O músico Reginaldo de Freitas Martins, que havia sido preso nessa quarta-feira (2), em Teresina, por suspeita de envolvimento no sequestro e assassinato do adolescente Carlos Alexandre Pereira de Sousa, foi liberado após prestar esclarecimentos à polícia. O caso está sob investigação do Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP).
Reginaldo de Freitas é o proprietário do veículo modelo Nissan Frontier utilizado pelos criminosos que sequestraram e mataram o adolescente de 14 anos. Segundo o delegado Jorge Terceiro, que chefia as investigações, o músico negou qualquer envolvimento no crime e disse que seu carro, na verdade, foi tomado de assalto, e não cedido por ele aos bandidos, membros da facção Bonde dos 40.

“Verificamos depois que não havia necessidade de manter a pessoa detida, porque era um idoso e ele esclareceu toda a situação. Ele é o proprietário do veículo utilizado no sequestro do adolescente, teve o veículo tomado por criminosos na região do bairro Três Andares, estava sob efeito de bebida alcoólica, inclusive ouvimos outras pessoas também que confirmaram a versão desse idoso. Ele foi liberado ontem por nossas equipes, mas outros três autores, esses sim vinculados a uma facção criminosa, foi dado cumprimento aos mandados de prisão”, explicou o delegado em entrevista nesta quinta (3).
Inconsistências
Embora Reginaldo tenha apresentado essa versão em sede de interrogatório, o GP1 obteve acesso ao relatório de missão policial onde consta que o músico deixou o veículo deliberadamente na boca de fumo de Francisco das Chagas Sousa, o “Rato”, uma das lideranças do Bonde dos 40 na região do bairro Três Andares.
No relatório, expedido após um minucioso levantamento da equipe de investigação, foi inserido o depoimento de um adolescente integrante da facção, que confirmou a identidade dos envolvidos no sequestro e assassinato de Carlos Alexandre: de Francisco das Chagas, Michael Rodrigues de Freitas e Mateus Vinícius Ribeiro dos Santos, vulgo “Pé de Porco”.
Esse adolescente também confirmou que Reginaldo de Freitas é usuário de drogas e tinha o costume de deixar o próprio carro penhorado na boca de fumo, para pagar débitos e comprar mais entorpecentes.

No depoimento prestado ao delegado Jorge Terceiro, embora não tenha admitido ter entregado o automóvel, Reginaldo disse que estava sob efeito de álcool e outras substâncias quando, supostamente, teve o carro levado. Assim, fica confirmado que ele fazia uso de entorpecentes.
“Ele falou que o veículo foi tomado dele e que estava sob efeito de álcool e algumas substâncias. Ele disse que levaram esse veículo, e que chegou a fazer diligências na região à procura desse veículo. Familiares dele e outras pessoas se deslocaram a região da Vila Jerusalém e lá, depois de inúmeras diligências, conseguiram localizar o veículo, e após intercederem os criminosos decidiram entregar as chaves, e assim recuperaram o carro”, disse o delegado Jorge Terceiro.
Não registrou Boletim de Ocorrência
Ainda conforme o delegado, Reginaldo relatou que não registrou Boletim de Ocorrência por ter conseguido recuperar a caminhonete logo no dia seguinte. “Ele disse que não chegou a registrar porque na manhã seguinte a família já conseguiu recuperar, e ele não chegou a procurar uma delegacia. Mas esse fato também vai ser levado em consideração no relatório final do nosso procedimento. O procedimento ainda está tramitando, o indiciamento é só no relatório final, caso continue essa mesma situação, de elementos de informação levantados, fatalmente ele pode não ser indiciado, ele pode ser considerado como vítima no caso também”, concluiu.
Morte de Carlos Alexandre

Carlos Alexandre Pereira de Sousa desapareceu no dia 26 de maio na Vila da Guia, zona sudeste de Teresina. Testemunhas relataram que ele foi abordado em via pública por criminosos que se aproximaram em uma caminhonete, que desceram armados e o colocaram dentro do carro, saindo em destino ignorado.
O corpo do adolescente foi encontrado no dia 4 de junho, em avançado estado de decomposição, no povoado Torrões, zona sul da capital. Ele foi morto com um disparo de arma de fogo na região da cabeça.
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