Orçamento Papular

*Zé da Cruz
Costumo dizer que agradeço a Deus por tudo que Ele tem me dado, e que se fosse pra retribuir, eu nunca conseguiria pagar e assim continuaria sempre devendo. Não tenho culpa dele ter me feito baixo com os pequenos e arrogante com os grandes, pois se tiver que dizer digo; e se tiver que escrever escrevo, doa a quem doer. Não falo por falar, pois meu rabo é preso apenas com meus leitores e o povo desse Estado, em especial o mais fragilizado socialmente e desprovido de bens materiais resumindo: o liso, o lascado, o “caba” que vende o almoço pra comprar a janta, o nego que compra as coisas em 12 a 48 prestações e paga, porque se não pagar tem uma loja aqui que toma, e o coitado perde o que já deu.

Mas vamos ao que interessa: estive recentemente na abertura do Orçamento “Papular” de raiva, vergonha, indignação, ódio, revolta, repulsa e nojo pela quantidade irrisória e insignificante dos recursos da ordem de quinze milhões pra ser rateado entre as diversas comunidades de Teresina. Uma verdadeira gota no oceano, um montinho de nada que pra aumentar, o prefeito fobou e botou mais um “mi” ficando em dezesseis.

O dinheiro é tão pouco que os vereadores sequer apareceram lá, com exceção da vereadora da lei do fumo de rolo, o vereador treme – treme(irmão do deputado nepótico), a vereadora verde que de madura agora tá quase estragada; aliás essa vai pro lado do melhor agrado. Compareceu também aquela que não ganhou, mas é secretária por ser do partido do prefeito. “Ô muié intipática,”!!! uma senhora me disse que ela é um verdadeiro belzebu de saia. Vi por lá também aquele grandão que parece uma mistura de super homem com Incrível Hulk míope e o povo que não poderia faltar, compareceu se fazendo representar por suas lideranças comunitárias e presidentes de associação e coisa e tal. Opa, meus Deus eu ia esquecendo o prefeito. Por que eu tenho a impressão de que se houver uma solenidade da Prefeitura de Teresina e esse gestor que tá aí faltar ninguém nota? Por que tenho a impressão mais forte ainda de que ele reina, mas não governa?eita Zé da Cruz, mas tu é danado, cala-te boca!!

Durante a solenidade somente quatro pessoas puderam falar: o prefeito, duas lideranças comunitárias e o vereador “treme-treme”. Talvez não tenham dado a palavra para a vereadora da lei do fumo de rolo com medo que ela quisesse prestar contas do mandato.”Treme-treme,” como sempre, veio com um papo mago e fraco que só caldo de peteca. Eu mesmo não entendi nada do que ele disse, e é porque eu prestei atenção; avalie o povo que tava conversando. A fala dele não é de se admirar, afinal que com mais de dois anos de mandato não botou nem o nome de rua, e projeto só se for de cunho pessoal.

Uma das lideranças que falou fez o discurso da plebe e caiu no agrado da galera; o outro coitado, presidente num sei das quanta, num sei de onde, desses produzido dentro de um gabinete do mesmo jeito que se fabrica um tucano, foi fazer um discurso da elite mesmo morando na periferia. Pegou vaia, nome de carniça prá frente, foi interrompido e teve que voltar à sua insignificância. Bem empregado. Aliás, o nome dele me lembra aquele personagem do Zorra Total que diz: ‘olha a faca”!!.

Ah! ia esquecendo, porque que esse povo dessa gestão por mais que se esforce é invisível, discursou também aquele secretario que mais parece D.Pedro II numa versão piorada. Nem vale a pena dizer o que ele disse. Por fim, falou o Prefeito. Pra “caé” dele, o povo me descobriu naquele momento, aÍ pronto, a atenção da plebe foi dividida entre eu e ele.Não sei bem o que ele disse porque eu tava ouvindo os reclames da turba que é quem paga o pato, a galinha, o peru, o marreco, a avestruz e todo tipo de ave que por ventura possa aparecer; mas não deixei de perceber a quantidade de vezes que foi interrompido para dar satisfação sobre determinado assunto. Quando viu que não poderia controlar o público, pediu socorro ao Dirceu Andrade que é muito bom humorista, mas os dois se aperrearam com a manifestação das pessoas e foram salvos pela merenda, como é de praxe nessas ocasiões pra eles vazarem pela porta dos fundos. Como eu já conheço essas manhas, peguei o prefeito num particular e dei o meu recado. Ao que tudo indica, queira Deus eu esteja enganado, ele tá parecendo o fainhuca( o boneco do Chagas Vale),só que o dono dele é outro.Aquele cenário fez meu juízo ir bater na Roma antiga. Lembrei a política do pão e circo e olha que irônico: serviram guaraná com pão, quando geralmente é servido salgadinho.

Fico impressionado como é que pode uma prefeitura que tem um orçamento de quase três bilhões disponibilizar quase 40 milhões para uma galeria em uma das zonas da cidade, aliás uma obra de extrema importância; e esmolizar apenas 16 milhões pra toda Teresina incluindo zona urbana e rural. Esse “nadica” só vai servir pra causar animosidade, disputa e rivalidades entre as lideranças das comunidades que sofrem dos mesmos problemas, e que não têm garantia de que esse orçamento possa de fato ser implantado, pois as obras previstas nos orçamentos de 2007, 2008 e 2009 nunca saíram do papel.

Parece que a prefeitura esquece que aquele povo que tava lá é o mesmo desses orçamentos populares descumpridos e que queria saber era dos tratos porcos feitos no passado e dos compromissos firmados que os tucanos nunca cumpriram. Sabemos que o governo é impessoal, mas o Elmano correu e não deixou o povo dizer isso. Certamente ela pensa que esse povo é besta e vai se deixar enganar por Marketing. Tome tento prefeito: você pode fazer sucesso em qualquer lugar, menos ali. No mais, tamo de olho no sinhô!!!

*Zé da Cruz Poeta é liderança comunitária