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Poucas questões caracterizaram tanto a história da humanidade como a competição entre o sacro e o laico. Se você está tendo o privilégio de ler esta coluna sem ser importunado é porque essa disputa no seu país está empatada.

Muitos foram os períodos da humanidade nos quais a balança pendeu para um dos lados, criando estados religiosos fanáticos ou totalitários absolutistas.

Com efeito, a história nos mostra, em que pese às milhares de vidas ceifadas, que ambos são faces da mesma moeda e o futuro nos possibilitará entender esses períodos como a adolescência da humanidade, na qual o laico Estado sacro está dando lugar ao sacro Estado laico.

Na seara do indivíduo, alguns passos já foram dados em direção a maior conscientização do ser humano, dentre esses a criação da antroposofia, que pode ser caracterizada como uma linha de pensamento criada por Rudolf Steiner, na qual se busca um caminho de conhecimento para guiar o espiritual do ser humano em direção ao espiritual do universo, com ênfase no lado prático do dia-a-dia. A elevação do nível de consciência da humanidade e a constante busca do auto-conhecimento podem ser enumeradas como algumas das principais características da antroposofia.

Tradutor e profundo conhecedor das obras de Goethe, Steiner parece-me, na verdade, ter criado uma espécie de ciência espiritual, na medida em que procura dar contornos exatos às questões supra-sensíveis.

Muitos passos ainda estão por serem dados, em especial em direção ao interior do ser humano. Erram quando nos ensinam que temos que vencer a competição da vida contra tudo e contra todos, posto que raras são as batalhas que extrapolam o limite do nosso ser, pois, na verdade, só uma competição verdadeiramente deve nos interessar, aquela travada contra as nossas servidões, imperfeições e limitações no campo de batalha do nosso eu. E sobre este tema Espinoza nos auxilia: “Chamo servidão a impotência do homem para governar e refrear suas paixões. Com efeito, submetido às paixões, o homem não é autônomo, mas dependente da fortuna, de tal modo estando sob o seu poder que muitas vezes é forçado a fazer o pior, mesmo que veja o melhor”.

Muitas são as lições que os grandes pensadores nos legaram. Sócrates propicia a descoberta da autonomia moral da consciência, Epicuro nos lembra que o prazer da sabedoria aproxima o homem de Deus, Pitágoras ensinava que ao educar as crianças, não seria preciso punir os homens e os Iluministas exaltam a confiança na força libertária das luzes do conhecimento.

Concluo com Guerdjef: “Uma boa vida tem como base o sentido do que queremos para nós em cada momento e a qualidade daquilo que elegemos como principal.”

Boa sorte a (nós) todos.

Eusébio/CE, 16 de agosto de 2008.

José Anastácio de Sousa Aguiar

*** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do GP1

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