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Economia e Negócios

Dólar é cotado acima de R$ 5,80 após decisão do STF sobre Lula

Com cotação à vista desta terça, dólar turismo volta ultrapassar R$ 6; Bolsa teve abertura fraca após queda de quase 4% ontem.

Em um cenário econômico já cheio de incertezas, potencializadas pelo agravamento da pandemia, um novo fator desestabiliza ainda mais os mercados. A decisão, anunciada na segunda-feira, 8, pelo ministro Edson Fachin, do STF, de anular as condenações do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, tornando-o apto a votar a disputar eleições, tem um forte efeito nas negociações nesta terça-feira, 9.

Às 11h31, o dólar tinha alta de 1,2o%, sendo cotado a R$ 5,8479. O risco país (que mede a capacidade de uma nação de pagar suas dívidas) também sobe e atinge 217 pontos. O Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, teve abertura fraca, depois da queda de 3,98% ontem, e, no mesmo horário, registrava leve alta de 0,14%, chegando aos 110.769,79 pontos.

"Os temores são de possível fatiamento da PEC do auxílio emergencial, já em negociação pelo presidente Jair Bolsonaro, que tende a adotar uma política econômica e fiscal mais populista para tentar conter a queda da sua popularidade em meio à piora da pandemia no País e para enfrentar eventualmente Lula nas eleições de 2022, caso o plenário do STF mantenha a decisão do ministro Edson Fachin", diz o sócio-diretor da corretora NGO, Sidnei Nehme. Com Bolsonaro discutindo mudanças no texto da PEC, que autoriza uma nova rodada do auxílio emergencial, a percepção é de que "o jogo ainda está aberto", disse Alvaro Bandeira, economista do ModalMais.

Segundo Nehme, o investidor estrangeiro olha tudo isso com ceticismo, é sensível ao problema de corrupção. O risco é de a polarização política jogar os problemas principais - reformas, privatizações - para segundo plano, diz. Esse quadro todo põe pressão sobre o Copom, que se reúne na próxima semana e precisará ser agressivo na alta de juro para ter algum efeito de conter a escalada do dólar, acrescenta. A taxa básica de juros, a Selic, está em 2% ao ano. Entre analistas do mercado a aposta é de aumento na taxa já na próxima reunião do Copom, na semana que vem.

Nesta terça, o dólar opera descolado da queda da moeda americana em relação a outras moedas de países desenvolvidos e também de moedas emergentes e ligadas a commodities. Operadores do mercado não descartam que a cotação chegue hoje a R$ 6.

Mesmo em forte alta, esse patamar do dólar não é o mais alto em termos nominais, quando não se desconta a inflação. O recorde foi atingido em 14 de maio de 2020: R$ 5,9718. Nas casas de câmbio, o dólar turismo, de acordo com levantamento realizado pelo Estadão/Broadcast, é cotado acima de R$ 6.

Na Bolsa, a expectativa era de que o Ibovespa encontrasse espaço para recuperar parte das perdas de quase 4% registradas na véspera. No entanto, a queda em bloco das ações do setor de siderurgia se somou à continuidade do mal estar do mercado diante das incertezas do cenário doméstico.

As ações da Vale e siderúrgicas refletem por aqui a forte queda no preço do minério de ferro em Qingdao, na China, de 5,70%, para US$ 164,41 a tonelada em decorrência da imposição de novos limites de produção no polo siderúrgico de Tangshan para conter a poluição. De acordo com um analista, Tangshan, localizada na província chinesa de Hebei, responde por um quarto da produção de aço no país, e é o maior produtor global. Às 11h33, as ações ON da Vale caíam 1,45%.

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