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Presidente Donald Trump diz que Irã 'nunca venceu uma guerra'

'O Irã nunca venceu uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação', escreveu o presidente dos EUA em uma rede social sobre morte de general iraniano; Irã prometeu 'vingança'.

Em sua primeira manifestação pública após o ataque que matou o general iraniano Qassim Suleimani, responsável pelos assuntos iraquianos na Guarda Revolucionária do Irã, na quinta-feira, 2, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira, 3, que "o Irã nunca venceu uma guerra, mas nunca perdeu uma negociação". A frase, em referência às mortes de Soleimani e também do vice-presidente da milícia iraquiana majoritariamente xiita, Forças de Mobilização Popular (PMF, na sigla em inglês), Abu Mahdi al-Muhandis, foi postada no Twitter do presidente dos EUA.

Suleimani foi morto em um bombardeio no aeroporto de Bagdá, conforme anunciou ontem a televisão pública iraquiana. Um dos militares mais poderosos do grupo, ele era considerado terrorista pelos Estados Unidos e Israel. O general era o responsável das operações fora do Irã e esteve presente na Síria e no Iraque, supervisionando as milícias apoiadas por Teerã nos dois países árabes.

Trump escreveu ainda que "o general Qassem Suleimani matou ou feriu gravemente milhares de americanos durante um longo período de tempo e planejava matar muitos mais, mas foi pego!". O presidente dos EUA escreveu também que "ele (Suleimani) foi direta e indiretamente responsável pela morte de milhões de pessoas". "Embora o Irã nunca seja capaz de admitir adequadamente, Soleimani era odiado e temido no país. Eles (iranianos) não estão tão tristes quanto os líderes querem que o mundo acredite. Ele deveria ter sido retirado há muitos anos!", afirmou Trump.

Na manhã desta sexta, o líder supremo do Irã, Ali Khamenei, prometeu vingança. "Sua partida (de Suleimani) não acaba com a sua missão e uma forte vingança aguarda os criminosos que têm seu sangue e o sangue dos outros mártires em suas mãos", disse o líder supremo em comunicado. Ele também anunciou que o posto de Suleimani será ocupado pelo brigadeiro-general Esmail Ghaan e que a Guarda irá permanecer "inalterada". Até o momento, Ghaan era vice-comandante da força Al-Qods, responsável pelas operações estrangeiras do Irã.

Mais tarde, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã disse, pelo Twitter, que o assassinato de Qassim Suleimani como "o maior erro estratégico" dos EUA no oeste da Ásia e alertou que Washington não se livraria das consequências desse "erro de cálculo".

Segundo o Pentágono, Soleimani estava desenvolvendo "planos para atacar diplomatas e membros do serviço americano no Iraque e em toda a região". O general era apontado como culpado pela "morte de centenas de americanos e membros do serviço de coalizão e pelos ferimentos de milhares".

"Os Estados Unidos seguirão tomando todas as medidas necessárias para proteger nosso povo e nossos interesses em qualquer parte do mundo", disse o comunicado do Pentágono, afirmando que o ataque de hoje tinha como objetivo "impedir futuros planos de ataques iranianos".

Um oficial da Casa Branca que não quis se identificar disse que o ataque teria sido realizado por meio de drones. Já a rede de televisão do Irã afirma que a ação foi feita por meio de helicópteros. O governo dos Estados Unidos ainda não deu detalhes oficiais de como o ataque foi realizado.

Segundo a imprensa americana, Trump autorizou a operação na manhã de ontem, que ocorreu em meio à escalada de tensão entre Washington e Bagdá, depois que apoiadores e membros da PMF invadiram a embaixada dos EUA no Iraque, no último dia de 2019.

Depois da ação, a embaixada do país em Bagdá pediu a todos os cidadãos americanos que estão no Iraque para que saiam imediatamente do país.

