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Um fato me chama a atenção nos entreveros do Senado Federal. Por que o senador Fernando Collor, do alto de sua vanglória de valentão, não aparteia senadores antagônicos para refutar insinuações de que ele e outros fazem parte da tropa de choque que protege o senador Sarney por ocasião do término dos trabalhos? Ao senador Pedro Simon, se arvorou e teve aquele lamentável comportamento, o qual servirá de momentos inesquecíveis e peça de mau exemplo parlamentar, presenciados por muitos, no Senado Federal.

E nesse contexto de enegrecimento do Senado, que culminou na quinta-feira, dia 6/8/2009, com o pronunciamento acusatório do senador Renan Calheiros contra senador Arthur Virgílio, eis que o ilustre senador Demóstenes Torres faz veemente manifestação censurando o comportamento de membros daquela Casa. Tudo seria elogiável se o respeitável representante goiano não tachasse de beócios (ignorantes) muitos brasileiros que desejam o fechamento do Senado Federal. Foi uma indelicadeza com a qual não concordamos, pois as manifestações democráticas devem ser respeitadas. Há poucos dias, o presidente Lula chamou os opositores do Bolsa Família de imbecis e ignorantes. Se a moda pegar...

O senador Demóstenes Torres deveria se retratar, pois: ou se respeita quem tem cultura política para ter coragem de dizer que esta ou aquela instituição pública não cumpre os seus deveres constitucionais, o que recomendaria, portanto, a sua inexistência; ou deverá prevalecer, no País, a sociedade alienada, politicamente, que não se importa com nada, elege qualquer um, fica calada e aceita como está o trôpego, dispendioso e inoperante Senado Federal. "To be or not to be".

Vejam, senhores, que a falta de vergonha tomou conta do Senado. O senador José Sarney se considera um injustiçado e a gente tem que "engolir e digerir" todas as suas inverdades. O Senado não pode se transformar num circo de atores mambembes. O seu Conselho de Ética, formado por muita gente em dívida com a Justiça e compromissada com o senhor Sarney, é o espelho da desmoralização. Para que serve, então, o Senado? Para gastar o dinheiro do contribuinte? Logo, para que votar em senador?

As práticas viciadas, a subsistência, em pleno século 21, da força dos coronéis do (sertão) Norte/Nordeste, o olhar furioso e mordaz do senador Collor, o deboche explícito de Renan Calheiros, Wellington (suplente) Salgado, Paulo (suplente) Duque, Gilvam Borges e outros indecorosos dão o tom da falta de decoro da Casa. O Senado Federal é o retrato preto e branco desbotado da imagem política brasileira, maltratada por mau comportamento de políticos que só querem tirar proveito das benesses públicas, sugam o dinheiro da Nação e enganam o povo. Há políticos honestos no Senado, mas são poucos.

O que nos resta? Só Deus sabe... porque enquanto o regime presidencialista, o sistema político e bicameral não forem modificados e introduzidos princípios de democracia direta e semidireta, tudo continuará como está. E nós não podemos ou poderemos ser chamados de beócios.

*Julio César Cardoso, bacharel em Direito e servidor federal aposentado

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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