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*Por Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: ReproduçãoClique para ampliarDeusval Lacerda(Imagem:Reprodução)Deusval Lacerda
"Nunca é demais relembrar a pérola proferida pelo governador Wilson Martins em sua recente visita aos Estados Unidos que, apesar de divorciada da ação, não deixa de ser empolgante: “Estamos fazendo uma revolução na educação, que também é uma revolução na saúde e na vida social de milhares de piauienses. Nessa visita, estamos vendo o que temos de bom e onde podemos avançar ainda mais. Creio que é uma visita de grande proveito”. Por ironia do destino, o governante ao chegar de viagem ao Piauí foi recepcionado com o desabamento do teto da biblioteca do campus Torquato Neto da Universidade Estadual do Piauí (UESPI) de uma obra construída há pouco tempo sem preencher os requisitos técnicos de engenharia.

Contrariamente do que pregam lá fora o sistema educacional estadual é caótico. O jornalista Pedro Alcântara traz no tópico ‘Viva a impunidade’ da sua Coluna as seguintes indagações: “No Piauí só cai obra publica. Caiu o teto de uma escola no Parque Piauí, desabou o teto da UESPI em Picos, caiu o teto de uma escola em Campo Maior, o muro de uma escola desabou no bairro Monte Castelo em Teresina e matou uma criança. O muro do colégio Álvaro Ferreira foi ao chão no bairro Piçarra. Agora caiu o teto da biblioteca da UESPI em Teresina” (Jornal Diário do Povo de 8 de janeiro de 2012). Como se pode ver, os prédios das escolas públicas estão em estado deplorável de conservação.

Mas os problemas não param por aí, são mais abrangentes. O jornal O Globo, no Caderno O País, edição de 29 de dezembro de 2011, informa: “Improviso nas salas de aula. No Piauí, professores de química lecionam física e matemática”. E em seguida diz: “No Piauí, educadores lecionam em várias áreas e alunos recebem notas, mesmo sem ter aulas. Parte dos 400 estudantes da Unidade Escolar Governador Alberto Tavares Silva, no Conjunto Morada Nova, em Teresina, teve notas de matemática atribuídas por avaliação pessoal e comportamento”. Segundo autoridades educacionais, existe enorme déficit de professores de física, química e matemática na rede pública piauiense.

Até o mundo mineral sabe que o Estado para proporcionar uma boa educação para todos deve atacar os crônicos problemas salariais dos professores, suprir a rede de bons educadores, também adotar planos de carreira e promover bom gerenciamento do quadro dos servidores – pois muitos são desviados de função. Mas é preciso investimento maciço na educação. No Piauí, ocorre o contrário. No apagar das luzes de 2011, o governo do Estado ainda se preparando para amortizar mais de R$ 220 milhões da dívida com empréstimos e o pagamento de juros de cerca de R$ 21 milhões foram reservados recursos de dotações orçamentárias que o governo deixou de usar durante 2011 e foram retirados de várias áreas, inclusive da educação, conforme divulgou no seu blog Aquiles Nairó em 30 de dezembro de 2011.

No recente estudo “Presença do Estado no Brasil: Federação, suas Unidades e Municipalidades” divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) consta que a evasão escolar do ensino médio no Piauí é uma das maiores do País. Aqui, 60,1% dos jovens de 15 a 17 anos deixam a escola antes de completar esse nível de ensino (Jornal Diário do Povo de 11 de janeiro de 2012).

Em 2011, o Piauí perdeu quase R$ 10 milhões de recursos para a UESPI por não registrar projetos no SICONV, fato confirmado pelo senador João Vicente Claudino (PTB), coordenador da bancada piauiense no Congresso Nacional. Assim, é difícil o Piauí sair do marasmo que se encontra por ser a educação a base do desenvolvimento e muitas autoridades não acordarem para isso deixando de fomentar políticas de reestruturação do setor e com isso o Piauí perde competitividade e capacidade de investimentos para alavancar a sua economia, perdurando, dessa forma, os vergonhosos índices econômicos registrados na reportagem da revista Veja."

*Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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