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Lula articula reação à CPMI do INSS e busca conter desgaste político

Um dos principais encontros do dia foi com o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz.

Nesta sexta-feira (16), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu com ministros e líderes partidários para tratar da crise no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da possibilidade de instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) destinada a investigar fraudes em aposentadorias que causaram um prejuízo bilionário aos cofres públicos.

Um dos principais encontros do dia foi com o novo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, com quem Lula discutiu alternativas para garantir o pagamento aos aposentados afetados pelo escândalo. O presidente também se reuniu com figuras estratégicas do governo, como o líder no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), o secretário de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, o ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT-BA), e a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR).

Foto: Marcelo Camargo/Agência BrasilPresidente Lula
Presidente Lula

A CPMI foi protocolada pela oposição na última segunda-feira (12) e já conta com apoio suficiente: 36 assinaturas no Senado e 223 na Câmara. A instalação formal da comissão, no entanto, depende ainda do aval do presidente do Congresso, senador Davi Alcolumbre (União-AP).

Governo dividido e temor de desgaste

Durante a viagem internacional de Lula, a oposição articulou a criação da CPMI, o que levou o presidente a convocar a reunião com sua equipe para decidir a estratégia diante do avanço da comissão. Nos bastidores, o governo teme o impacto político do escândalo, mas reforça que as fraudes começaram em 2019, ainda no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

A ministra Gleisi Hoffmann manifestou preocupação com a criação da CPMI. “Não cabe ao governo ser a favor ou contra CPI. Essa é uma prerrogativa do Congresso, mas o governo pode manifestar sua preocupação”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo. Segundo ela, há riscos de vazamento de informações sensíveis e de interferência nas investigações já em curso pela Polícia Federal e pela Controladoria-Geral da União (CGU).

Foto: Lucas Dias/GP1Presidente do PT nacional, Gleisi Hoffmann
Gleisi Hoffmann

Ela ainda destacou que o funcionamento da comissão pode atrasar o ressarcimento das vítimas. “Uma CPMI, no ambiente de exploração política em que está sendo proposta, pode comprometer o sucesso da investigação policial. Também pode atrasar o ressarcimento das vítimas, já que sua duração está prevista para seis meses”, alertou.

Base aliada admite CPMI com escopo ampliado

Apesar das ressalvas, parte da base aliada defende a criação da CPMI, desde que ela tenha um escopo mais amplo. O líder do PT no Senado, Rogério Carvalho (PT-SE), afirmou que o partido deve apoiar a comissão, mas com foco em investigar os fatos desde o governo Bolsonaro.

“O PT vai assinar, sim, essa CPI. Vamos investigar todos os fatos e todas as pessoas, como fizemos na CPI da Covid e na CPI do 8 de Janeiro”, disse o senador durante sessão na Comissão de Transparência do Senado na última quinta-feira (15), com a presença do ministro Wolney Queiroz.

Aliados de Davi Alcolumbre sugerem que o presidente do Congresso pode apresentar um novo requerimento com abrangência maior, o que permitiria atrair apoio inclusive da base do governo e reduzir o caráter oposicionista da investigação.

Governo se articula para conter danos

Enquanto senadores do PT sinalizam apoio à CPMI com ajustes, deputados governistas tentam barrar o avanço da proposta na Câmara, embora já reconheçam que a retirada de assinaturas seja improvável. O próprio ministro da Previdência, Wolney Queiroz, expressou uma visão ambivalente sobre o tema. “Sou pessoalmente a favor da CPMI, porque acho que a sociedade merece essa resposta por parte do Parlamento. Mas tenho medo de que ela possa virar palco político, atrapalhar investigações e atrasar o ressarcimento às vítimas”, declarou.

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