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Antigo prédio do Instituto de Criminalística está abandonado e sendo usado por dependentes de drogas

Além de muitos dejetos e restos de latas onde foram consumidos crack, documentos e fotos de perícia também estão jogados no local, que não está fechado e serve de moradia para usuá

O prédio onde funcionou por mais de 20 anos o Instituto de Criminalística do Piauí está completamente abandonado. A propriedade, que pertence à Secretaria de Segurança Pública, não está lacrado e serve atualmente como ponto de encontro para usuários de crack. Além disso, inúmeras fotos de perícia, principalmente de pessoas mortas, e documentos diversos, estão espalhados pelo interior do imóvel.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Antigo Instituto de Criminalística(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Antigo Instituto de Criminalística

Os Agentes de Polícia Civil Classe Especial, Cristiano Ribeiro, Constantino Júnior, Wagner Nunes Leite e Hermenegildo Ribeiro, denunciaram o abandono e a depredação do patrimônio público. Eles fazem parte do Sindicato dos Policiais Civis do Estado do Piauí – Sinpolpi – e consideraram absurdas as condições do local.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Constantino Júnior e Cristiano Ribeiro mostram a situação do prédio(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Constantino Júnior e Cristiano Ribeiro mostram a situação do prédio

Prédio abandonado é patrimônio do estado

O diretor jurídico do Sinpolpi, Constantino Júnior, defende a utilização do prédio. “Enquanto a Secretaria de Segurança Pública vem pagando aluguéis pra o funcionamento de diversos de seus departamentos, aquele prédio, de propriedade daquela Secretaria, de propriedade do estado, está abandonado e sendo usado como ponto de encontro de usuários de drogas”, denunciou o policial civil. “Queremos que haja a utilização do patrimônio público. No local, após reformado, poderia funcionar a corregedoria ou a delegacia da mulher centro, a delegada Vilma já está caminhando para a casa dos 70 anos e todos os dias precisa subir as escadas para o andar onde funciona hoje a delegacia”, disse Constantino.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Muita sujeira no local(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Muita sujeira no local

O agente da polícia civil defendeu também que haja por parte dos políticos piauienses empenho para evitar a depredação do patrimônio público. “Os deputados poderiam destinar emendas para uma reforma dessas, para uma ampliação, enfim, aquele prédio é construído não é com tijolo furado não, é com tijolo maciço, é uma estrutura forte, mas nada resiste a abandono”, enfatizou. “Poderia até ser usado no combate às drogas, que o governo ocupe, coloque algo de combate ao crack, que coloque aquela comissão de combate às drogas funcionando lá, o que não pode é um prédio público abandonado e sendo local de uso de drogas”, destacou Constantino.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Fezes estão por toda parte(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Fezes estão por toda parte

“Com o dinheiro de um ano de aluguel de um desses prédios alugados dava pra fazer a reforma do prédio”, comentou Constantino.

Secretário de Segurança já havia sido informado

O presidente do Sinpolpi, Cristiano Ribeiro, informou que o Sindicato já enviou comunicado oficial à Secretaria de Segurança Pública por diversas vezes. “Já mandamos documentos dizendo, mandando sugestões de como poderia utilizar o prédio, já fizemos esse comunicado formal ao secretário avisando da situação em que se encontra o local”. Sobre o pequeno tamanho o prédio, Cristiano disse que é possível encontrar uma utilização para o imóvel. “O que vai funcionar ali depende da estrutura, mas do jeito que está não presta mesmo não”, enfatizou.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Latinhas com os restos de crack que foram consumidos(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Latinhas com os restos de crack que foram consumidos

“É um local estratégico, privilegiado, bem na esquina no centro da cidade, não pode jamais estar sendo utilizado praquele fim. Recebemos várias denúncias de moradores das imediações que temem pela segurança, pois quando os dependentes usam as drogas, ficam exaltados, querem um brigar com o outro, vão pras ruas, a maior confusão, tá causando incômodo e medo”, destacou Cristiano Ribeiro. “O prédio fica por trás da Avenida Frei Serafim, ali por trás do Metropolitan Hotel, um local privilegiado, é um descaso muito grande do poder público abandonar um prédio daqueles”, completou.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Fotos de perícia jogadas e misturadas a latinhas de crack e lixo(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Fotos de perícia jogadas e misturadas a latinhas de crack e lixo

