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Rússia amplia ataques a distância atingindo civis na Ucrânia

Diante da falta de avanço das tropas terrestres, a estratégia de Putin agora é reforçar ataques aéreos.

Ao entrar na quarta semana da guerra na Ucrânia, a Rússia tenta a cada dia compensar seus reveses estratégicos em terreno com bombardeios aéreos contra o alvo mais frágil do conflito: civis. As cidades de Chernihiv, Kharkiv e Mariupol foram devastadas nos últimos dias por ataques vindos do céu, deixando um número ainda incerto de vítimas e dificultando as negociações.

Diante da falta de avanço das tropas terrestres, a estratégia de Vladimir Putin é reforçar os ataques aéreos, que têm promovido verdadeiras carnificinas nas cidades ucranianas. Equipes de resgate retiraram nesta quinta-feira, 17, sobreviventes dos escombros de um teatro na cidade sitiada de Mariupol, que Kiev disse ter sido atingida por um ataque aéreo russo enquanto as pessoas se abrigavam lá. Moscou negou o ataque ao local, onde imagens de satélite mostraram a palavra, em russo, ‘crianças’, indicando que não se tratava de um alvo militar.

Mariupol, uma cidade portuária do sul, sofreu a pior catástrofe humanitária da guerra, com centenas de milhares de civis presos em porões sem comida, água ou energia enquanto as forças russas a atacam com fogo de artilharia e ataques aéreos, que não pouparam uma maternidade.

“Ontem e hoje, apesar dos bombardeios contínuos, os escombros estão sendo removidos e, as pessoas, resgatadas”, disse o conselho da cidade em comunicado, sem fornecer números. Mais de 350 mil ainda estão abrigados na cidade.

O Departamento de Estado dos EUA confirmou nesta quinta-feira que um cidadão americano foi morto em um ataque russo à cidade de Chernihiv. O departamento não revelou a identidade do americano, o segundo morto no conflito, após o assassinato do jornalista Brent Renaud na semana passada.

Na mesma cidade, pelo menos 53 corpos foram levados a necrotérios entre terça e quarta-feira, vítimas de fortes ataques aéreos russos e fogo de solo, disse o governador, Viacheslav Chaus, à TV ucraniana hoje. Na cidade, um albergue foi bombardeado, deixando mãe, pai e três de seus filhos, incluindo gêmeos de 3 anos, mortos.

A região de Kharkiv também foi alvo de bombardeio pesado enquanto as forças russas paralisadas tentam avançar na área. Pelo menos 21 pessoas foram mortas pela artilharia russa que destruiu uma escola e um centro comunitário em Merefa, perto da cidade.

Com superioridade militar incontestável, o ataque da Rússia à Ucrânia começou com tropas entrando no país por terra ou desembarcando por mar e ar em 24 de fevereiro. Mas países ocidentais dizem que diante de decisões estratégicas e contratempos logísticos confusos, combinados com a ferocidade da resistência da Ucrânia, a Rússia estaria estagnada em seu avanço.

Baixas russas

O lado conservador das estimativas, que calcula em mais de 7 mil mortes de tropas russas, é maior do que o número de tropas americanas mortas ao longo de 20 anos no Iraque e no Afeganistão juntos. É um número impressionante acumulado em apenas três semanas de combate, dizem autoridades americanas, com implicações para a eficácia de combate das unidades russas, incluindo soldados em formações de tanques.

Autoridades do Pentágono dizem que uma taxa de 10% de baixas, incluindo mortos e feridos, para uma única unidade a torna incapaz de realizar tarefas relacionadas ao combate.

Com mais de 150 mil soldados russos agora envolvidos na guerra na Ucrânia, as baixas russas, incluindo os estimados 14 mil a 21 mil feridos, estão perto desse nível.

Os militares russos também perderam pelo menos três generais na luta, segundo autoridades ucranianas, da Otan e russas. Autoridades do Pentágono dizem que um número alto e crescente de mortos na guerra pode destruir a vontade de continuar lutando. O resultado, dizem eles, apareceu em relatórios de inteligência que altos funcionários do governo Biden leem todos os dias: um relatório recente se concentrou no baixo moral entre as tropas russas e descreveu soldados apenas estacionando seus veículos e caminhando para a floresta.

As autoridades americanas, que falaram sob condição de anonimato para discutir assuntos operacionais, alertam que seus números de mortes de tropas russas são inexatos, compilados por meio de análises da mídia, números ucranianos (que tendem a ser altos, com o último em 13,5 mil), números russos (que tendem a ser baixos, com o último em 498), imagens de satélite e leitura cuidadosa de imagens de vídeo de tanques e tropas russos que estão sob fogo.

Oficiais militares e de inteligência americanos sabem, por exemplo, quantos soldados geralmente estão em um tanque e podem inferir a partir disso o número de baixas quando um veículo blindado é atingido por, digamos, um míssil antitanque Javelin.

Negociações em dúvida

Mesmo com o massacre de civis, um quarto dia consecutivo de conversas entre negociadores russos e ucranianos ocorreu por videoconferência, mas o Kremlin disse que um acordo ainda não foi alcançado. “Nossa delegação está fazendo um esforço colossal”, disse o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov. “Mas infelizmente não vemos tanto zelo do lado ucraniano.”

Moscou já havia dito que estava perto de concordar com uma fórmula que manteria a Ucrânia neutra, uma de suas exigências. O conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak disse que as negociações são complicadas. “As posições das partes são diferentes. Para nós, as questões fundamentais são invioláveis”, disse. A Ucrânia disse que está disposta a negociar o fim da guerra, mas não vai se render ou aceitar ultimatos russos.

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