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Deusval Lacerda de Moraes *

Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes
A situação do governo piauiense não está só russa, mas inacreditavelmente está também falando russo. Pois sabemos que o longo périplo do atual governador à Europa fará parada obrigatória na Rússia. A justificativa do governo é que irá captar recursos eslavos, ou seja, atrair investimentos nas estepes. Mas como buscar investimentos no exterior se não leva ninguém da classe produtiva do Estado, pois nenhum empresário da Federação das Indústrias do Estado do Piauí (FIEPI) faz parte da comitiva oficial, nem levou a sua equipe econômica, pois até o secretário de Desenvolvimento Econômico e Tecnológico, Warton Santos, que apesar de não ser do ramo é o titular da Pasta, também ficou de fora.

Diz o governo que, mesmo assim, vai tentar convencer os russos a instalar fábrica de automóveis no Piauí. Não será tarefa fácil, pois a Suzano foi deixada ir embora e o Grupo R. Damásio, que é do Piauí, foi instalar a sua importadora no Ceará. Entretanto, na eventualidade de êxito, esperamos que não seja a Lada, aquela fábrica de veículos russa da época da abertura das nossas importações que seus carros novos pareciam lata velha. Não acreditamos nessa hipótese, pois na comitiva do governador se destaca o deputado estadual Mauro Tapety (PMDB), cujo irmão foi derrotado recentemente para prefeito de Oeiras pelos aliados do governador, ou melhor, pelos socialistas da Velha Capital. E também o deputado estadual Edson Ferreira (PSD), atualmente Secretário da Mineração só depois do abandono do governo pelo Partido Progressista (PP), que, diga-se, foi contra o partido governista no último pleito em São Raimundo Nonato que elegeu o seu irmão. Os outros da comitiva são o coordenador de Comunição, Fenelon Rocha, e o Secretário de Educação Átila Lira, ninguém especialista em negócios.

Pelo visto, em um caso, é viagem de reatamento, e em outro, é de estreitamento de amizade política - além de contemplar o vice-governador com 15 dias de Karnak - que estava esgarçada pelo insaciável jogo político do governante piauiense. No caso do PMDB, que tem o vice-governador Antônio José de Moraes Souza Filho, o Zé Filho, também presidente da FIEPI, todos sabem que está na berlinda política do governador do Piauí, quando sinaliza a seus aliados empedernidos que o vice tem dificuldades de se viabilizar eleitoralmente para se eleger governador nas eleições de 2014, o que deixa os próceres peemedebistas melindrados por serem seus coligados viscerais na Assembleia Legislativa e perante o governo da União.

Tanto é verdade que Zé Filho, na recente Convenção do PP, agremiação partidária desafeta do governador, criticou duramente a falta de projetos e a forma de fazer política das lideranças do Estado. “Estamos fazendo política de maneira errada. Nós temos que repensar essa maneira de fazer política. Ver por exemplo o tratamento que é dado ao Piauí pelo Governo Federal. Vemos vários bilhões sendo investidos em outros Estados e o Piauí só chupando bombons, a espera desses recursos”, declarou Zé Filho (Jornal Diário do Povo, Caderno Política & Justiça, edição de 26 de março de 2013).

Ainda sobre a falta de recursos, disse Zé Filho: “Não pode estar certo. Vemos exemplos como Maranhão, Ceará, Bahia e Rio Grande do Norte (que cresce), e o Piauí na mesma situação. Alguma coisa está errada. Temos que repensar a forma de fazer política”. Atacando o governo estadual, continuou Zé Filho: “Se perdeu a Suzano por falta de investimentos, de infraestrutura”. E para finalizar também disse: “Tem o Nordeste rico e o pobre, infelizmente continuamos no Nordeste pobre”.

Evidente que o governador piauiense sentiu a fisgada no fígado e disse que o vice-governador Zé Filho está equivocado em afirmar que o Piauí não tem projetos e os políticos não estão conseguindo mudar o Estado. Disse ainda o governador: “Às vezes, a gente comete um equívoco, mas eu entendo que nós temos muitos projetos”. E depois afirmou: “Às vezes, as pessoas se colocam mal em um contexto ou comete algum equívoco, mas isso não é nenhum crime e nada que possa ser descortesia. Eu acho que, às vezes, é apenas uma afirmação mal colocada” (Jornal Diário do Povo, Caderno Política & Justiça, edição de 27 de março de 2013).

Como é fácil desumir, ninguém se entende no governo do Piauí, pois literalmente está falando russo. Daí, talvez, o roteiro do governante mafrense à Rússia para afinar-se no idioma. Mas o vice-governador só repetiu o que temos dito ao longo deste governo que até agora ainda não governou. Podemos dizer categoricamente que o atual governador do Estado contribuiu para estagnar ainda mais o Piauí em todos os níveis que se queira analisar, e piorou muito a nossa cultura política que, com essas práticas, passa por processo letárgico que impede de se alcançar o tão sonhado desenvolvimento. Isto é, não aproveitou o presente e deixará perspectiva imprevisível no porvir.

* Deusval Lacerda de Moraes é Pós-Graduado em Direito


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