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*Arthur Teixeira Junior

Imagem: ReproduçãoArthur Teixeira Junior(Imagem:Reprodução)Arthur Teixeira Junior
O Presidente do Congresso Nacional, Renan Calheiros, em recente pronunciamento ao meio da crise provocada pelas manifestações que espocaram em todo o Brasil, defendeu o “passe livre” no transporte público a todos os estudantes do país.

Mais um privilégio eleitoreiro a ser concedido a uma camada da população, quando todos deveriam ser iguais perante a Lei.

Com o único intuito demagógico de angariar futuros eleitores, os políticos brasileiros criaram inúmeras classes de privilegiados, que bradam seus direitos prioritários onde quer que exista uma fila organizada.

Idosos, grávidas, aposentados, negros, homossexuais, mamelucos, deficientes, estudantes, inquilinos, quilombolas, militares, miseráveis, carentes em geral, sem terra e sem outras coisas quaisquer, daqui a pouco engrossadas pelos carecas, vesgos, canhotos, apaixonados, gagos, anões e outros “diferentes”, gozam de prioridades, facilidades, tarifas reduzidas, isenções, prioridades, cotas, gratuidades, vagas em estacionamento, acessos diferenciados, assentos exclusivos ou algum tipo de atendimento especial.

Como conseqüência desta divisão da sociedade em castas distintas, hoje não mais sabemos a que horas seremos atendidos em uma consulta médica, no banco, na fila do açougue, do caixa do supermercado ou mesmo se seremos empossados em cargo público ou aceitos em universidade, mesmo acertando todas as questões em concurso ou vestibular.

Cada vez que um político tem um acesso de demagogia, as empresas e empresários tem que adequar custos e instalações para atender aos novos privilegiados. E quem paga a conta é a parcela “normal” da população, que não se encaixa (por enquanto) em nenhuma das categorias diferenciadas.

As filas dos prioritários já começam a ficar maior que a dos “normais”, provocando um movimento inverso: quem pertence às cotas está abrindo mão do privilégio e disputa as vagas com os “sem cotas”, onde a concorrência já é menor.

Uma sociedade onde existem membros com privilégios exclusivos, os “diferentes”, é um meio de cultura para a corrupção, para os conflitos, favorecimentos indevidos, tráficos de influências e toda a sorte de maracutaias.

Quando um não paga, ou paga menos, algum outro paga por ele. Que culpa tem o cidadão cujo tataravô era branco e vivia em um momento escravocrata, ou se ele não era índio e a ciência não o conseguiu ainda fazê-lo engravidar. Ele precisa ter o mesmo direito e deveres de seus compatriotas negros, mulatos ou mamelucos. Grávidos ou não, e de qualquer idade.
Temos que repensar sobre qual o tipo de sociedade na qual queremos viver: se naquela igualitária, onde todos são iguais perante a Lei e em qualquer circunstâncias ou se naquela dividida em cotas com diferentes níveis de privilégios.

Vamos reaprender a ceder expontaneamente o nosso assento ou lugar na fila àquela senhora gestante ou para aquele idoso titubeante. E não por força de Lei.

*Arthur Teixeira Junior é articulista


*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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