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Política

Aliados de Bolsonaro defendem divulgação de vídeo para desarmar Moro

Vídeo foi minuciosamente estudado por grupo de auxiliares de extrema confiança do presidente antes de ser entregue ao STF.

Após a revelação, por determinação judicial, dos resultados dos testes de coronavírus do presidente Jair Bolsonaro, auxiliares do Palácio do Planalto defendem que a “outra bomba”, desta vez envolvendo o ex-ministro da Justiça Sérgio Moro, seja desarmada o quanto antes.

O entendimento é que a divulgação do trecho do vídeo da reunião ministerial alvo de inquérito do Supremo Tribunal Federal (STF) beneficia Bolsonaro na acusação de que tentou interferir no comando da Polícia Federal e pode minimizar o desgaste da imagem do presidente.

A aparente tranquilidade do presidente e confiança de seu auxiliares vêm do fato de que, antes de entregar o vídeo à Justiça, o conteúdo foi minuciosamente estudado pelo Planalto para verificar se em algum trecho o presidente poderia incorrer no crime de responsabilidade.

A conclusão, segundo interlocutores do presidente, é que, apesar dos palavrões e algumas “saias-justas” envolvendo o STF, China e governadores, o trecho alvo de inquérito não é uma prova contundente das acusações de Moro de que foi pressionado para trocar a PF.

Os ministros Jorge Oliveira, da Secretaria-Geral da Presidência, e José Levi, Advogado-Geral da União, foram os encarregados de fazerem a análise do vídeo. A gravação ficou restrita a um grupo de auxiliares de extrema-confiança após o ministro Celso de Mello requisitar a gravação da reunião no dia 5 de maio na íntegra. Até a entrega do vídeo na sexta-feira, dia 8, o conteúdo foi revisto várias vezes.

Bolsonaro tem afirmado enfaticamente que não falou as palavras Polícia Federal nem superintendência em todo o vídeo. Também disse que não se referiu a Moro quando falou em trocar sua segurança pessoal. “Eu não falei o nome dele no vídeo. Não existe a palavra Sergio Moro. Eu cobrei a minha segurança pessoal no Rio de Janeiro. A PF não faz minha segurança pessoal, quem faz é o GSI”, disse o presidente na manhã desta quarta-feira, 13.

Em depoimentos à PF, os ministros Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral) e Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional) alegaram que a PF foi mencionada quando o presidente cobrou relatórios de inteligência de todos os órgãos do Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin)

Após a exibição do vídeo na Polícia Federal na terça-feira, o decano do STF deu 48 horas para Moro, o procurador-geral da República, Augusto Aras, e a Advocacia-Geral da União (AGU) se manifestem sobre o levantamento do sigilo – total ou parcial – do vídeo da reunião ministerial de 22 de abril. O prazo vence amanhã.

Nesta quarta-feira, 13, a defesa de Moro pediu ao ministro Celso de Mello, relator de inquérito, que determine a divulgação da íntegra da reunião do dia 22 de abril ou que, ao menos, “seja publicizadas todas as falas do presidente durante tal reunião”. O argumento dos advogados é que, por se tratar de um ato oficial do governo, a divulgação do conteúdo na íntegra caracterizará uma “verdadeira lição cívica”.

Aliados do Planalto, no entanto, veem a solicitação uma tentativa de Moro de desgastar a imagem do presidente justamente com assuntos não pertinentes ao inquérito. Alguns ministros defendem que a divulgação do trecho do vídeo sobre a PF pode abalar a credibilidade do ex-ministro da Justiça, que mesmo antes de sair do governo era visto como um adversário do presidente nas eleições de 2022.

A AGU deve pedir para que apenas trechos do vídeo sejam divulgados. Nesta quarta, Bolsonaro disse que por ele divulga o vídeo e conversaria com o advogado-geral da União para divulgar a parte envolvendo o ministro Moro. “Tudo que trata do inquérito, da minha parte, está liberado, não tem sigilo de nada. Mas não quando trata de assuntos comerciais, internacionais ou questões pessoais”, disse o presidente.

O procurador-geral Augusto Aras deve se manifestar sobre a divulgação do vídeo nesta quinta-feira, 14. A tendência é que ele defenda que apenas trechos relacionados ao inquérito sejam publicizados.

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