No dia 17 de fevereiro, duas estudantes de Medicina expuseram nas redes sociais o caso de uma paciente que passou por três transplantes de coração e um de rim. Nove dias após a publicação, a jovem paciente, Vitória Chaves da Silva, morreu em decorrência de um choque séptico e insuficiência renal. Ela esteve internada no Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo.
As alunas, identificadas como Gabrielli Farias de Souza e Thaís Caldeiras Soares Foffano, comentaram o caso da paciente em uma conversa e chegaram a atribuir a quantidade de procedimentos cirúrgicos à falta de cuidado de Vitória, por ela não ter tomado corretamente os medicamentos. O vídeo foi visualizado 212 mil vezes no TikTok e foi retirado do ar nesta terça-feira (08).

“Um transplante cardíaco já é burocrático, já é raro, tem a questão da fila de espera, da compatibilidade, mil questões envolvidas. Agora, uma pessoa passar por um transplante três vezes, isso é real e aconteceu aqui no Incor, e essa paciente está internada aqui”, afirmou Thaís, estudante de cabelo escuro que aparece nas imagens.
Durante a conversa, elas chegam a indicar em que período ocorreram esses transplantes, dando detalhes sobre a condição da paciente. “A segunda vez ela transplantou e não tomou os remédios que deveria tomar, o corpo rejeitou [o órgão] e teve que transplantar de novo, por um erro dela [Vitória]. Agora ela transplantou de novo, [o corpo] não aceitou, mas o rim não lidou bem com as medicações”, continuou a outra estudante.
Logo depois, Thaís faz um comentário: “essa menina tá achando que tem sete vidas [...] estou em choque. Simplesmente uma pessoa que já passou três vezes por transplante, recebeu três corações diferentes, pra quem não é da medicina, resumindo, é isso [...] e tá com problema ainda. Espero que fique tudo bem com ela, que agora ela realmente tome as medicações e faça o tratamento correto."
Boletim de ocorrência
Diante da repercussão do vídeo, a mãe da paciente registrou um boletim de ocorrência contra as duas alunas e afirmou que as alegações de que Vitória não teria se cuidado são falsas. Em entrevista ao Metrópoles, Cláudia Aparecida da Rocha Chaves afirmou que deseja uma retratação pública por parte das estudantes de Medicina.
“A gente sempre acompanhou a Vitória. A gente sabia o quanto ela lutava para viver, né? Tanto é que tem um monte de ofícios na Promotoria pedindo ajuda com medicação, com passagem para vir ao tratamento. Ela nunca faltou a uma consulta sequer, né? E minha filha tem sede de vida. Tudo o que ela queria era viver. Aí vem uma pessoa e diminui a história dela, eu não aceito, quero Justiça”, declarou.
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