Mohsen Rezaei, um ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã, prometeu vingar o ataque. "O General Qassim Suleimani, nosso mártir, se juntou aos seus outros irmãos mártires. Mas nós ainda iremos ter uma vingança vigorosa contra a América". Atualmente, Rezaei ocupa o cargo de secretário em um importante órgão do país.

Em um vídeo publicado pelo secretário do Departamento de Estado Mike Pompeo em sua conta oficial no Twitter, é possível ver os soldados comemorando após a realização do ataque. No post, ele disse que eles estão "gratos que o general Suleimani não está mais aqui".

O bombardeio ocorre em meio a uma elevação na tensão entre Irã e EUA. No início da semana, a embaixada americana em Bagdá foi alvo de milícias iraquianas pró-Irã, que chegaram a invadir parte do complexo e colocar fogo na recepção. O grupo recuou na quarta-feira, diante das ameaças do presidente americano, Donald Trump, de atacar o Irã, depois de a multidão atear fogo e quebrar câmeras de vigilância. Durante a ação, eles gritavam 'Morte à América'.

Irã classifica bombardeio como 'ato terrorista'

Em declaração oficial, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Mohammad Javad Zarif, classificou o bombardeio como "um ato de terrorismo de Estado" e uma "violação à soberania" do país. "Talvez a ação dos Estados Unidos tenha sido uma reposta à dor que esse grande homem lhes infligiu", disse, em referência a um relatório feito anos atrás pelo FBI e que credita a Suleimani a morte de ao menos 600 soldados norte-americanos.

O presidente iraniano Hassan Rohani também condenou o ataque coordenado por Trump, afirmando que "o martírio de Suleimani deixará o Irã mais decisivo para resistir ao expansionismo americano e defender nossos valores islâmicos. Sem dúvida, o Irã e outros países que buscam a liberdade na região, se vingarão".

Escalada da tensão

Autoridades dos EUA afirmaram na sexta-feira passada que mais de 30 foguetes foram lançados contra uma base militar iraquiana perto de Kirkuk, ao norte do Iraque, matando um empreiteiro a serviço dos EUA e ferindo quatro americanos e dois soldados iraquianos.

Os EUA acusaram a milícia Kataib Hezbollah, financiada pelo Irã, de perpetrar o ataque. Um porta-voz da milícia negou envolvimento do grupo. Trump responsabilizou o Irã pelo ataque, e no Twitter disse que “o Irã matou um empreiteiro americano e feriu muitos”. Depois das primeiras ameaças, Trump afirmou que não queria guerra com Irã.

O Exército americano lançou ataques aéreos contra a milícia durante o fim de semana, matando 25 membros do grupo, no que o secretário de Estado Mike Pompeo qualificou como “uma resposta decisiva”. Ele disse que os EUA não iriam "tolerar que a República Islâmica do Irã perpetrasse ações que colocam homens e mulheres americanos em risco”.

EUA e Irã estão em rota de colisão há anos - por causa da influência iraniana no Iraque, o programa nuclear do país e outros assuntos - e as tensões se intensificaram durante o governo de Donald Trump, que se retirou do acordo nuclear firmado em 2015 e impôs sanções devastadoras contra Teerã.

Mas os ataques aéreos ocorrem num momento particularmente explosivo no Iraque, onde a ira contra a intromissão estrangeira já era intensa. O principal clérigo xiita do país, o Grande Aiatolá al-Husseini al-Sistani, advertiu que o Iraque não deve se tornar “um campo para acertos de contas internacionais”, e o primeiro ministro Adel Abdul-Mahdi qualificou os ataques aéreos de violação da soberania iraquiana.

Muitos dos manifestantes que invadiram a área da embaixada são membros do Kataib Hezbollah e outras milícias apoiadas pelo Irã. Embora o Irã tenha uma forte influência no Iraque, ele também tem sido alvo da ira popular e por vezes da violência por parte dos manifestantes iraquianos.

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