O ex-deputado norte-americano, George Santos, filho de brasileiros, foi condenado nesta sexta-feira (25) a 87 meses de prisão — o equivalente a sete anos e três meses — pelos crimes de fraude eletrônica e falsidade ideológica. George Santos confessou ter enganado doadores, roubado a identidade de diversas pessoas e cometido outros delitos financeiros para financiar sua campanha política.
Durante a audiência, George pediu clemência ao tribunal, alegando estar “humilhado” e “castigado” pelas consequências de seus atos. “Ofereço minhas mais profundas desculpas. Não posso reescrever o passado, mas posso controlar o caminho à frente”, disse ele. A juíza federal Joanna Seybert, no entanto, rejeitou o pedido, questionando a sinceridade do remorso apresentado. “Onde está o seu remorso? Onde eu vejo isso?”, afirmou a magistrada ao anunciar a sentença.

O Ministério Público destacou que algumas das vítimas de George eram pessoas em situação de vulnerabilidade, como uma mulher com danos cerebrais e dois idosos com demência. Além da pena de prisão, o ex-deputado terá de pagar cerca de 580 mil dólares em multas. As postagens recentes de Santos nas redes sociais, em que se dizia vítima de perseguição política, foram usadas pelos promotores para argumentar que ele não demonstrava verdadeiro arrependimento.
George Santos também foi acusado de fraudar o sistema de seguro-desemprego ao receber benefícios enquanto trabalhava em uma empresa na Flórida. Roberta Reardon, comissária de Trabalho de Nova York e uma das vítimas do caso, declarou que o ex-deputado contribuiu para a percepção equivocada de que crimes financeiros não causam danos reais.
A defesa tentou reduzir a pena, pedindo apenas dois anos de prisão. O advogado Andrew Mancilla argumentou que George foi vítima de um ambiente familiar desestruturado, sofreu bullying ao longo da vida e construiu uma identidade falsa para se sentir aceito. Mancilla descreveu seu cliente como uma pessoa "calorosa, gentil e atenciosa", apesar dos crimes cometidos.
George Santos foi eleito em 2022 para o Congresso dos Estados Unidos, representando um distrito de Nova York que inclui áreas do Queens e de Long Island. Após sua posse, surgiram denúncias de que ele havia forjado grande parte de seu currículo, incluindo falsas passagens por empresas de Wall Street e alegações de riqueza imobiliária. As investigações revelaram problemas financeiros e despejos anteriores, o que motivou processos criminais e parlamentares que culminaram em sua cassação em 2023.
Às vésperas do julgamento, George passou a adotar um tom mais reflexivo nas redes sociais, agradecendo tanto aos apoiadores quanto aos críticos. "Aprendi que, sendo de esquerda, direita ou centro, somos todos humanos e temos um superpoder que eu valorizo muito: a compaixão", escreveu ele na plataforma X.
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