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*Zózimo Tavares

Não parece, mas, aos poucos, a sociedade vence a corrupção eleitoral e as estripulias dos políticos. Com a volta da fidelidade partidária, de forma clara e definitiva, centenas de vereadores eleitos em 2004 perderam seus mandatos no Piauí. Mais de 800 deles foram denunciados pelo Ministério Público Eleitoral porque mudaram de partido sem justificativa.
Na legislatura seguinte, a que se instalou após as eleições de 2008, dezenas de prefeitos já perderam seus mandatos no Piauí por compra de voto e uso da máquina administrativa na campanha eleitoral. Os julgamentos dos que se elegeram à margem da lei prosseguem. O que se vê no Piauí acontece também em vários estados brasileiros.

Agora, a Justiça Eleitoral ganha um reforço extra, a Lei da "Ficha Limpa", criada para melhorar o perfil dos candidatos e candidatas a cargos eletivos. A lei nasceu de iniciativa popular, uma mobilização nacional feita a partir de 2008 que reuniu 1 milhão e 300 mil assinaturas no projeto apresentado ao Congresso Nacional.

Além de considerar a vida pregressa dos candidatos, o projeto pretendeu impedir o registro de candidaturas de pessoas condenadas por um colegiado (2ª instância) e o fim do foro privilegiado para políticos envolvidos em crimes graves como racismo, homicídio, estupro, tráfico de drogas e desvio de verbas públicas.

O que é preciso saber, agora, é se a tal lei pega mesmo. É se ela vai punir quem tem as costas largas, os peixes graúdos, a exemplo do que ocorreu e ocorre com a arraia-miúda, no caso os vereadores e prefeitinhos. Ou seja, é preciso saber se, na prática, a lei vale para todos. Ou ela pega igualmente os tubarões ou em pouco tempo estará desacreditada, servindo de chacota.

Até aqui o que se vê são os adversários jogando lama uns nos outros. À Justiça Eleitoral, que age sem partidarismos, caberá mostrar quem efetivamente está com a ficha limpa e em condições de receber o voto da população para representá-la pelos próximos quatro anos. É o que se saberá até 5 de agosto, quando todos os processos de impugnação deverão estar julgados.

*Zózimo Tavares é editor chefe do Diário do Povo

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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