segunda dose foi prejudicada pela falta de vacinas em alguns municípios. Como relata, parte dos frascos tem chegado com quantidade suficiente para 9 em vez das 10 aplicações previstas. Por esse motivo, alguns municípios chegaram a suspender temporariamente a aplicação por desabastecimento, como ocorreu em Jacareí e Ubatuba na semana passada, por exemplo.

Problema de falta de vacinas se repete em outras partes do País

O problema da falta de vacinas se repete em outras partes do País. Em Natal, a prefeitura anunciou na segunda-feira, 12, a interrupção da aplicação da segunda dose da Coronavac por tempo indeterminado, enquanto segue com a imunização para primeira dose. Em outros municípios que tiveram baixas no estoque, como Salvador, por exemplo, a decisão foi oposta, restringindo a vacinação apenas para quem já recebeu uma dose.

O abandono vacinal também tem impulsionado ações nos Estados e nos municípios. No Rio Grande do Sul, por exemplo, a Secretaria da Saúde enviará relatórios com os nomes de todos os idosos que precisam tomar a segunda dose para as coordenadorias regionais de saúde e as vigilâncias sanitárias municipais.

Os dados serão extraídos do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SIPNI). Apenas na capital do Estado, Porto Alegre, por exemplo, 19.334 pessoas aptas a tomar a segunda dose da Coronavac não regressaram aos postos de vacinação até a segunda-feira, 12.

No Distrito Federal, essas informações também estão sendo levantadas até 15 de abril, de acordo com declaração do secretário de Saúde, Osnei Okumoto. Por lá, o estoque da segunda dose está separado para não haver falta. "As pessoas acabam perdendo esse prazo, se distraem ou, muitas vezes, acham que, se tomaram a primeira dose, já estão imunizadas. Então, acabam esquecendo de retornar”, disse em coletiva de imprensa na segunda-feira, 12.

Outra ação tomada por prefeituras, como a de Blumenau, em Santa Catarina, é disparar mensagens de SMS para relembrar a necessidade de tomar a nova dose. Em Londrina, no Paraná, a gestão municipal divulgou que servidores estão telefonando para chamar a população. Na Paraíba, por sua vez, os Ministérios Públicos Federal, do Trabalho e Estadual lançaram uma nota pública para “convocar” os moradores.

A dinâmica de aplicação da segunda dose varia em cada município. Em alguns, como Ribeirão Preto, São Bernardo do Campo e Bauru, no interior paulista, por exemplo, é necessário fazer um agendamento. Já outros, como a cidade de São Paulo, há a orientação da população procurar preferencialmente os locais de vacinação na parte da tarde.

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