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Cirurgia do presidente Jair Bolsonaro deve durar três horas

Prevista para amanhã, nova operação tem objetivo de retirar bolsa de colostomia; presidente vai ficar internado uma semana, prevê médico.

Prevista para amanhã, a cirurgia para reconstruir o trânsito intestinal e retirar a bolsa de colostomia do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deverá durar três horas e exigir pelo menos uma semana de internação. Essas foram as estimativas dadas pelo cirurgião Antonio Macedo, chefe da equipe médica do presidente, ao Estado. A operação vai acontecer no Hospital Israelita Albert Einstein, zona sul de São Paulo.

Pela programação divulgada pelo governo, o presidente deve ser internado já hoje, quando deverá iniciar o preparo intestinal para a cirurgia. Nesse processo, ele irá receber apenas dieta líquida e terá de tomar medicamentos laxantes para que qualquer resíduo do intestino seja eliminado até a hora da cirurgia.

  • Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão ConteúdoPresidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do PlanaltoPresidente Jair Bolsonaro durante cerimônia no Palácio do Planalto

Será o terceiro procedimento cirúrgico de Bolsonaro desde que ele foi esfaqueado, no dia 6 de setembro do ano passado, durante um ato de campanha em Juiz de Fora. A primeira operação foi feita na Santa Casa da cidade mineira, logo após o atentado, para reparar as lesões sofridas no ataque e conter uma grave hemorragia decorrente dos ferimentos. Foi nessa cirurgia que o presidente precisou passar por uma colostomia - procedimento no qual o intestino grosso é exteriorizado até a parede abdominal para que as fezes caiam numa bolsa coletora acoplada ao corpo. A colostomia foi necessária porque a parte ferida do intestino grosso precisou ser isolada da passagem de fezes para diminuir o risco de infecções.

Seis dias depois do ataque, quando o então candidato já havia sido transferido para o Hospital Albert Einstein, ele voltou ao centro cirúrgico às pressas para corrigir uma obstrução intestinal causada por aderências, situação em que tecidos de cicatrização do intestino “grudam” em outras partes do órgão ou na parede do abdome. Bolsonaro teve alta 23 dias após o atentado.

Segundo cirurgiões ouvidos pelo Estado, o procedimento de amanhã tende a ser mais tranquilo do que os anteriores por não ser uma cirurgia de emergência e porque foi agendado para um momento em que Bolsonaro está em boas condições físicas. “A cirurgia, em si, não é uma coisa complicada, mas vai exigir uma intervenção relativamente grande no abdome”, diz Fábio Guilherme de Campos, professor da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

Anestesia

Ele explica que, em cirurgias como essas, o paciente é submetido à anestesia geral e tem um corte feito no abdome. Em seguida, a parte do intestino grosso que estava conectada à bolsa coletora de fezes é descolada da parede abdominal e religada, por meio de uma costura, à outra “boca” do intestino grosso que ficou solta dentro da cavidade abdominal. “Esse tipo de cirurgia não costuma durar mais de duas ou três horas, a não ser que o paciente tenha muitas aderências no intestino e o cirurgião tenha que desfazê-las para poder trabalhar”, afirma Campos.

De acordo com Ricardo Cohen, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, a ocorrência de aderência é muito comum em pacientes que já tiveram a região abdominal operada. “O médico terá de soltar todas as aderências para, então, poder unir novamente as partes do intestino que foram separadas. Não é uma cirurgia difícil, mas é trabalhosa”, diz ele.

Apesar de corriqueira para especialistas da área, a operação de Bolsonaro não está isenta de riscos. A complicação mais grave que pode ocorrer é um eventual rompimento dos pontos internos feitos na recostura do intestino. “Se isso acontece, o material fecal cai na cavidade abdominal e leva à uma infecção, situação que geralmente exige uma nova intervenção cirúrgica”, diz Campos. Embora grave, essa complicação acontece apenas em 1% a 2% dos casos.

Presidente vai 'despachar' do hospital

O plano de Bolsonaro, mesmo internado, é retomar despachos e reuniões quando ainda estiver internado, dois dias após a cirurgia.

A assessoria do Albert Einstein não detalhou como será a estrutura montada para o presidente no hospital, mas médicos do Einstein ouvidos pelo Estado afirmam que o Bolsonaro deverá ficar internado na ala mais nova do hospital, onde alguns dos quartos possuem uma antessala, com mesa, sofá e TV, ambiente onde reuniões poderiam ocorrer.

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