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*Deusval Lacerda de Moraes

Imagem: Divulgação/GP1Clique para ampliarDeusval Lacerda de Moraes (Imagem:Divulgação/GP1)Deusval Lacerda de Moraes
Em meu livro recentemente publicado “A Verdade como Ideal de Vida – Fatos e Personagens que marcaram a História e a Política” (e que está à venda nas Livrarias Universitária, Anchieta e Entrelivros), encontra-se, no capítulo política, o artigo intitulado: “Ingratidão: o pior dos pecados”, em que se afirma categoricamente que um dos piores males da pessoa humana é a ingratidão.

Tanto é verdade que os mais variados pensadores, em diversas épocas, são uníssonos em conceituar a ingratidão como defeito do caráter humano e erva daninha ao tecido social. Vítor Hugo, por exemplo, disse que os ingratos são infelizes. Já Miguel de Cervantes disse que a ingratidão é filha da soberba. Goethe afirma que a ingratidão é sempre uma forma de fraqueza, pois homens hábeis não são ingratos. Para Alexandre Hamilton, a ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados. La Fontaine, por sua vez, assinala que o homem ingrato é pior do que a serpente. Como se pode observar, na condição humana, nada é mais imperfeito no agir e no proceder do que ser ingrato.

No aludido artigo se disse que não se poderia deixar de reconhecer que, nas eleições estaduais de 2010, o atual governador Wilson Martins (PSB) foi eleito com o respaldo eleitoral do então governador Wellington Dias, somados aos do presidente Lula e do reflexo da eleição presidencial de Dilma Rousseff, juntamente com a militância política petista em Teresina e no interior do Estado. Disse-se, inclusive, que, em condições normais, Wilson Martins jamais seria candidato apoiado pelo PT ao governo do Piauí, mas como vice-governador de Wellington Dias impôs essa situação. E com o afastamento do governador petista para disputar o Senado Federal, abocanhou o seu governo com a maioria dos aliados políticos que gravitava ao seu redor para sair vitorioso no referido pleito eleitoral. Se não fosse assim, o PSB jamais chegaria ao governo do Estado, pois não tem força eleitoral para eleger candidato da sigla sucessor do governante do seu próprio partido.

Disse-se ainda que, por Wilson Martins ter sido ferrenho adversário de Wellington Dias nas eleições de 2002, inclusive presidindo o PSDB na aliança com a candidatura adversária na reeleição de Hugo Napoleão - atual deputado federal pelo PSD -, e que depois sem qualquer justificativa plausível abandonou os companheiros tucanos para aderir às hostes governistas, até o reino mineral sabia dos antagonismos político-ideológico existentes entre ambos. E ninguém em sã consciência não preveria que a vitória de Wilson Martins ao governo do Piauí, nessas circunstâncias, representaria o rompimento das bandeiras petistas na composição da equipe e na administração do Estado, pois ensejaria acomodação graciosa de alguns oligarcas no poder, retardatários da redenção dos piauienses como consta nos anais da sua historiografia política.

O citado artigo tinha o propósito de informar a sociedade piauiense das rusgas políticas existentes no âmago das forças políticas que elegeram Wilson Martins, quando o seu secretário de governo, deputado Wilson Brandão (PSB), em setembro de 2011 ateou fogo no rastilho de pólvora quando disse taxativamente que o governador Wilson Martins não tinha coragem de falar, apesar da sua vontade, a respeito do ex-governador Wellington Dias que, nos quase oito anos de governo, não trouxe nada de relevante para o Piauí, no tocante a grandes obras, mesmo tendo o presidente Lula como seu principal aliado.

Mas ficou definitivamente comprovado o descompromisso político do atual governador do Estado como o petismo piauiense nas eleições municipais de Teresina do ano passado, quando, em vez de apoiar irrestritamente a candidatura a prefeito de Wellington Dias, pelo contrário, preferiu aventurar-se em candidatura própria de postulante improvisado sem qualquer referência político-administrativa para enfrentar os graves problemas de Teresina, por somente possuir experiência de apresentador de programa televisivo, como ficou demonstrado nos debates para apresentar soluções convincentes sobre as demandas cruciais da população da Capital.

Entretanto, após as eleições de 2012, talvez por mero jogo político, o governador saiu no Piauí afora com o senador Wellington Dias a tiracolo, dizendo-se seu amigo e ficando claro que ele seria o seu candidato a governador em 2014. Confiante na amizade, o senador petista passou a percorrer o Estado nos eventos oficiais trocando figurinhas com o seu pupilo, o que deixava a entender aos coligados que Wilson Martins queria resgatar a sua conta política com Wellington Dias, mas que gerou, por outro lado, esfriamento político do vice-governador Zé Filho (PMDB) com o Palácio do Karnak, por pretender o mesmo tratamento para ser o candidato palaciano.

Assim, aflorou novamente a incerteza política oficial. E, para coroá-la, no último dia 21 de junho, nos festejos de São João do Piauí, terra natal da deputada Rejane Dias, esposa do senador Wellington Dias, o governador, com otimismo eleitoral, disse que o seu candidato ao governo será do PMDB, jogando um balde de água fria nos petistas-weltistas. E foi tão convicto que o jornalista Paulo Fontenele, em 27 de junho, estampou no seu blog: “Acordo PSB/PMDB isola Dias em eventos oficiais e PT prepara agenda paralela”. Mas Emanuela Pinto, em 4 de julho, diz no Acessepiauí: “Wilson Martins volta a negar crise com o PT: ‘É nosso aliado’”. Ciclotímico, o governador fica naquela do “morde e assopra”, que significa dizer que gostaria de seguir o seu caminho político natural, mas ao perceber o reflexo eleitoral volta atrás com a estória de não falar em eleição em 2013. Mas essa regra só vale para os outros, quando ele acha que deve falar, fala, nem que depois não leve em conta o que disse.

*Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito



*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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