Cristiano lembrou que não há policial suficiente para ficar vigiando um prédio sem utilização. “A gente até entende que não esteja sendo vigiado, mas o que não pode é ficar abandonado, não pode é estimular o crime dando na mão um local daqueles”, disse. “Sugiro encontrar um rumo praquele local, colocar em leilão e usar o recurso arrecadado pra melhorias em delegacias e outras benfeitorias. O poder público é que tem responsabilidade por aquele prédio”, destacou com veemência.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Muitas fotos de perícias e documentos que pertenciam ao instituto de criminalística(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Muitas fotos de perícias e documentos que pertenciam ao instituto de criminalística

Local abriga usuários de drogas

“É um grande paradoxo um prédio público da Secretaria de Segurança ser utilizado para usar drogas, existe muita coisa que pode ser feita, aquilo ali é ouro, um espaço daquele da até pra construir outro prédio ou ampliar, enfim, é lamentável o estado em que se encontra e a forma como vem sendo utilizado”, finalizou Cristiano Ribeiro.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Integrantes do Sinpolpi mostram estado de abandono do local(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Integrantes do Sinpolpi mostram estado de abandono do local

Imagem: Foto: Bárbara Rodrigues/GP1Robert Rios(Imagem:Foto: Bárbara Rodrigues/GP1)Robert Rios

Secretário Robert Rios

O Secretário de Segurança Pública do Piauí, Robert Rios, falou ao Portal GP1 sobre a situação do prédio. “Eu já havia enviado um engenheiro pra analisar a situação do prédio e ele disse que o custo da reforma é caro”, informou o secretário. “Aquele prédio foi comprado há uns 20 anos atrás pelo então secretário Juarez Tapety, no governo do Hugo Napoleão, aquilo era uma casa, não tinha estrutura e mesmo assim foi utilizado durante 20 anos”, explicou Robert Rios.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Rede, garrafas e latas(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Rede, garrafas e latas

Sobre uma possível utilização do prédio para abrigar setores da Secretaria de Segurança Pública que funcionam em prédios alugados, Robert foi enfático: “Aquele local não cabe um órgão público, onde tem que ter atendimento ao público, tem que ter espaço. A corregedoria da polícia, por exemplo, não cabe ali não”, enfatizou o secretário de segurança do Piauí. “Ali é complicado pra estacionar, é pequeno, os prédios da secretaria precisam visar o atendimento, ali hoje pra abrigar uma repartição pública é inviável”, destacou.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Fotos e documentos que pertenciam ao instituto de Criminalística(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Fotos e documentos que pertenciam ao instituto de Criminalística

Imagem: Mírian Gomes/GP1Foto de perícia. Note a luva que comprova que é um períto que segura o corpo para a foto(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Foto de perícia. Note a luva que comprova que é um períto que segura o corpo para a foto

“Os nossos aluguéis são muito baixos, pra você ter ideia tem delegacia alugada por R$ 100, por R$ 150 reais. E o da corregedoria é alugado desde 2004, e somente por R$ 2.600,00 por mês”, revelou. “Além daquele prédio, os das delegacias das minorias e o que funciona a Secretaria de Segurança Pública também são alugados”, complementou Robert Rios.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Prédio onde funcionam delegacias especiais também é alugado(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Prédio onde funcionam delegacias especiais também é alugado
Imagem: Mírian Gomes/GP1No local funcionam quatro delegacias(Imagem:Mírian Gomes/GP1)No local funcionam quatro delegacias

“Estamos também aliviando esses aluguéis, nós já tiramos três aluguéis e vamos reformar aquele prédio de onde vai sair o IML, que é um prédio nosso muito bom”, informou Robert.
O Secretário informou ainda que o prédio não é tombado. “E mais, o nosso problema é falta de pessoal, de efetivo policial, não dá pra tirar das ruas uns três ou quatro policiais pra ficar vigiando um lugar que nem está sendo usado”, defendeu.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Prédio da corregedoria é alugado(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Prédio da corregedoria é alugado

Imagem: Mírian Gomes/GP1No local muitas fezes...(Imagem:Mírian Gomes/GP1)No local muitas fezes...

