Fechar
Blog Opinião
GP1
*Deusval Lacerda

Imagem: DivulgaçãoClique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes(Imagem:Divulgação)Deusval Lacerda de Moraes
Qual o piauiense com certo nível de consciência política que não admirava a autonomia, independência, proposição e convicção ideológica do Nazareno Fonteles como petista no Piauí? Quem não se lembra dele dando sermão em todo mundo inclusive em Lula e Wellington Dias por discordar de algumas das suas ações político-governamentais e todos metiam a viola no saco por lhes cobrar tão-somente coerência com a linha programática do Partido dos Trabalhadores? Sobre os políticos tradicionais, então, nem falar, pois ele sequer os levava em consideração, isto é, tais políticos não passavam de arrivistas que se transformavam em empecilhos intransponíveis para o aprimoramento da modernização político-social da nossa sociedade.

Pois quem diria, esse abnegado, ranzinza, turrão, professoral, inexpugnável que tinha como filosofia política o compromisso com a pureza doutrinária do seu partido, mudou. E mudou muito. Depois do dia primeiro de fevereiro de 2011 quando assumiu a cadeira de deputado federal na vaga aberta pelo deputado Átila Lira (ex-PFL) que assumiu a Secretaria de Estado de Educação muita coisa aconteceu no cenário político piauiense, a exemplo do rompimento de segmento importante do PT com o governo do Estado, o eventual apoio do PT à sucessão do prefeito Elmano Férrer, entre outras, e o deputado Nazareno nunca mais se manifestou, e logo ele que se intitulava o defensor perpétuo do PT, causando a sensação de mágico equilibrista entre os humores do governo e as suas dissensões com o PT. Não tem comparecido às reuniões do Diretório do PT, como a do último dia 10, porque a maioria dos diretorianos baixa o sarrafo no petismo-wilsista, corrente que está atualmente na berlinda, em fadiga, no partido.
Imagem: ReproduçãoClique para ampliarNazareno Fonteles(Imagem:Reprodução)Nazareno Fonteles
Para se ter uma idéia de tamanha mudança, o jornalista Zózimo Tavares, arguto cronista da ciclotimia política piauiense, informou na sua Coluna que o espírito das emendas de bancada é que elas possam custear obras estruturantes nos Estados ou que pelo menos financiem obras nas áreas de atuação dos parlamentares. Noticia que o deputado federal Nazareno Fonteles apresentou ao Orçamento da União, para o ano de 2012, emenda no valor de R$ 50 milhões para transporte escolar no Piauí. O Zózimo ainda afirma: “Ora, uma emenda desse tipo só pode ter sido apresentada sob encomenda do dono da cadeira de deputado federal, o secretário de educação Átila Lira”. E depois arremata: “Desse jeito, o Piauí não sairá nunca da rabeira do desenvolvimento. Nunca!”

O pior é que o suposto agrado do deputado Nazareno Fonteles ao secretário Átila Lira foge completamente da sua formação político-ideológica, da sua prática partidária- parlamentar, da sua consciência de gestão pública e da sua visão da educação pública, uma vez que os recursos oriundos da malfadada emenda sequer servem para ampliar a frota de transportes dos alunos no Estado, ou seja, para a aquisição de mais veículos escolares modernos e bem equipados para facilitar o acesso das novas gerações à escola publica, muito pelo contrário, a tal verba é para o custeio dos transportes já existentes no órgão que, no final das contas, não dará resultado algum na solução dos entraves do sistema educacional, por saber, como docente, que boa educação somente se faz com investimentos na qualificação dos professores e na estruturação tecnológica das escolas.
Imagem: ReproduçãoSecretário da Educação do Piauí Átila Lira(Imagem:Reprodução)Secretário da Educação do Piauí Átila Lira
Mas é como dizia um político mineiro no passado recente, a suplência parlamentar é revestida de certas condicionantes, faz o corajoso se esmorecer, faz o falastrão se calar, faz a voz ficar tímida, fica menos eloqüente. Faz também refazer os seus conceitos de ética, coerência, e amansa o agraciado. Pela sua antiga postura, Nazareno era para dizer ao mandatário eleito que não tinha nada a ver com a escolha pessoal de quem quer que seja pelo governador do Estado e que assumiria o assento na Câmara Federal com a mesma desenvoltura de sempre. Em não fazendo assim, é como disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche “Torna-te aquilo que és”, ficando a dúvida, ou o deputado Nazareno dizia antes uma coisa sendo outra ou é agora aquilo que sempre dizia que não era. Restando a ele uma única saída: ou volta a ser o que era, agindo como sempre fez, ou entrega a suplência ao seu titular e retorne a exercer a nobre profissão de médico-professor sem mais dever obediência a ninguém.

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito e articulista do GP1

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

Ver todos os comentários   | 0 |

Facebook
 
© 2007-2024 GP1 - Todos os direitos reservados.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do GP1.