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Teresina - Piauí

Reconstituição estabelecerá dinâmica da morte de Débora Vitória, diz DHPP

"A reprodução não foi para dirimir dúvidas sobre de onde partiu o disparo", disse Nathália Figueiredo.

A delegada Nathália Figueiredo, titular do Núcleo de Feminicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), esclareceu em entrevista ao GP1, nesta sexta-feira (03), os motivos que levaram à reconstituição do caso da morte da pequena Débora Vitória, durante assalto no ano passado, em Teresina.

Segundo a delegada, o objetivo da reprodução simulada foi apenas para entender a dinâmica do crime por pedido do Ministério Público e que não há dúvidas sobre quem foi o autor do disparo que matou a criança. “O membro do Ministério Público tinha alguns pontos que ele entendeu como necessários para compreender a dinâmica para poder oferecer a denúncia, ou seja, a reprodução simulada realizada ontem não foi para dirimir dúvidas sobre de onde partiu o disparo, até porque a microcomparação balística já nos deu essa informação, no entanto, o Ministério Público precisa de elementos para entender a dinâmica e oferecer a denúncia”, explicou Nathália Figueiredo.

Foto: Alef Leão/GP1Nathália Figueiredo
Nathália Figueiredo

“O inquérito foi finalizado com relação ao policial e a microcomparação balística foi essencial para que chegássemos à conclusão que, de fato, o disparo que vitimou a criança partiu da arma do policial, tanto que ele foi indiciado por dolo eventual com homicídio qualificado porque a vítima era menor de 14 anos”, pontuou a delegada.

Ainda de acordo com a delegada, a reconstituição foi feita com todo o cuidado, inclusive, foi usado um boneco com as mesmas características de Débora Vitória, além de ter contado com a participação da mãe, Dayane Gomes, do policial José da Cruz Bernardes Filho e do criminoso Clemilson da Conceição. “A perícia tomou o cuidado de ter um boneco com as mesmas proporções da criança para passar da forma mais fidedigna possível. Participaram tanto o Clemilson, quanto o PM e a mãe da criança, cada um dos envolvidos deu a sua versão em relação ao ocorrido”, explanou Nathália Figueiredo.

Foto: Alef Leão/GP1Delegada Nathália Figueiredo
Delegada Nathália Figueiredo

“Então, a reprodução e essas outras diligências realizadas foram para esclarecer a dinâmica da situação, para convencimento em relação se houve dolo ou culpa, por isso o promotor achou necessária a realização dessas diligências para entender a dinâmica e, ao final, oferecer a denúncia”, reforçou a delegada.

Indiciamento

O tenente José da Cruz Bernardes Filho, da Polícia Militar do Piauí, acusado de ter efetuado o disparo de arma de fogo que matou a pequena Débora Vitória, foi indiciado no dia 13 de dezembro de 2022, pela prática do crime de homicídio com dolo eventual, ou seja, quando se assume o risco de matar.

De acordo com o relatório do inquérito, o laudo pericial de exame de balística concluiu que o tiro que atingiu Débora Vitória saiu da pistola do tenente, que é mais conhecido como B. Filho.

Depoimento da mãe

Dayane Gomes, mãe de Débora, disse ter certeza que o tiro havia saído da arma do policial e que ele estava ingerindo bebida alcóolica minutos antes de tudo acontecer.

Foto: Lucas Dias/GP1Dayane Gomes
Dayane Gomes

A mãe afirmou “que os disparos realizados pelo tenente B. Filho foram realizados pelo lado esquerdo, tendo como parâmetro a posição em que estava sua motocicleta e, consequentemente, Débora Vitória”.

Diante de tudo que foi levantado nas investigações, juntamente com o laudo que comprovou a autoria do disparo que matou Débora Vitória, a delegada Nathália Figueiredo indiciou formalmente o policial José da Cruz Bernardes Filho, encaminhando os autos ao Poder Judiciário.

Interrogatório

Ao ser interrogado, o tenente negou estar sob efeito de bebida alcóolica no momento do ocorrido e que só atirou com intenção de atingir o assaltante. Ele relatou que “viu o momento em que Clemilson realizou a abordagem à senhora Dayane; que viu Clemilson apontando o revólver para Dayane; que nesse momento, decidiu realizar a abordagem; que Clemilson realizou um disparo em sua direção; que nesse momento, realizou um disparo contra Clemilson”.

Morte de Débora Vitória

A pequena Débora morreu e sua mãe ficou ferida após as duas serem baleadas durante um assalto na noite do dia 11 de novembro. Segundo as informações repassadas ao GP1 pela Guarda Civil Municipal, o crime ocorreu no momento em que mãe e filha estavam saindo de casa em uma motocicleta, quando foram abordadas por um criminoso.

Foto: Reprodução/ InstagramDébora Vitória
Débora Vitória

Um policial então reagiu à investida do bandido e iniciou-se uma troca de tiros. Em meio ao tiroteio, mãe e filha foram baleadas. Um vizinho levou as duas ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), no entanto, a criança acabou não resistindo e já chegou sem vida na unidade de saúde.

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