Em discurso contundente durante a cúpula do Mercosul nesta quinta-feira (3), o presidente da Argentina, Javier Milei, fez cobranças diretas ao Brasil, que assume agora a presidência pro tempore do bloco sul-americano. Em sua última participação como líder do Mercosul, Milei pediu que o governo brasileiro atue com firmeza no enfrentamento ao crime organizado transnacional e criticou o regime venezuelano, governado por Nicolás Maduro, aliado histórico do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Encerro esta presidência deixando este compromisso para a próxima presidência do bloco, liderada pelo Brasil, confiante de que juntos seremos capazes de dotar o Mercosul da ferramenta necessária para combater eficazmente o crime organizado transnacional”, declarou Milei. O presidente argentino também cobrou “a pronta libertação” de presos políticos na Venezuela e afirmou que o bloco não pode ignorar os inúmeros casos de detenções ilegais no país comandado por Maduro.

Além das críticas políticas, Milei defendeu uma reestruturação profunda do Mercosul. Segundo ele, é preciso abandonar a visão protecionista do bloco e adotar uma abordagem mais voltada à inserção global. “Devemos parar de pensar no Mercosul como um escudo que nos protege do mundo e começar a pensar nele como uma lança que nos permite penetrar efetivamente nos mercados globais”, afirmou.
O presidente argentino disse ainda que a Argentina está comprometida com a liberdade econômica e que seguirá nesse caminho, com ou sem o apoio do bloco. “Embarcaremos no caminho da liberdade, juntos ou sozinhos, porque a Argentina não pode esperar. Precisamos urgentemente de mais comércio, mais atividade econômica, mais investimentos e mais empregos.”
Segundo Milei, a escolha por um novo rumo é definitiva. “Nossa nação decidiu deixar para trás décadas de estagnação. E cabe aos parceiros do Mercosul decidir se querem nos ajudar a continuar no caminho que escolhemos.”
As declarações ocorreram em meio a um clima diplomático ainda tenso entre Milei e Lula, que, mesmo presentes na mesma cúpula, não tiveram reunião bilateral reservada. Desde a posse do presidente argentino, em dezembro de 2023, os dois líderes seguem sem se encontrar oficialmente.
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