O Ministério Público do Estado do Piauí denunciou Mikaely Cardoso do Monte, acusada de se passar pela promotora de Justiça Joselisse Nunes de Carvalho Costa para aplicar golpes. A jovem foi denunciada pelos crimes de estelionato qualificado por fraude eletrônica, com agravante de ter sido praticado contra uma idosa, em ação apresentada pelo promotor Sávio Eduardo Nunes de Carvalho nesta sexta-feira (11).
Segundo a denúncia, Mikaely Cardoso utilizou um perfil falso no WhatsApp se passando pela promotora Joselisse Costa para enganar vítimas e obter benefícios pessoais, como abrigo e alimentação gratuita. A principal vítima foi a idosa Maria Glades Ferreira de Sousa, que acolheu a acusada em seu sítio por 45 dias, acreditando estar ajudando uma jovem em situação de risco a pedido da promotora.

A denúncia foi apresentada pela 30ª Promotoria de Justiça de Teresina, após análise do inquérito policial concluído pela Delegacia de Repressão e Combate aos Crimes Informáticos (DRCI). O delegado Humberto Mácola de Lima havia indiciado Mikaely por falsa identidade, mas o Ministério Público entendeu que os fatos se enquadram em um tipo penal mais grave, por envolver obtenção de vantagem ilícita mediante fraude digital e contra pessoa idosa. Por isso, o MP rejeitou a tipificação de falsa identidade e enquadrou em outro crime.
De acordo com as investigações, Mikaely utilizou um número de telefone com foto da promotora Joselisse e linguagem persuasiva para convencer Maria Glades a lhe oferecer moradia e alimentação. A idosa acreditava estar em contato com uma autoridade do Ministério Público que prometia ajudá-la em um processo judicial envolvendo seu filho, José Martinho de Sousa Júnior. Ao tentar retornar o contato, a vítima foi atendida pela própria Mikaely, o que levantou as primeiras suspeitas.
A relação entre Mikaely e a promotora Joselisse remonta a 2017, quando a acusada morava em um abrigo feminino em Teresina e recebia apoio financeiro da promotora. Com o tempo, a acusada manteve o contato e passou a usar a imagem e a identidade da promotora para criar uma falsa rede de confiança. As investigações apontam que ela também utilizou o perfil falso para pressionar Lúcia de Fátima, ex-companheira de José Martinho, enviando mensagens ameaçadoras para forçar o contato entre o pai e os filhos antes de decisão judicial.
A Polícia Civil confirmou, por meio de dados das operadoras e de relatórios técnicos de Apple e Google, que o número utilizado nas fraudes estava vinculado ao CPF de Mikaely Cardoso do Monte. Outras duas linhas também foram relacionadas a ela. Depoimentos de testemunhas reforçaram que a acusada frequentemente adotava falsas identidades e inventava histórias de perseguição para sensibilizar e manipular terceiros. As ações eram calculadas e direcionadas a pessoas ligadas ao processo judicial envolvendo seu ex-companheiro.
Interrogatório
Mikaely negou as acusações durante o interrogatório, alegando desconhecer o uso do número da promotora nas mensagens enviadas. Ela afirmou que um ex-companheiro poderia ter cometido as fraudes, mas não apresentou provas ou justificativas que sustentassem sua versão.
Responde a outros processos
O Ministério Público decidiu não oferecer acordo de não persecução penal devido à gravidade dos crimes e ao fato de Mikaely já responder a outros dois processos por estelionato.
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