Em uma análise publicada nessa quarta-feira (16), a revista britânica The Economist afirmou que o excesso de poder do Judiciário representa uma ameaça à democracia brasileira. A publicação destaca o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, como o principal símbolo desse protagonismo, chamando-o de “superstar” da Corte.
O artigo ressalta que, desde 2003, todos os presidentes do Brasil enfrentaram problemas na Justiça — como o impeachment de Dilma Rousseff (PT), a prisão do presidente Lula (PT) e as atuais acusações contra Jair Bolsonaro (PL), investigado por suposta tentativa de golpe de Estado.

Apesar de reconhecer os desafios enfrentados pelo país, o The Economist alerta que o Judiciário também se tornou um fator de instabilidade institucional: “A democracia brasileira tem outro problema: juízes com poder excessivo. E nenhuma figura personifica isso melhor do que Alexandre de Moraes".
A reportagem também critica a composição da Primeira Turma do STF, responsável por julgar o caso de Bolsonaro, formada por cinco ministros: Cristiano Zanin, Alexandre de Moraes, Luiz Fux, Flávio Dino e Cármen Lúcia. Segundo a revista, a presença de Zanin, ex-advogado pessoal de Lula, e Dino, ex-ministro da Justiça do atual governo, reforça a percepção de politização nas decisões da Corte.
A publicação questiona ainda as mudanças de posicionamento dentro do Supremo, citando o fim da Operação Lava Jato como exemplo de incoerência institucional. Embora reconheça que o STF atua “dentro da legalidade”, a revista observa que denúncias de arbitrariedades se tornaram frequentes.
Outro ponto levantado é o possível conflito de interesse na condução das investigações contra Bolsonaro por Moraes, uma vez que o ministro já foi alvo de ataques por parte do ex-presidente e seus aliados. Para The Economist, esse cenário fragiliza a confiança na imparcialidade do Judiciário brasileiro.
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