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Teresina - Piauí

Bebê com cardiopatia congênita precisa passar por cirurgia fora do Piauí

A mãe teme que o tempo de espera se estenda ainda mais e possa agravar o estado de saúde da filha.

Os pais da pequena Maria Cleyane, de apenas 4 meses de idade, aguardam ansiosos a transferência da recém-nascida, diagnosticada com cardiopatia congênita, e que precisa o quanto antes passar por uma cirurgia que só pode ser realizada fora do estado do Piauí.

Desde que veio ao mundo em Teresina, a pequena Maria teve que ser internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) da Maternidade Wall Ferraz (Ciamca), local que se transformou na sua casa.

A mãe dela, Raiane Gonçalves, há quatro meses vai visitar todos os dias a filha na UTI. Ela aguarda a transferência para outro estado, pois o Piauí não realiza esse tipo de cirurgia. De acordo com ela, a documentação necessária para que a cirurgia aconteça foi enviada à Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi), através do programa de Tratamento fora de domicílio (TFD), há três meses.

Foto: Reprodução/WhatsappMaria Cleyane foi diagnosticada com cardiopatia congênita
Maria Cleyane foi diagnosticada com cardiopatia congênita

“Ela nasceu no dia 5 de abril e no dia 9 foi transferida aqui para a UTI do Ciamca e há 3 meses eu dei entrada na documentação do TFD. Primeiramente, a cirurgia seria feita em Recife (PE), onde normalmente as pessoas são transferidas mas, nos informaram que essa cirurgia não é mais realizado lá”, afirmou Raiane Gonçalves.

Segundo Raiane, com um novo processo, o HCOR, em São Paulo, deve receber a pequena Maria Cleyane para a realização da cirurgia. A mãe teme que o tempo de espera se estenda ainda mais e possa agravar o estado de saúde da criança. “Nós estamos aqui aguardando uma resposta. Cada dia que passa é um risco para minha filha porque ela já teve pneumonia, teve também endocardite, que é uma doença onde se faz necessário o uso de antibiótico durante seis meses”, relatou Raiane.

O que é a cardiopatia congênita?

O GP1 conversou com o médico cardiopediatra Marcelo Madeira, que falou sobre a cardiopatia congênita e como a doença se desenvolve e suas principais causas. “É um grupo de doenças que estão presentes ao nascimento. A maior parte delas são chamadas de cardiopatias estruturais, então são defeitos na formação normal do coração. As mais frequentes são aquelas relacionadas a defeitos no septo cardíaco, que são as paredes que dividem o coração ao meio. As mais comuns são as comunicações intratriais e intraventriculares”, explicou.

A doença tem uma série de sintomas e pode ser causada ou não devido a uma formação genética. O médico aponta que, apesar disso, não há uma condição plena de identificação nos genes das crianças recém-nascidas.

“Geralmente, esses bebês tem como principal sintoma a dificuldade de ganho de peso, cansaço e alguns pacientes podem apresentar sopro. Existem alguns estudos que mostram que algumas cardiopatias têm algum gene associado. Algumas condições genéticas se tornam imperativa o rastreio de cardiopatia congênita, a mais conhecida dela é a Síndrome de Down, onde metade das crianças nascem com essa condição e precisam passar por tratamento cirúrgico”, detalhou.

Marcelo Madeira apontou ainda que há um variado número de cardiopatias que necessitam ou não de cirurgia ou ainda intervenções médicas como cateterismo ou tratamento medicamentoso.

O que diz a Sesapi

O GP1 procurou a Secretaria de Saúde do Piauí nesta terça-feira (17) e a Sesapi explicou que a paciente ainda não pode ser transferida devido ao uso de antibiótico para endocardite, portanto, sua transferência somente será possível após nova avaliação.

Confira a nota na íntegra:

A criança Maria Cleyane Gonçalves Moraes, nasceu dia 05/04/2021, na Maternidade Professor Wall Ferraz com cardiopatia congênita, ficando internada desde os quatro dias de vida com diagnóstico de Hipoplasia severa da válvula Aórtica. Segundo diagnóstico do médico neonatologista da Maternidade, Fábio Furtado de Farias, a paciente necessita de cirurgia cardíaca de correção da estenose aórtica, procedimento que não é realizado no Estado do Piauí, sendo possível através do TFD-Tratamento Fora do Domicílio do Governo do Estado.
Ela deu entrada no TFD dia 06/05/2021 e, em junho, surgiu a oportunidade de transferência do Piauí para a realização do procedimento em outro Estado, mas a paciente estava em uso de antibiótico para endocardite (uma doença que afeta o endocárdio, provocando inflamação na membrana que reveste a parede interna do coração e as válvulas cardíacas).

Atualmente, a RN está aguardando consultas por videoconferência com os médicos do HCOR, em São Paulo, para avaliação do quadro clínico da paciente.

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