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Economia e Negócios

Bolsa cai 1,45%, menor nível desde 4 de novembro de 2020

Na semana, o Ibovespa caiu 1,75%, colocando as perdas do mês a 11,92% e as do ano a 6,43%.

Na contramão da retomada em Nova York, o Ibovespa estendeu a série negativa pelo terceiro dia, alongando a sequência abaixo dos 100 mil pontos pela quinta sessão, um degrau a mais afastado da linha dos seis dígitos, agora aos 98 mil pontos. No encerramento desta quinta-feira, 23, no menor nível desde 4 de novembro de 2020, cedeu 1,45%, aos 98.080,34 pontos. Na semana, cai 1,75%, colocando as perdas do mês a 11,92% e as do ano a 6,43%. Moderado, o giro financeiro ficou em R$ 24,7 bilhões.

A persistente incerteza sobre o que o governo fará em relação à pressão dos combustíveis sobre a inflação, e o custo fiscal decorrente de eventual atuação sobre os preços, seja de forma direta ou por concessão de benefícios, mantém o apetite por risco contido na B3, no momento em que o câmbio reflete não apenas o avanço dos juros no exterior, mas também as dúvidas sobre a trajetória local para as contas públicas.

Apesar da recuperação vista em Nova York - onde os ganhos chegam agora a 4,02% (Nasdaq) na semana -, os dados de atividade no exterior, como os PMIs preliminares de junho divulgados hoje na Europa, têm reforçado a cautela dos investidores, em meio à expectativa para a elevação dos custos de crédito mesmo em áreas onde há muito a política monetária permanecia afrouxada, como a zona do euro.

"O Banco Central Europeu iniciará no próximo mês o aperto monetário (que já começou para o Banco da Inglaterra), o que, combinado aos PMIs fracos desta quinta-feira, deixou as bolsas europeias em terreno negativo na sessão", observa Dennis Esteves, especialista em renda variável da Blue3.

Além disso, "os PMIs dos Estados Unidos para junho trouxeram mais uma surpresa negativa, tanto no de manufatura como no de serviços, ambos muito ruins, em mínimas de dois anos. Acendem sinal amarelo de recessão. Na Europa, os PMIs estão em mínimas de mais de um ano, o que completa o quadro de desaceleração global e possível recessão", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Aqui, a elevação do "voucher" em estudo para os caminhoneiros, de R$ 400 para R$ 1.000, tem causado apreensão no mercado porque "mexeria muito no fiscal", observa Esteves, da Blue3.

Ainda assim, na B3, algumas ações conseguiram se descolar da aversão a risco que pesou forte sobre os papéis e segmentos mais líquidos, de maior ponderação no Ibovespa. Na ponta de ganhos do índice, destaque hoje para Locaweb (+9,01%), BRF (+7,80%) e Petz (+6,26%), à frente de Magazine Luiza (+4,51%), Americanas ON (+4,42%) e Via (+3,49%), com o segmento de varejo ainda acumulando fortes perdas no mês como no ano. No lado oposto do Ibovespa, apareceram hoje SLC Agrícola (-6,67%), Qualicorp (-4,32%) e Ultrapar (-4,05%).

Dólar

Após uma manhã de volatilidade, o dólar ganhou força ao longo da tarde e fechou próximo do limiar de R$ 5,23, no maior nível desde 11 de fevereiro. Ao fortalecimento da moeda americana no exterior, em meio a sinais de que a economia global pode estar se encaminhando para uma recessão, somou-se o aumento da percepção de risco fiscal doméstico diante iniciativas do governo e de seus aliados no Congresso para turbinar programas de transferência de renda.

A escalada do dólar por aqui se deu em sintonia com a derrocada do Ibovespa a partir do início da tarde, quando o Broadcast noticiou que o líder do governo no Senado, Carlos Portinho (PL-RJ), relatou que há discussões para mudanças na PEC dos Combustíveis. A ideia é usar para benefícios sociais os cerca de R$ 30 bilhões que seriam destinados para compensação a Estados que reduzissem ICMS sobre diesel e gás de cozinha. Na pauta, aumento do valor do Auxílio Brasil de R$ 400 para R$ 600 até o fim do ano, elevação do vale-gás e voucher para caminhoneiros de até R$ 1 mil.

Com máxima a R$ 5,2335, registrada na última hora de negócios, o dólar encerrou o dia em alta de 1,02%, cotado a R$ 5,2298 - maior valor de fechamento desde 11 de fevereiro. Com isso, os ganhos em junho já são de dois dígitos (10,04%). No ano, contudo, a divisa apresenta desvalorização de 6,21%.

"O clima político está esquentando. Depois da pressão pela CPI da Petrobras, apareceu o escândalo no Ministério da Educação. O governo pode reagir expandindo mais os gastos, com benefícios como o vale-gás e o auxílios aos caminhoneiros", afirma o economista-chefe da JF Trust, Eduardo Velho. "O fluxo cambial não está ajudando e agora aumentou o risco político. Aos poucos, a possibilidade de reversão das reformas vão sendo inseridas aos prêmios".

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