Imagem: Mírian Gomes/GP1...até em cima de documentos.(Imagem:Mírian Gomes/GP1)...até em cima de documentos.

Ao ser indagado sobre as fotos e matérias de perícia jogados no local, Robert disse: “Já devia ter sido incinerado, não sei por que o pessoal não incinerou ainda. E muitas dessas fotos é da própria imprensa que mandava pra lá”, justificou Robert Rios.

Sobre o fato de o local estar aberto e ser utilizado por usuários de drogas, o secretário disse: “O pessoal da polícia militar faz rondas pelo local e não tem visto isso não”. Ao ser indagado sobre a questão de o prédio público estar sendo invadido por usuários de drogas, Robert Rios disparou: “Entrar não pode mesmo não, você mesmo entrou sem autorização, se você que sabe que não pode entrar entrou, imagina um morador de rua, aí é que entra mesmo. Mesmo que esteja aberto, não pode entrar”, justificou.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Calça manchada de sangue(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Calça manchada de sangue

“Não vale mais nada aquele prédio”

Robert enfatizou que o crack é um mal social, “é uma epidemia gravíssima”. Nossa reportagem perguntou ao secretário mais uma vez que providências tomaria em relação ao prédio que, mesmo não sendo utilizado por nenhum órgão público, continua sendo um patrimônio do estado, continua sob a tutela da Secretaria de Segurança Pública e está sendo usado como local de uso de drogas, no que ele respondeu: “Vou mandar alguém ir lá olhar, vou colocar um tapume pra ninguém entrar, não posso é tirar quatro homens da rua pra ficar num prédio que não está sendo usado, não vale mais nada aquele prédio”, finalizou o Secretário de Segurança do Piauí Robert Rios.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Foto de perícia(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Foto de perícia

Imagem: Bárbara Rodrigues/GP1Marllos Sampaio(Imagem:Bárbara Rodrigues/GP1)Marllos Sampaio

Deputado federal Marllos Sampaio diz que recursos estão disponíveis

O deputado federal Marllos Sampaio disse que a criminalística do Piauí é uma das piores do Brasil, mas não pelos profissionais e sim pela estrutura, a qual obriga muitos trabalhos serem feitos em outros locais.

“Quando eu era delegado havia problemas por falta de estrutura, o trabalho era feito de uma forma acanhada, até porque são poucos profissionais. Mas já foi encaminhado R$ 1,5 milhão para a estrutura da Polícia Civil. Agora mesmo também encaminhei R$ 500 mil para viaturas, como houve o pedido na Delegacia do Idoso", explicou Marllos.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Fotos ficaram jogadas no local(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Fotos ficaram jogadas no local

O deputado garantiu ainda que os recursos estão disponíveis, basta a Secretaria de Segurança Pública enviar um projeto. “No final do ano serão disponibilizados mais recursos ainda. Tenho os recursos e o secretário de Segurança sabe da existência desses recursos. Estamos aqui para isso, é só apresentar o projeto no meu gabinete. Não é caso de política, mas polícia, então a comunidade vem em primeiro lugar", finalizou Marllos.

Imagem: Mírian Gomes/GP1Documento(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Documento

Imagem: Mírian Gomes/GP1Foto de perícia(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Foto de perícia

Imagem: Mírian Gomes/GP1Muitas latas onde os usuários consomem as drogas(Imagem:Mírian Gomes/GP1)Muitas latas onde os usuários consomem as drogas no interior do prédio

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